segunda-feira, setembro 19, 2005

Cinderella Man

Título Original:
"Cinderella Man" (2005)

Realização:
Ron Howard

Argumento:
Akiva Goldsman & Cliff Hollingsworth

Actores
Russell Crowe - Jim Braddock
Renée Zellweger - Mae Braddock
Paul Giamatti - Joe Gould


A grande crise financeira que abalou a América em 1929 é o pano de fundo neste filme, contada através da história de um homem que foi um herói do boxe.

Hollywood cinematográfica contou, desde sempre, com a temática do boxe como pretexto para lançar filmes: Rocky (1976) foi o começo, O Touro Enraivecido (1980) a marca profunda, Miliion Dollar Baby - Sonhos Vencidos o último Óscar.
Cinderella Man, de Ron Howard, é mais uma película rodada em torno dos ringues de boxe, e mais um biopic protagonizado por Russell Crowe sob a direcção de Howard - recorde-se que os dois já tinham colaborado em Uma Mente Brilhante (2001).

Por coincidência ou género howardiano, Cinderella Man segue o mesmo padrão emocional do filme acima referido: o grande homem, com as suas limitações, que tem por detrás a grande mulher (antes foi Jennifer Connelly, agora é Renée Zellweger) a apoiá-lo, e a lutar com ele contra obstáculos e inimigos.

James Braddock é o boxeur de reputação e vida arruinadas pela Grande Depressão, que nos anos 30 provocou o caos na economia americana, deixando quase todos na miséria. Braddock, na altura um pugilista de renome, conhecido como o "bulldog de Chicago", foi arrastado nessa corrente e algumas derrotas ditaram também o aparente fim da sua carreira no boxe. Mas eis que, subitamente, o lutador - aqui representado como um personagem tipicamente forjado no self made man americano, que vence às suas próprias custas - tem a oportunidade de voltar a combater, o que acaba por ser a sua salvação monetária e a sua redenção como herói americano, que volta ao pódium renascido das cinzas.

Russell Crowe, no papel principal mais uma vez (mas este homem alguma vez será secundário?!), encarna Braddock com uma imediatamente evidente semelhança física, construída graças a uma excelente caracterização. Vemos aqui um Crowe pálido, olheirento e magro, que por momentos nos faz esquecer o pujante Maximus de Gladiator e nos revela um homem abatido pelas contradições exteriores - a propósito, a cena em que o seu personagem pede esmola é simplesmente demolidora.
Renée Zellweger, a esposa e mãe-coragem Mae, não vai muito além do que lhe é exigido, mas consegue preencher os requisitos necessários ao papel de mulher do herói (sempre composta, mesmo na penúria), acabando a inesperada parceria entre ela e o actor principal por se revelar bem conseguida: talvez porque, aqui, vemos um Crowe irreconhecível, bem mais sereno, até mesmo quando está a combater - o que evidencia, novamente, uma boa composição de personagem pelo actor.

Ron Howard quis adoptar, neste filme, uma técnica que permitisse ao espectador sentir o impacto visual dos socos, através de uma espécie de película plástica ultra resistente a colocar nas câmaras. O objectivo foi bem sucedido, já que as imagens nebulosas nos combates, bem como as passagens entre eles, estão colocadas de modo a não cansar o espectador com demasiadas cenas seguidas de luta. Apesar disso, nota-se uma realização pouco dinâmica e, tal como em Rocky e outros exemplares do género, os combates voltam a ocupar demasiado tempo e espaço na história. Parece que só mesmo Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos, de Clint Eastwood, conseguiu a proeza de fazer um filme verdadeiramente surpreendente dentro desta temática, mesmo não tendo a conjuntura histórica de fundo que este Cinderella Man tem.

Para finalizar, não é óbvio que esta obra cinematográfica esteja fadada para o Óscar, como tanto se fala, a não ser pelo facto de os biopics serem normalmente do agrado do público e da academia - ainda para mais quando se trata de um protagonista corajoso, humilde, coitadinho.
Ainda assim, Cinderella Man não mexe com as emoções do espectador tanto quanto seria esperado, mas apenas o sensibiliza, sobretudo com os desempenhos de Crowe e Paul Giamatti (no papel de manager de Braddock) - que, no entanto, não atingem o sue auge. O filme fica, por conseguinte, como uma experiência agradável mas morna, um Rocky de fato e gravata, onde é mais uma vez Crowe que se destaca num argumento nem sempre criativo, apoiado nas habituais picardias entre rivais do boxe e na queda e ascensão do herói.

® Andreia Monteiro

2 Comments:

At 8:06 da manhã, Blogger Francisco Mendes said...

O filme triunfa no retrato da época de declínio e principalmente na notável representação do colossal Russell Crowe (bem secundado pelo brilhante Giamatti), mas fica longe de carimbar uma marca indelével, atingindo todos os clichés do género.

 
At 1:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Discordo em algumas coisas. A intensidade das cenas de luta e as interpretações (principalmente de Russel Crowe) são precisamente o melhor do filme.

Cumps. cinéfilos

 

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