Ela Odeia-me

Título Original: "She Hate Me" (2004) Realização: Spike Lee Argumento: Spike Lee & Michael Genet Actores: Anthony Mackie - John Henry 'Jack' Armstrong Kerry Washington - Fatima Goodrich Ellen Barkin - Margo Chadwick Monica Bellucci - Simona Bonasera

John Henry "Jack" Armstrong, um executivo de biotécnica com mestrado em Harvard, é despedido quando denuncia às autoridades os duvidosos negócios da sua empresa. Marcado como “bufo” e desempregado, não consegue arranjar outro emprego.
Quando a sua ex-namorada Fatima, uma executiva poderosa que é agora lésbica, lhe oferece dinheiro para que ele a engravide e à sua namorada Alex, Jack fica tentado com a oportunidade de dinheiro fácil. A palavra espalha-se e, em breve, Jack mergulha no negócio de "fazer bebés" a 10.000 dólares por encontro...

Mais um filme do polémico Spike Lee, sempre direccionando as películas para o sentido crítico, principalmente à injustiça racial e à política corporativa. Neste filme, o cineasta vai mais longe retratando a América e criticando-a sob o ponto de vista sexual, racial, político e empresarial. Mas é nesta amálgama de temas diversos que o filme se perde um pouco.

Jack é despedido e impedido de trabalhar noutro local (crítica racial e política / empresarial); as mulheres não conseguem adoptar filhos e recorrem a Jack para as engravidar (critica à discriminação homossexual e às dificuldades de adopção dos casais não heterossexuais); Pelo meio há uma série de críticas directas a George Bush (aliás o genérico inicial é totalmente aplicado nesse efeito) e até se relembram alguns casos de corrupção como o tão famoso Watergate.

O filme peca, portanto, por falar em demasiados assuntos ao mesmo tempo sem se debruçar num deles em concreto. Os diálogos também não são propriamente brilhantes e a dúvida do personagem principal em saber se está a fazer a coisa certa ou não ao lucrar balúrdios engravidando as mulheres, também não é muito convincente.

Não é um mau filme mas deixa um pouco a desejar. Vem conotado como comédia e pouco nos faz rir. Como filme de intervenção e crítica, nunca consegue ter o tom provocatório desejado.

® Sérgio Lopes