domingo, novembro 05, 2006

Os Filhos do Homem

Título Original:
"The Children of Men" (2006)

Realização:
Alfonso Cuarón

Argumento:
Alfonso Cuarón, adaptado da obra homónima de P.D. James

Actores:
Clive Owen – Theodore Faron
Julianne Moore – Julian Taylor
Claire-Hope Ashitey - Kee
Michael Caine – Jasper Palmer


Em 2027 Londres é o palco de um mundo caótico onde a infertilidade (uma taxa de 90%) põe seriamente em risco a continuidade da espécie humana. Chora-se a morte de Diego Ricardo que aos 18 anos era a pessoa mais jovem do mundo. Theo é um ex-activista que aceita, ainda relutante, colaborar com uma organização clandestina e proteger a miraculosamente grávida Kee, cujo filho representa a última esperança da sobrevivência da raça humana.

É com Os Filhos do Homem que o mexicano Alfonso Cuarón (E a Tua Mãe Também, 2001 e Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, 2004) chega até nós com um filme diferente dos que constam da sua respeitável filmografia. O filme tem recebido bastantes críticas negativas não só de críticos portugueses como de estrangeiros, o que na minha opinião é injusto. Sem extraterrestres bons ou maus, sem Robôs destrutivos ou amigáveis, sem clones, num futuro não muito distante, o filme pega em problemas actuais que estão constantemente em debate por todo o mundo: o aumento da taxa de infertilidade, que leva à diminuição da taxa de natalidade, que por sua vez leva ao envelhecimento da população – nomeadamente na velha Europa.

Londres é o palco do cenário apocalíptico – em certas partes um tanto exagerado, quiçá de propósito – que Cuarón imaginou. Cenário este que é bastante semelhante a acontecimentos históricos pelos quais a humanidade já passou: Londres é a única cidade que resta graças a um regime anárquico, imperialista e extremamente racista e xenófobo que o governo totalitário (que controla os meios de comunicação) e os milhares de “agentes de autoridade” impõem. Grupos terroristas de todos os credos, raças e nacionalidades tentam tomar o poder e expressam-se através de constantes explosões por toda a cidade. A somar a toda esta desgraça há a caça aos milhares imigrantes que tentam a todo o custo permanecer em Londres, dada a devastação total dos seus países de origem. Enjaulados e cruelmente mortos a tiro por tudo e por nada, é evidente a comparação ao que os soldados nazis faziam aos judeus nos monstruosos campos de concentração. Será este filme futurista?

No meio desta confusão temos Theo, mais anti-herói do que herói, que é raptado por uma organização clandestina da qual Julian (um dos pontos negativos é a sua curta participação), a sua ex-mulher, é a chefe. Constantemente em fuga, Theo luta com as suas próprias forças, sem poderes sobrenaturais ou armas. Forçado, ainda que venha a mudar de atitude, aceita levar a cabo a missão de proteger a todo custo Kee, cujo bebé não pode cair nas mãos erradas que poriam a sua vida em risco ou apoderar-se-iam dele para fins políticos e de tomada do poder.

Imaginem como o mundo seria sem o riso ou o choro de uma criança e pensem nas consequências que isso poderia trazer para a existência humana. Se com tudo isto não fui convincente o suficiente para mudar (nem que fosse só um bocadinho) alguma opinião negativa sobre Os Filhos do Homem, reconhecendo-lhe os pontos bons e maus, então não me importo de gostar de filmes que não prestam.

® Isabel Fernandes

1 Comments:

At 8:44 da tarde, Blogger C. said...

O pior é refazermo-nos das expectativas... deixar de sentir o travo de alguma desilusão.

 

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