domingo, outubro 15, 2006

Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos

Título Original:
"Little Miss Sunshine" (2006)

Realização:
Jonathan Dayton & Valerie Faris

Argumento:
Michael Ardnt

Actores:
Greg Kinnear – Richard Hoover
Toni Collette – Sheryl Hoover
Steve Carell – Frank
Abigail Breslin – Olive Hoover


Os Hoover são o exemplo de uma família disfuncional, na qual as relações entre os membros tendem a desgastar-se com a passagem do tempo e os momentos importantes da vida de cada um não são valorizados como deviam ser. Richard é o pai viciado no trabalho e que quer a todo o custo que alguém se interesse pela sua fracassada teoria dos “nove passos para atingir a felicidade” (o que não deixa de ser irónico) ou o sucesso profissional e pessoal. Sheryl é a mãe dedicada ao lar, demasiado optimista, pois julga conhecer bem a sua família e acha-se incumbida da missão de manter a união familiar. Frank é o irmão de Sheryl, admirador de Proust, um professor frustrado pelo facto do namorado o ter deixado por outro (ainda por cima seu rival), é acolhido pela irmã após uma falhada tentativa de suicídio. Edwin Hoover é o avô com mais de 70 anos que é louco por pornografia e viciado em cocaína, mantém uma relação distante com o filho Greg e inspira os netos. Dwayne é o filho adolescente, admirador de Nitzsche que resolveu fazer um voto eterno de silêncio até a mãe o deixar inscrever-se na Força Aérea para ser piloto. A pequena Olive é a verdadeira protagonista deste filme e o seu sonho de vencer um concurso de beleza chamado Little Miss Sunshine é o “motor” da narrativa. É devido a esse sonho que todos resolvem empreender uma atribulada viagem de carro desde Albuquerque, onde residem, até à longínqua Califórnia. Será nessa viagem que a união familiar será posta à prova.

Os realizadores Jonathan Dayton e Valerie Faris são um respeitado casal que no seu currículo artístico têm a realização de videoclips de prestigiadas bandas musicais como Red Hot Chili Peppers e os Oasis, por exemplo. Little Miss Sunshine é a sua estreia na realização de uma longa-metragem de baixo orçamento, fruto do cinema independente americano e que tem sido uma surpresa nas bilheteiras americanas, contudo corre o sério risco de passar despercebida devido ao habitual “bombardeamento” das produções milionárias das grandes produtoras de filmes.

Comédia, Drama, Comédia Negra, Road Movie são ingredientes de um bom filme que de mau só tem mesmo o título atribuído em Português. O que tem Little Miss Sunshine a ver com o gigantesco Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos? É deprimente, senão vejamos outros exemplos: Clerks II de Kevin Smith é Nunca Tantos Fizeram Tão Pouco e o consagrado Citizen Kane de Orson Welles é O Mundo a Seus Pés, até os nossos amigos brasileiros (que têm a fama de assassinar títulos de filmes) traduziram melhor que nós: A Pequena Miss Sunshine.

O argumento do filme tem como que uma intenção moralizante: devemos aproveitar ao máximo o tempo em que estamos juntos com as pessoas que amamos; ter dinheiro, fama ou beleza não é sempre sinónimo de felicidade; ainda que não queiramos admitir que iremos falhar na realização dos nossos sonhos, o importante é pelo menos tentar; a contenção dos nossos verdadeiros sentimentos em relação a quem nos é próximo pode fazer com que, uma vez que percamos definitivamente essa pessoa, fiquemos com remorsos do que nunca lhe dissemos. Em suma, mais um filme que se ama ou se odeia.

® Isabel Fernandes

2 Comments:

At 11:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"Richard é o pai viciado no trabalho e admirador de Proust"

Admirador de Proust era o Frank, o tio :)

Little Miss Sunshine é um cafézinho quente numa noite fria de inverno. Adorei.

Cumprimentos.

 
At 10:17 da manhã, Blogger Isabel said...

tens razão. a correcção já está feita.
cumprimentos. Isabel

 

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