segunda-feira, outubro 23, 2006

Tideland

Título Original:
"Tideland" (2005)

Realização:
Terry Gilliam

Argumento:
Terry Gilliam & Mitch Cullin

Actores:
Jodelle Ferland - Joiza-Rose
Janet McTeer - Dell
Brendan Fletcher - Dickens
Jennifer Tilly - Queen Gunhilda


Jeliza-Rose é uma criança numa situação delicada: os pais são toxicodependentes. Quando a mãe morre, Jeliza-Rose embarca numa estranha viagem com o pai, um músico que parou no tempo. Para lidar com a solidão que encontra na nova casa, Jeliza-Rose refugia-se num mundo imaginário - um mundo no qual os pirilampos têm nomes e os esquilos falam. As cabeças das suas bonecas, há muito separadas dos respectivos corpos, ganham vida e fazem-lhe também companhia. Jeliza-Rose acaba por encontrar conforto junto de Dickens, um jovem com problemas mentais que passa os dias a tentar capturar o tubarão gigante que habita a linha do comboio. Mas Dell, a irmã mais velha de Dickens, tem uma figura sinistra e não vai dar sossego a Jeliza-Rose.

Bizarro e surreal. É este o resultado da mais recente película de Terry Giliam, o ex- Monty Python responsável por obras no domínio do fantástico, entre elas, por exemplo, Brazil, Delírio em Las Vegas ou mais recentemente Os Irmãos Grimm.

Em Tideland, Gilliam conta-nos a odisseia de uma criança que por força de circunstâncias trágicas se vê forçada a mudar para uma pequena cidade que dá nome ao filme. Tideland poderá ser considerado uma metáfora do conto Alice no país das Maravilhas. Aqui não há uma wonderland, mas sim uma terra conhecida por Tideland habitada por poucos mas estranhos habitantes, na qual Jeliza-Rose se vê abandonada e sozinha após a morte de ambos os pais.

Essa solidão, faz com que Jeliza-Rose crie um mundo imaginário para minimizar o sofrimento, o que inclui por exemplo manter conversas com as suas 4 cabeças de boneca Barbie, cada uma delas com a sua personalidade, enfiadas uma em cada dedo. E é nesse sentido, que a actriz Jodelle Ferland tem um desempenho realmente fabuloso carregando o filme por completo.

Do ponto de vista técnico, Tideland está muito bem filmado, com uma fotografia belíssima, partitura sonora adequada e performances seguras dos restantes actores, que incluem, por exemplo Jeff Bridges (neste filme faz lembrar um pouco o “dude” de O grande Lebowski) ou Jennifer Tilly.

O real problema é a não existência de um argumento para além da centralização na personagem principal Jeliza-Rose e no seu mundo surreal. Ou seja, afinal, o filme é sobre quê e com que propósito? Tem realmente forma, mas falta-lhe o conteúdo. Por outro lado, existem algumas cenas de uma violência psicológica e até um pouco mórbidas que são no mínimo incomodativas, tratando-se de uma criança, como por exemplo, quando Jeliza-Rose, abraça o cadáver do seu pai, há vários dias falecido na sua cadeira. Incomoda e não se entende a intenção ser mostrado desta forma.

No fundo, Tideland é um filme como outros de Gilliam, ou seja, que dividirá opiniões. Uns vão adorar, enquanto que outros, com certeza o irão vaiar. Na minha opinião vale a pena ser visto pelo seu carácter específico e para que cada um possa usufruir (ou não) deste fairy tale invertido e perverso.

® Sérgio Lopes

3 Comments:

At 9:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

é um bocado dificil de engolir a historia. a performance da pequena Jodelle Ferland é fenomenal...

 
At 9:17 da tarde, Anonymous Anónimo said...

comecei a visitar o teu blog ha pouco tempo e agradou-me o teu trabalho.
eu tambem fix um blog, www.kriticinema.blogs.sapo.pt, e ficaria orgulhoso se o visitasses, comentasses e adicionasses a tua lista de links. o teu ja consta da minha lista.

cumprimentos e um abraço.

ja agora, nao me agradou totalmente o Tideland, mas tambem nao odiei :P

 
At 2:11 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Adorei o filme com uma atuação soberba dos dois atores centrais. Faz você voltar à infância. Qual criança nunca entrou num mundo imagínário. Não entendi porque trouxe vaias em alguns cinemas que passaram. Será por causa do beijo que ela deu no seu amigo? Na minha opinião não houve malicia e sim ingenuidade de ambos os personagens. Um filme que ficará na minha memória


Paulo Tito

 

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