Temporada de Patos
Título Original: "Temporada de Patos" (2004) Realização: Fernando Eimbcke Argumento: Fernando Eimbcke & Paula Markovitch Actores: Enrique Arreola - Ulises Diego Cataño - Moko Daniel Miranda - Flama Danny Perea - Rita |
Mais um nome a acrescentar a uma promissora nova geração de realizadores mexicanos - que inclui cineastas como Alfonso Cuarón (Grandes Esperanças, E a Tua Mãe Também), Alejandro González Iñarritu (Amor Cão, 21 Gramas) ou Guillermo Del Toro (Blade 2, Hellboy) - Fernando Eimbcke estreia-se nas longas-metragens com Temporada de Patos, um pequeno filme de baixo orçamento elogiado na sua terra-natal, no Festival de Cannes e na primeira edição do IndieLisboa.
Um olhar sobre a banalidade do quotidiano e os dramas da adolescência, a película centra-se em quatro jovens que passam um domingo juntos no apartamento de um deles. Dois rapazes de 14 anos preparam-se para mais uma tarde recheada de videojogos e comida rápida, mas uma falha na electricidade e a presença de dois "convidados" inesperados - a vizinha de 16 anos de um deles que precisa de utilizar o fogão e um entregador de pizzas a quem os dois adolescentes não querem pagar - faz com que o dia não seja, afinal, tão convencional.
Agridoce e minimalista, Temporada de Patos é uma discreta comédia lo-fi que assenta na solidão da adolescência e na quebra dos laços familiares para gerar um retrato de quatro personagens que, aos poucos, se vão apoiando mutuamente.
Recorrendo a uma estrutura episódica, com pequenas vinhetas num registo entre o caloroso e o levemente amargurado, Fernando Eimbcke oferece uma obra curiosa, mas desigual, pois o ritmo nem sempre envolve e o argumento é demasiado fragmentado.
A acção é dominada pela inércia, algo que é interessante nos momentos iniciais, na apresentação de cenários do dia-a-dia urbano, mas que se torna repetitivo e monótono, uma vez que a meio da sua duração o filme não sabe que rumo seguir.
Temporada de Patos vale essencialmente pelo refrescante quarteto de jovens actores, que irradia uma cativante espontaneidade, e pelo cuidadoso trabalho formal, desde a apelativa fotografia a preto-e-branco até uma dedicada atenção ao pormenor. Contida e pouco ambiciosa, é uma aceitável primeira obra, intrigante a espaços mas que como um todo permanece quase sempre numa mediania apenas promissora. Uma proposta eficaz mas longe de surpreendente.
® Gonçalo Sá
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