Sunshine - Missão Solar
Título Original: "Sunshine" (2007) Realização: Danny Boyle Argumento: Alex Garland Actores: Rose Byrne - Cassie Cliff Curtis - Searle Chris Evans - Mace Troy Garity - Harvey |
Colaborando novamente com o argumentista/romancista Alex Garland e com o actor Cillian Murphy, Danny Boyle volta à carga depois de Trainspotting e 28 Dias Depois. E, como já seria de esperar, desta vez o género em foco é diferente: uma aventura sci-fi com contornos de ficção científica e thriller psicológico, à mistura com uns pozinhos de série B.
Num universo futuro, o Sol está moribundo e a humanidade ameaçada. Resta para os salvar uma única missão espacial composta por oito cientistas/astronautas, cujo objectivo é lançar rumo à estrela maior uma espécie de bomba injectora de luz - que vai, por assim dizer, reanimá-la e trazer de novo a esperança.
A Icarus II (assim se chama a nave) representa uma missão quase suicida, até porque a anterior tentativa havia falhado e os tripulantes da Icarus I estavam há muito dados como mortos – assim como toda a fé na salvação dos humanos. E esse é um dos factores contra os quais esta tripulação terá de lutar – a juntar ao abismo psicológico, ao risco de loucura, ao tempo e…à surpresa constante.
Sunshine consegue empreender caminhos por diferentes géneros, mesmo pertencendo à partida ao domínio da ficção científica. Talvez só o facto de ser Danny Boyle a realizar prometesse a expectativa de algo diferente, e efectivamente assim o é: o filme consegue fascinar-nos, tirar-nos a respiração, deixar-nos na expectativa e assustar-nos (o tema não é assim tão irreal), apresentando seguramente influências de 2001 - Odisseia no Espaço, de Kubrick (a câmara lenta constante, o ritmo vagaroso e estridente do respirar, as sonoridades estranhas produzidas por um Universo isolado, o domínio das máquinas que controlam toda a missão) e de Alien (a atmosfera claustrofóbica, muitas vezes aterradora, e a existência da própria criatura estranha e ameaçadora nesta história, personificada no enlouquecido capitão Pinbacker – Mark Strong).
O maior trunfo do filme é, sem dúvida, a coerência extraordinária e o delírio visual e narrativo com conta, peso e medida: tocam-nos a sensibilidade e o fascínio dos tripulantes (a cena final com Cillian Murphy, Capa, ou algumas cenas com Cliff Curtis - Searle, são disso ilustrativas, bem como muitas outras situações de limite com que os personagens são confrontados), mas sentimos que Boyle não caiu na fronteira do exagero, do fácil e do inverosímil. De facto, o que há a destacar é que se fica com a sensação de que aquilo poderia mesmo acontecer-nos a nós, humanos: é claro que a personagem de Pinbacker, o louco-todo-poderoso-evangelizado-ao-extremo deixa um ou outro ponto de interrogação, mas essa fica como única marca delirante (ou nem tanto) e acaba por constituir, acima de tudo, um dos principais focos de emoção do filme e o twist mais surpreendente.
De resto, nota-se uma construção de personagens atenta, em que cada um está bem demarcado do outro e apenas com um ligeiro deslize aqui ou ali: Mace (Chris Evans), por exemplo, passa de maluquinho cabeludo a pragmático absoluto a um ritmo acelerado. Já Cillian Murphy (o físico Capa) assume discretamente a carga de herói, na prestação convincente a que já nos habituou noutros filmes (estará ele a tornar-se o actor-fétiche de Boyle?).
Um cenário virtualmente realista de terror psicológico, de relações em declínio pela ameaça da morte, de choque mental, longe do habitual síndroma de espectáculo e da projecção do herói americano e da típica história de amor para embalar (Armageddon lembra-nos alguma coisa?), é, em suma, aquilo com que podemos contar. A ver, e reter.
® Andreia Monteiro
4 Comments:
achas realmente que as unicas influencias são o 2001 e o Alien? eu cá encontrei magotes de referências, tantas que me parece que não há uma ideia ou um frame original.
alex garland é sinónimo de plágio...
o danny boyle lá se esforça, é verdade, e há suspense, mas nunca há novidade. então quando aparece o freddy krugger... plz, não havia mais nada de que pudessem lembrar-se do q de um fanático religioso que sobreviveu 7 anos sozinho numa nave sem controlos ou temperatura ambiente, com o corpo coberto de queimaduras?
http://axasteoque.blogspot.com/2007/04/sunshine-de-danny-boyle.html
Gostei assim assim. O conceito (salvar o sol) é magnífico, mas o realizador não espremeu o sumo tudo.
Flávio
www.a-bomba.blogspot.com
Não gostei assim tanto mas também não saí desiludido. Boyle já fez bem melhor (e um pouco pior), por enquanto serve para ter confiança que um dia ainda volte a fazer um grande filme.
Achei interessante até o momento em que tentam pular no espaço sem trajes espaciais, cobrindo-se contra o frio com trapos. E a ausência de pressão atmosférica fora da nave? E o frio de -273 C? Só faltou trancar a respiração como Cristopher Lambert em A Fortaleza 2. Onde estão os consultores científicos? Será que ninguém no estúdio fez o segundo grau pelo menos?
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