domingo, agosto 27, 2006

A Vida é Bela

Título Original:
"La Vita è Bella" (1997)

Realização:
Roberto Benigni

Argumento:
Vincenzo Cerami e Roberto Benigni

Actores:
Roberto Benigni - Guido Orefice
Nicoletta Braschi - Dora
Giorgio Cantarini - Josué Orefice
Giustino Durano - Tio de Guido
Horst Buchholz - Dr. Lessing


Numa Itália dos fins da década de trinta, Guido viaja com um amigo para a cidade de Arezzo, onde espera encontrar emprego com a ajuda do tio. Pelo caminho conhece ocasionalmente Dora, uma professora membro de uma rica família com a qual se encontra nas situações mais invulgares, a princípio sem querer, mas depois já propositadamente. Fazendo uso da sua inesgotável imaginação e romantismo acaba mesmo por conquistar Dora. A narrativa dá um salto para os anos 40. Guido conseguiu abrir a livraria dos seus sonhos e vive feliz com a mulher e o pequeno e encantador filho Josué. O ódio pelos judeus, segundo a ideologia nazi ligada ao fascismo italiano, vai-se adensando até que chega o dia em que Guido e o filho são separados de Dora e levados juntamente com outros judeus para um campo de concentração. Para proteger Josué, Guido, com bastante imaginação e fantasia, convence o pequeno de que tudo aquilo se trata de um jogo e que toda a gente também participa para obter uma determinada pontuação e ganhar um prémio. Até onde irá o amor dum pai pelo seu filho?

Na história do cinema e da televisão não faltam retratos de uma época negra do século XX. A Vida é Bela destaca-se de outros filmes por apresentar sob um outro prisma a crueldade dos Nazis, ainda que não seja de tom tão sério como A Lista de Schindler (Steven Spielberg, 1993) ou O Pianista (Roman Polanski, 2002). O argumento faz com que o horror dos campos de concentração gire em torno do ponto principal: a tentativa desesperada de Guido em convencer o filho de que estão a participar num jogo. O espectador entra também nesse jogo e por vezes não parece que estamos a assistir a um filme dramático, pois rimos com as peripécias de Guido, o que é invulgar num episódio tão conturbado e normalmente retratado com extrema seriedade. Aliado aos elementos dramáticos está o elemento cómico que marca o desenvolvimento da história de um filme que nos prende do primeiro ao último minuto.

Contudo há que ver um ou outro aspecto que faz com que este filme, ainda que não o arruine, seja um pouco menos perfeito. Sentimos o grande peso da figura de Begnini, que protagoniza, escreve o argumento e realiza este filme! É dado um destaque demasiado extenso à personagem Guido e as suas palhaçadas. Perdem-se ou ficam por explicar algumas questões como esta: como é que Guido consegue ter tanta mobilidade dentro do campo de concentração (supostamente vigiado de forma rigorosa pelos soldados nazis) para verificar constantemente se o filho está bem escondido no dormitório, sem nunca ser apanhado? Outro aspecto menos feliz é o facto de tão pouco se saber da vida de Dora antes do casamento e dentro do campo de concentração. Se o filme destaca o sofrimento de uma família, porquê tão pouca importância dada a uma mãe separada do filho e uma mulher separada do marido? Dora não participa muito na história (só nos surgem imagens em que o sofrimento está espelhado no seu rosto) e só existe para dar sentido às brincadeiras de Guido.

Não quero obviamente com tudo isto desvalorizar A Vida é Bela, pois é um dos meus filmes preferidos e porque tem qualidade, entretenimento e é comovente o suficiente sem se tornar piegas. Ao som duma banda sonora inesquecível, de um bom trabalho de fotografia, desenrola-se um filme que, espero eu, tão cedo não há-de ser esquecido. E fica a mensagem: apesar do mundo não ser tão perfeito e pacífico como gostaríamos…a vida não deixa de ser uma coisa bela.

® Isabel Fernandes

1 Comments:

At 3:32 da manhã, Blogger Gustavo H.R. said...

Concordo, apesar de não ter-me incomodado com o pouco aproveitamento da personagem Dora.
Um filme bastante marcante e emocionante.
Cumps.

 

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