quinta-feira, dezembro 28, 2006

Braindead

Título Original:
"Braindead" (1992)

Realização:
Peter Jackson

Argumento:
Stephen Sinclair

Actores:
Timothy Balme - Lionel Cosgrove
Diana Peñalver - Paquita Maria Sanchez
Elizabeth Moody - Mum
Ian Watkin - Uncle Les


Há exactamente duas décadas Peter Jackson era um anónimo trabalhador neo-zelandês cujo vício (e simultaneamente o sonho) era o cinema; aos bochechos, ao longo de mais de 3 anos, durante os fins-de-semana rodou com os seus amigos e a preciosa ajuda de uma câmara em segunda mão uma pérola da ficção científica intitulada Bad Taste sobre a homérica luta de Derek (interpretado pelo próprio Peter Jackson) com uma cambada de ETs que querem abrir uma casa de hamburgers e precisam de matéria-prima. O sucesso deste fantástico Bad Taste e do inqualificável Meet the Feebles (que obrigou os marretas a longas horas de psicanálise) deu a Jackson alguma projecção e capacidade para negociar os meios necessários para poder rodar Braindead - o filme com mais sangue da história do cinema que o catapultou em definitivo para a ribalta mundial ao amealhar prémios em quase todos os festivais por onde passou, incluindo o nosso Fantasporto, edição de 1993 - eu estava lá! :)

O argumento deste filme é relativamente simples: Lionel (Timothy Balme) é um jovem adulto agrilhoado numa casa vitoriana pela ditadura duma mãe (com mais mau feitio que a ministra da educação) que não lhe permite qualquer tipo de liberdades, principalmente sentimentais. Porém, o coraçãozinho de Lionel pulula pela latina Paquita (Diana Peñalver), a atrevida menina da mercearia (cuja avozinha leu nas cartas que ele é o príncipe encantado que a vai levar num cavalo branco a caminho do por do sol… ou coisa parecida). Desafiando as ordens da mãe, o casal de pombinhos decide ir arrulhar para o Jardim Zoológico; esta, disposta a tudo para estragar a vida do rebento segue-os e é mordida por um diabólico macaco-rato (Simian Raticus) vindo da Sumatra (mais precisamente da mesma ilha onde vive King Kong) (que nos é apresentado na extraordinária sequência de abertura… Zengia!) cuja mordidela é pior que a do mosquito da malária e vai transformar a mãezinha do nosso herói num ser demoníaco e sedento de sangue e a vida deste num verdadeiro inferno (e o filme numa verdadeira delícia) à medida que tenta manter as aparências para salvar o bom nome da família mesmo que para isso seja necessário trancar na cave a mamã zombificada e as vítimas desta, infectadas e putrefactas, malcheirosas, rabugentas e cheias de fome…

Sinceramente custa-me encaixar este filme na categoria de terror (onde normalmente surge) – sim, há muito muito sangue (mesmo muito, na sequência final, a tal que eterniza o cortador de relva como a melhor arma para combater mortos-vivos, cada take de 3 minutos implicava 4 horas de limpeza!) há corpos mutilados, campas violadas, cães devorados, bebés maltratados e zombies esfomeados, mas há sobretudo uma doçura quase ingénua na caracterização dos dois protagonistas que tornam este Braindead não numa comédia gore como por vezes surge classificada (pese embora alguns hilariantes momentos slapstick) mas sim numa cândida história de amor proibido que vence todas as barreiras, incluindo algumas centenas de almas penadas. Não é verosímil eu sei e, para muitos, nada agradável à vista (distribuíram-se sacos de vómito antes das sessões de cinema em alguns países), mas é um filme tão giro… mesmo tão giro… um verdadeiro clássico!

® João Nogueira

3 Comments:

At 1:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É interessante ver essa faceta de início de carreira do diretor Peter Jackson. Recentemente revi duas produções do diretor que fogem completamente do padrão que estamos acostumados a relegar a ele: Fome Animal (um excelente filme policial) e Almas Gêmeas (um drama profundo com a atriz Kate Winslet). Vale a pena conferir ambos. Abraços do crítico da caverna e feliz 2007.

 
At 4:37 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Descobrir Peter Jackson com este filme é absolutamente arrasador (Eu vi-o há uns 8 anos), após ver que ele se mudou de armas e bagagens para a 1ª linha de Hollywood. Clássico absoluto do Gore, faz pensar porque raio é que não temos um filme semelhante em Portugal! :P (E não me venham falar nessa treta do I'll see you in my dreams)

 
At 2:37 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Por acaso vi o BrainDeath um ano depois de ter saido no Fantas. Depois vi o BadTaste e o Meet the feables. Também já vi o Amizade sem Limites (Almas Gemeas como chamaram atrás). Depois vi o The Frighteners com o Michael J. Fox. Por fim vi o Sr. dos Aneis e o King Kong. Sem duvida o meu realizador favorito, mas mais pelos seus filmes antigos.

 

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