quinta-feira, março 13, 2008

Os Salteadores da Arca Perdida

Título Original:
"Raiders of the Lost Ark" (1981)

Realização:
Steven Spielberg

Argumento:
George Lucas & Philip Kaufman

Actores:
Harrison Ford - Indiana Jones
Karen Allen - Marion Ravenwood
Paul Freeman - Dr. Rene Belloq
Ronald Lacey - Major Arnold Toht


Num momento em que mais um filme do herói Indiana Jones pode estar a chegar às salas, merece a pena recordar o primeiro filme da série. Há mais de 25 anos, foi um sucesso triunfal para Steven Spielberg que já havia conhecido a consagração com “Tubarão” e “Encontros Imediatos de 3º Grau”. Este filme de aventuras teve, na verdade, um impacto tão poderoso que suscitou sequelas espaçadas no tempo. E efeitos que ainda hoje se fazem sentir de modo mais natural e virtuoso; ou de modo mais cabotino e desinspirado.

A fórmula de “Raiders of the Lost Ark” reside numa acção trepidante com pausas estratégicas. Há um enorme misticismo na procura dos tesouros que tanto são sagrados como valiosos, tanto têm um valor espiritual e religioso como representam fortunas fabulosas – tanto parecem pertencer a um outro mundo como ao nosso. Como se constata num balanço generalizado da história, a moral vem provar que a ambição desmedida é destruidora.

A narrativa decorre em vários pontos geográficos, numa época em que os nazis e a sua ideologia constituíam uma terrível ameaça para a Humanidade. O filme está imbuído de humor o que torna ligeiro o dramatismo de certas cenas e ajuda o espectador a tolerar pormenores completamente inverosímeis. Nada nas histórias do arqueólogo Indiana Jones busca a verosimilhança. O herói é sempre salvo de modo absolutamente inacreditável. As situações são tão emocionantes como é imaginativa a busca de soluções dos argumentistas. (A história nasce da inspiração de George Lucas e de Philip Kaufman, o argumento é desenvolvido por Lawrence Kasdan.)

Há neste patamar de aventuras mirabolantes, uma justaposição do natural e do sobrenatural. Os efeitos especiais do filme são notáveis. A música de John Williams começava a revelar-se verdadeiramente indissociável do universo de Spielberg. Harrison Ford estabelecia-se aqui verdadeiramente como uma estrela de primeiro plano de Hollywood depois de em “Guerra das Estrelas” de George Lucas ter sido um pouco secundarizado por Mark Hamill e Carrie Fisher.

Há aqui a clássica parceria do herói e da heroína mediante uma trama onde são perseguidos por nazis diabólicos, terroristas, serpentes e maldições de meter medo. Parece haver neste tipo de intrigas com um teor místico (sobrenatural) e simultaneamente político, algo daquilo que me deliciava nos livros do Tintim de Hergé. A fórmula do filme doseia os diferentes ingredientes de modo sábio.

Do sucesso deste filme surgiriam obras da época como os da série de “Em Busca da Esmeralda Perdida” e “Jóia do Nilo”. Recentemente, o filme “A Múmia” desenvolveu o mesmo conceito, fazendo equilibrar sequências de acção com cenas de terror e espanto e uma dose de sentimentalismo apimentada com humor. O sucesso deste filme desencadeou também uma sequela e arrecadou bastante dinheiro para os seus produtores.

A sequência inicial de “Os Salteadores da Arca Perdida” tem cerca de meia dúzia de minutos e funciona como uma antecipação do que virá depois. Digamos que define com que linhas se cozem as intrigas daquele universo trepidante. Para inferirmos facilmente que tipo de emoções poderemos esperar posteriormente e também de que heroicidade (às vezes batoteira) vive o Dr. Indiana Jones.

Depois, encontramos um pacato Dr. Jones numa aula pacata de uma pacata rotina. Até tudo se precipitar de novo numa acção vertiginosa e frenética. Então os acontecimentos precipitam-se em catadupa e numa movimentação que se poderia tornar cansativa. Mas o realizador tem o bom senso de quebrar a agitação com cenas mais calmas, estrategicamente inseridas. (Spielberg não seria tão refinado sob este aspecto nas sequelas que vieram depois, particularmente no segundo filme da série).

Um filme ligeiro mas sabiamente dirigido como “Salteadores da Arca Perdida” merece o seu local de destaque na História do Cinema. Trata-se de um produto industrial brilhantemente executado por artificies de grande talento. De resto, o filme nada tem a oferecer senão um entretenimento simpático, um divertimento que se vê (e revê) com agrado porque nada tem a ver com a nossa realidade e é exactamente isso que às vezes buscamos numa sala de cinema – uma diversão ou uma fuga aos dramas do nosso mundo.

® José Varregoso

2 Comments:

At 10:24 da manhã, Blogger Flávio said...

Adorei todos os Indiana Jones, vamos ver como sai este último, o quarto.

 
At 7:01 da tarde, Blogger Red Dust said...

O filme de aventuras de excelência. Cast e cenários bem escolhidos. Óptima realização e ritmo endiabrado. Que mais se poderia querer? :)

 

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