terça-feira, maio 09, 2006

Uma História de Violência

Título Original:
“History of Violence” (2005)

Realização:
David Cronenberg

Argumento:
John Wagner, Vince Locke & Josh Olson

Actores:
Viggo Mortensen - Tom Stall
Maria Bello - Edie Stall
Ed Harris - Carl Fogarty
William Hurt - Richie Cusack


Uma História de Violência, de David Cronenberg, é mais acessível que Spider mas traz também uma intensidade emocional e física brutal. Este é um retrato poderoso e bem conseguido sobre uma família e o que desencadeia a violência em torno dela, com Viggo Mortensen no centro.

A violência. A redenção. A mudança de vida. O amor, dos e pelos filhos, e, de e pela mulher. A localidade pacata unida e pacífica. O regresso do passado e da violência. Assim se poderia resumir o percurso do maduro Tom Stall (Viggo Mortensen) que acompanhamos aqui. Após o enigmático Spider (2002), David Cronenberg consegue novamente uma realização inteligente, atenta e mais acessível, com uma história pertinente e interpretações emocionantes. Uma História de Violência recolheu duas nomeações para os Óscares, uma de melhor actor secundário, para o veterano William Hurt, outra para melhor argumento adaptado, para Josh Olson. Mas a intensidade do filme de Cronenberg faz acreditar que merecia mais.

Sob o lema de que todos temos algo a esconder esta é uma história, primeiro, agradável e, depois, brutalmente violenta. Aliás, no início, custa a crer a aventura violenta que a família Stahl irá viver. Apesar de se passar numa localidade pacata e simpática dos Estados Unidos a história, baseada no romance homónimo de John Wagner, procura mostrar que as raízes humanas também têm violência. «Conceber esta ideia [de que a violência faz parte da estrutura social] provoca controvérsia, porque a sociedade é demasiado cobarde para aprender a viver com ela», afirmou recentemente Cronenberg que acredita que apesar do homem pensar num mundo sem violência, é incapaz de o alcançar.

Tom (Mortensen) e Edie (Maria Bello) são um casal apaixonado com dois filhos que gere um restaurante. O filme começa por explorar as razões pela forma impiedosa e brutalmente eficaz com que Stahl se tornou herói local ao evitar que dois rufias matassem os clientes do seu café. Tudo muda quando gangsters de San Francisco, liderados por Carl Fogarty (Ed Harris), o descobrem pelas notícias e afirmam que ele é Joey, um ex-assassino desaparecido. Até ali, ele era Tom Stahl, tinha a vida perfeita, mas o passado encontrou-o e não o quis libertar facilmente.

Com Tom a ser perseguido pelo gangster Fogarty, assistimos aos dilemas de uma família, até ali, normal – um dos trunfos do filme. Tom e Edie tinham uma relação de grande confiança e paixão, amorosa e sexual, mas os novos acontecimentos vão criar dúvidas e abalar a família, tal como acontece em relação ao filho mais velho, Jack (Ashton Holmes). Passou de um miúdo contente em casa e agredido na escola para, agressivo com os colegas e desconfiado do pai. As relações familiares sofrem as alterações, fragilidades e resistências imanentes aos momentos complicados. O mesmo se sucede com a personagem de Viggo Mortensen, o papel mais complexo que alguma vez fez o Aragorn de Senhor dos Anéis. De destacar ainda a personagem de Ed Harris, Flagerty, e de William Hurt, que aparece na parte final do filme como um mafioso resignado com a sua condição.

As personagens do filme de Cronenberg parecem estar em mutação, mas se calhar não mudaram, apenas revelaram uma parte de si menos visível. Um filme intenso e curioso que deixa várias questões morais sobre a violência e a redenção, assim como sentimentos invulgares e ambíguos.

® João Tomé

4 Comments:

At 5:15 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pessoalmente o filme não me agradou assim tanto... esperava mto mais... mas se quiseres ver a minha opinião clica aqui:
http://viciadocinematv.blogs.sapo.pt/1187.html

 
At 2:15 da tarde, Blogger gonn1000 said...

Também eu esperava mais. É bom, mas não é por filmes como este que vou recordar o cinema de 2006.

 
At 2:59 da tarde, Blogger Sérgio Lopes said...

Vê-se bem mas tem falhas inadmissiveis para um veterano como Cronemberg. A cenas de luta (poucas) estão muito mal filmadas e não é nada realista aquele final em casa do irmão... Salva-se a cena final do regresso de Viggo Mortensen a casa. E pouco mais...

 
At 12:37 da manhã, Anonymous Anónimo said...

podia estar um pouco melhor explorado, mas vê-se bastante bem...

 

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