domingo, maio 21, 2006

O Código Da Vinci

Título Original:
"The Da Vinci Code" (2006)

Realização:
Ron Howard

Argumento:
Akiva Goldsman & Dan Brown

Actores:
Tom Hanks - Robert Langdon
Audrey Tautou - Sophie Neveu
Ian McKellen - Sir Leigh Teabing
Jean Reno - Bezu Fache
Paul Bettany - Silas


Leonardo Da Vinci (1452-1519) era um artista multifacetado, um exemplo do homem perfeito idealizado no Renascimento que estendia o seu talento a diversas áreas para além da arte e em relação às quais é considerado um homem com ideias à frente do seu tempo. Saberia então ele que ao fim de quinhentos anos a sua Mona Lisa ou A Gioconda se transformaria numa forte imagem de marketing e voltaria a ser o alvo da atenção de muitas pessoas? É claro que falo na grande projecção que a famosa pintura de Da Vinci voltou a ter graças a O Código Da Vinci – o best-seller do escritor norte-americano Dan Brown. O livro levantou toda uma série de teorias polémicas (que só o fizeram render) sobre a religião cristã, aspectos que até hoje despertam a curiosidade mesmo de quem não pratica qualquer religião e permanecem à espera de uma prova da sua existência, de uma explicação plausível. Estas polémicas parecem exageradas pois tanto o livro como o filme são ficção e não teologia, por isso não pretendem denegrir a Igreja Católica. A “fábrica de filmes” de Hollywood esteve bem atenta e não perdeu de vista o fenómeno d’O Código Da Vinci transformando-o num filme pela mão de Ron Howard (Uma Mente Brilhante).


Paris. Museu do Louvre. Tudo começa quando Jacques Saunière, conceituado conservador do museu, é lá encontrado morto, tendo deixado um estranho código por decifrar junto ao seu corpo. Robert Langdon, um conceituado professor de simbologia da universidade de Harvard (E.U.A.) encontrava-se em Paris para dar uma palestra sobre a sua área de estudo. Saunière devia ter-se encontrado com ele, porém faltou ao encontro. Bezu Fache, ambicioso capitão da polícia francesa, desconfia que Langdon é o assassino e leva-o ao local do crime para analisar o código que o conservador deixara. Percebendo as intenções do capitão, Sophie Neveu, a criptologista da polícia ajuda Langdon a escapar às mãos de Fache. Tendo descoberto que Saunière era o grão-mestre do Priorado de Sião (verídica antiga sociedade europeia à qual haviam pertencido o próprio Da Vinci, bem como Newton, Victor Hugo, entre outros) Langdon e Sophie descobrirão uma série de pistas que Leonardo Da Vinci habilmente dissimulou nas suas obras. O priorado esconde um segredo que ao ser revelado mudaria o curso da história do cristianismo e poria em causa esta religião e os dogmas em que se apoia, o que faz com que Silas, um cruel monge albino da Opus Dei (prelatura do Vaticano) siga as ordens de um misterioso homem que o incumbe de impedir que o segredo seja revelado.


Devo ser honesta… O Código Da Vinci (o filme) deixou-me um pouco decepcionada, mas isto talvez seja ser por ter lido o livro e saber a história e o segredo à volta do qual ela gira. Quem sabe se quem não leu o livro verá o filme com outros olhos e o ache interessante. Pelo que pude ler sobre o filme, o realizador Ron Howard terá dito que não era seu objectivo agradar aos leitores do livro, mas sim pegar na história e tentar que funcione por si mesma. A opção é correcta, pois conseguiu não colar-se demasiado aos imensos pormenores do livro. No entanto a comparação é inevitável… Existem cenas que identificamos do livro e damos por falta de alguns pormenores ou cenas ou vemo-los, por outro lado são visíveis algumas modificações ditadas pela interpretação do realizador. Uma delas é em relação às personagens e a forma como são representadas pois nota-se alguma inexpressividade. Tom Hanks é Tom Hanks, mas o “seu” Langdon é demasiado sério e “cerebral” e falta alguma química na sua relação com Sophie, afinal de contas ambos arriscam as suas vidas para decifrar o código e razões para proximidade não faltam. A representação que mais me surpreendeu pela positiva foi a que Paul Bettany deu a Silas, e a caracterização está óptima pois torna-o de facto assustador. Outro aspecto em falta é o suspense, julgo que seria esperado algum tendo em conta que é um thriller.

A sala de cinema onde vi O Código Da Vinci estava quase cheia na primeira sessão da tarde e fiquei surpreendida, visto que aos fins-de-semana é que costumam ir mais pessoas. A imensa propaganda feita em torno tanto do livro (40 milhões de cópias vendidas) como do filme pelos media (e claro pela produtora do filme) deve ter resultado mesmo em cheio e esperam-se muitos milhões nas receitas de bilheteira deste blockbuster.


® Isabel Fernandes

1 Comments:

At 2:12 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O sucesso estrondoso do livro "impunha" a sua conversão ao registo fílmico e é isso que o filme é, uma transcrição fiel em modo condensado de um thriller de 500 páginas. Tudo acontece muito rápido e colho a sensação de que quem não leu o livro está ali um bocado "apanhar bonés" sobretudo nas partes do filme onde é feita a contextualização histórica do enredo. Leiam o livro, que é bem melhor...

 

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