domingo, setembro 04, 2005

O Nome da Rosa

Título Original:
"The Name of the Rose" (1986)

Realização:
Jean-Jacques Annaud

Argumento:
Umberto Eco, Andrew Birkin, Gerard Brach, Howard Franklin & Alain Godard

Actores:
Sean Connery – William de Baskerville
F. Murray Abraham – Bernardo Guy
Christian Slatter – Adso de Melk


Il Nome della Rosa (O Nome da Rosa) – o célebre livro de Umberto Eco – que dá o título ao filme que escolhi comentar desta vez, foi um fenómeno de popularidade no princípio dos anos oitenta: à volta de trinta milhões de cópias vendidas em todo o mundo e traduzido para vinte e quatro línguas. Fascinado pela obra de Eco, o realizador francês Jean-Jacques Annaud resolveu em estreita colaboração com o escritor adaptar o livro ao cinema.

A acção começa com um breve prólogo do narrador/personagem Adso de Melk «no ano da graça do Senhor» de 1327, no qual este resolve contar a história de terríveis acontecimentos que viveu na sua juventude. Depois de uma morosa e difícil viagem, dois franciscanos: William de Baskerville (o mestre) e o jovem Adso de Melk, de cuja educação o sábio franciscano estava encarregado, chegam a uma abadia no norte de Itália na qual se vivia uma situação de grande agitação. A morte de um jovem monge ocorrida em estranhas circunstâncias faz com que o Abade solicite a colaboração de William de Baskerville. Enquanto os monges como o ancião franciscano Ubertino de Casale (William Hicky) – que apregoava as profecias apocalípticas – atribuem uma explicação sobrenatural, demoníaca ao acontecimento, William difere deles pela busca de uma explicação lógica. Com outra violenta morte a intriga adensa-se em torno de um misterioso livro em grego, escondido algures no labirinto da biblioteca da abadia. Com a chegada do impiedoso inquisidor Bernardo Guy, a investigação de William Baskerville prossegue com dificuldades. Os dois franciscanos, mestre e aluno passam por toda uma série de contratempos neste thriller escolástico e gótico no seio de uma abadia medieval do século XIII.

Ao longo da história constatamos os visíveis contrastes entre os monges beneditinos e os franciscanos – era uma época em que estes estavam em conflito, pois os últimos defendiam a pobreza do clero e do próprio Papa, que ostentavam as suas riquezas enquanto o povo era extremamente pobre e faminto. Enquanto que os monges tinham uma fé cega própria da idade das trevas, onde o simples acto de rir era sinónimo de demência ou sinal de possessão demoníaca, William de Baskerville era visto como um herege que juntava à fé (que questionava) os princípios da lógica aristotélica, venerando a sabedoria dos gregos clássicos, a razão, os instrumentos da ciência. Inteligente e astuto, mais um homem de razão do que de fé, o mestre contrastava com o aluno – Adso de Melk era já perspicaz para a sua idade, o seu despertar intelectual era incentivado pelo mestre através de linhas de raciocínio, embora o jovem tivesse uma relação mais pura com a sua religião e fé, abaladas quando vê uma rapariga (Valentina Vargas) pobre e faminta que provoca o seu despertar sexual. Esta produção europeia valeu a Sean Connery ainda mais mérito graças à sua boa interpretação numa época em que ninguém o julgava capaz de interpretar outro papel que não fosse o de James Bond. F. Murray Abraham é implacável enquanto inquisidor-mor, tinha ganho um Óscar quase dois anos antes pelo seu papel em Amadeus de Milos Forman e Christian Slater, com apenas quinze anos na altura, espelha no seu olhar a curiosidade, ingenuidade e inteligência do seu personagem.

Alguns de vós provavelmente já terão visto este filme durante o percurso escolar, visto que O Nome da Rosa é uma "quimera de ouro" para os professores de História e de Filosofia. O filme de Jean-Jacques Annaud – que contou com Dante Ferreti (Gangs de Nova Iorque, O Aviador) como produtor artístico e a música de James Horner (Titanic) – é fiel a toda uma série de pormenores que lhe conferem o estatuto de retrato histórico de uma época em que a religião cristã entrava em todos os aspectos da vida das pessoas. O enredo confere uma dinâmica de romance policial ao filme, o que permite despertar a atenção do público levando-o a querer descobrir por si mesmo os mistérios da abadia e desvendar os crimes ocorridos, e por isso aconselho vivamente a que vejam ou revejam este filme e adquiram a edição especial de DVD em dois discos.

® Isabel Fernandes

2 Comments:

At 10:38 da manhã, Anonymous Anónimo said...

um filme 5 estrelas :)

 
At 8:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Amei o resumo...amei o filme!

 

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