sexta-feira, dezembro 01, 2006

007: Casino Royale

Título Original:
"Casino Royale" (2006)

Realização:
Martin Campbell

Argumento:
Neal Purvis & Robert Wade

Actores:
Daniel Craig - James Bond
Eva Green - Vesper Lynd
Mads Mikkelsen - Le Chiffre
Judi Dench - M


Já todos falam do regresso às origens do mítico agente secreto, herói que é hoje muito mais do que um personagem. A imagem de marca mudou de cara e, neste caso, a cara lavada passou à história com a interpretação de Daniel Craig.

Poucas figuras cinematográficas geram tanta polémica e furor entre o público como James Bond, provavelmente o agente secreto mais idolatrado em todo o mundo por milhares de fãs – os mesmos fãs que, ao conhecerem o seu novo intérprete, criaram uma autêntica onda de protesto.

Pois bem, sendo ou não excessivamente baixo, louro ou mesmo feio, na opinião de alguns que o comparam aos anteriores 007, a verdade é que Daniel Craig (Munique, Caminho para a Perdição, O Fardo do Amor) parece ter aproveitado tantas críticas negativas como trampolim para marcar, teimosa e inesperadamente, a diferença no rol dos James Bond (seis, até hoje). É que, na verdade, ele é absolutamente igual a si próprio, sem semelhanças com os anteriores (como actor e como personagem). Nunca se viu um Bond tão visceral, sarcástico, duro e bruto como este, que mete directamente as “mãos na massa” em vez de passar o filme em manobras de espionagem altamente sofisticadas, explorando avanços tecnológicos e seduzindo meninas com sex-appeal e pouco mais – aspectos que, confessemos, já haviam tornado os últimos filmes desinteressantemente previsíveis, típicos blockbusters para modernistas.

Esta é a primeira das aventuras do agente secreto britânico criado por Ian Fleming, que nos anos 50 lançou o volume inicial da saga: Casino Royale dá-nos a conhecer a história de James Bond desde que se torna um 007, as suas primeiras incursões no mundo do crime e da espionagem e, em simultâneo, as suas primeiras iniciativas românticas – cujo resultado justifica o comportamento de D.Juan dos 007 seguintes (ou, neste caso, dos anteriores). Do aclamadíssimo Connery ao elegante Brosnan, nenhum deles se faz acompanhar de uma Bond Girl tão interessante quanto Vesper Lynd (Eva Green), que marca o nosso 007 para todo o sempre – já Caterina Murino (Solange) não passa de uma italiana fogosa que antecipa muitas das aventuras sexuais das sequelas.

Para já, pode-se dizer que Craig é perfeito pelo menos para dar vida e corpo a este começo que é também recomeço. O seu personagem concentra exactamente os instintos mais básicos e primários de um James Bond em força bruta, diamante por lapidar, a par de uma inocência afectiva e de uma violência e rebeldia extremas que vemos aqui em doses multiplicadas, e que criam de imediato identificação.

Martin Campbell (Amor sem Fronteiras, A Máscara de Zorro, Goldeneye) realiza a película contando com o argumentista Paul Haggis (oscarizado pela realização de Colisão) para contar mais uma luta empreendida por Bond, que tem de derrubar Le Chiffre (o vampiresco vilão, brilhantemente interpretado por Mads Mikkelsen) para impedir que este continue a financiar actividades terroristas internacionais (tema mais do que actual). Pelo meio há um duelo de cartas quase mortal, uma tortura inenarrável e um grande amor…e nem tudo é o que parece, já que este 007 reserva-nos muitas surpresas.

Casino Royale é, assim, um conjunto de vários ingredientes bem articulados onde as sequências de acção, embora muito bem conseguidas e coreografadas, acabam por não ser o mais relevante da história. Aqui, o que temos é uma intriga fortalecida pela prestação cheia de Craig, que além de nos tirar o fôlego e transpirar que se farta consegue transmitir-nos uma frieza que facilmente se transforma em humor negro nos momentos mais inusitados. Campbell envolve-nos num ciclo que percorre várias partes do mundo, terminando em Veneza-capital do romantismo e presenteando-nos com mises-en-scène e clímaxes no momento certo…de tal forma que nunca sabemos se o final se revelará feliz, infeliz…ou misto e triunfante, como se assumirá. É assim com muitos pontos fortes que se apresenta este novo Bond, na sua presença forte e profundamente sensual, e onde até o genérico e a canção foram renovados...além de uma nova atitude que deixa o perfeccionismo heróico de parte e assume um humanismo e uma fragilidade bem mais credíveis. Mais do que nunca, também o herói é ferido e derrotado…mas, como diz Chris Cornell, “You Know My Name”…

® Andreia Monteiro

1 Comments:

At 7:56 da tarde, Blogger gonn1000 said...

Não sou fã da saga, mas também gostei bastante deste Um dos melhores blockbusters do ano...

 

Enviar um comentário

<< Home