quarta-feira, março 14, 2007

Eu e Tu e Todos os Que Conhecemos

Título Original:
"Me and You and Everyone We Know" (2005)

Realização:
Miranda July

Argumento:
Miranda July

Actores:
John Hawkes - Richard Swersey
Miranda July - Christine Jesperson
Miles Thompson - Peter Swersey
Brandon Ratcliff - Robby Swersey


Outrora percursor de novas linguagens, formatos e experiências, o cinema independente norte-americano tem vindo, nos últimos anos, a cristalizar códigos que, apesar de muito próprios, já não possuem a capacidade de surpreender que distinguiu alguns dos exemplos desses domínios marginais.

Continuam a haver excepções, é certo, mas Eu e Tu e Todos os Que Conhecemos, primeira longa-metragem de Miranda July, não é uma delas.
Enésimo exemplo de um olhar agridoce sobre o quotidiano dos subúrbios, dominado por personagens à deriva que se entrecruzam acidentalmente, o filme é uma obra curiosa, a espaços inspirada, contudo demasiado irregular, gerando simpatia mas ficando aquém do burburinho internacional que tem suscitado (Grande Prémio da Semana da Crítica, Câmara de Ouro, no Festival de Cannes, e Prémio Especial do Júri em Sundance, em 2005).

Se por um lado tem boas ideias, sobretudo na exploração das personagens mais jovens (o mais novo dos dois irmãos é um achado) e em algumas doses de equilibrada ousadia, Eu e Tu e Todos os Que Conhecemos falha quando tenta injectar doses de poesia urbana de cinco em cinco minutos, onde a boa vontade do espectador vai ficando saturada perante certas sequências forçadas ou mesmo constrangedoras (casos da cena "queridinha" do peixinho dourado, da dos sapatos com legendas ou da do beijo no jardim).

O par amoroso que interliga as restantes personagens, e a quem July dedica boa parte do tempo de antena, também não ajuda, já que nem a artista restraída estereotipada (interpretada pela realizadora) nem o vendedor de sapatos em crise existencial são especialmente intrigantes, e muitos dos seus diálogos convidam ao bocejo.

Um mau filme? Não, apenas desequilibrado por tentar parecer ser mais do que aquilo que é, mas que ainda assim vai seduzindo pelo elenco consistente e por algumas cenas menos arty e óbvias, confirmando que July é uma realizadora com potencial.
No entanto, dentro da mesma linhagem indie, os também recentes Finais Felizes ou Os Amigos de Dean salientam-se como propostas mais prioritárias e conseguidas, assim como mais recomendáveis tanto a idealistas como a cépticos.

® Gonçalo Sá

2 Comments:

At 9:30 da tarde, Blogger Loot said...

Eu gostei bastante do filme, particularmente do elenco mais jovem.
Nunca vi "Finais Felizes" ou "Os Amigos de Dean".

 
At 9:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Do elenco jovem também gostei, e acho que o filme seria bem melhor se seguisse mais essas personagens. Infelizmente, tem por lá um par romântico que nunca ganha grande interesse.

 

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