quarta-feira, novembro 02, 2005

A Casa dos 1000 Cadáveres

Título Original:
"House of 1000 Corpses " (2003)

Realização:
Rob Zombie

Argumento:
Rob Zombie

Actores:
Sid Haig - Captain Spaulding
Bill Moseley - Otis Driftwood
Sheri Moon - Baby Firefly
Karen Black - Mother Firefly


Se Rob Zombie ocupava já uma posição peculiar no universo musical actual, essa especificidade começa agora a transferir-se para territórios cinematográficos com A Casa dos 1000 Cadáveres. Nos seus videoclips, o músico sempre apresentou claras referências a personagens e simbologias associadas ao cinema de terror/fantástico, expondo ambientes sinistros, obscuros e macabros. A sua primeira longa-metragem é, então, uma extensão desse universo muito próprio, apostando em cenários decadentes, arrepiantes e inóspitos com elevadas doses de excentricidade e tensão.

O filme segue o percurso de quatro jovens que se aventuram de carro pelo interior dos EUA, deparando-se com uma pequena localidade rural numa noite chuvosa e caótica. A boa disposição inicial dos quatro amigos será obrigatoriamente interrompida à medida que estes vão sendo afectados por diversos acontecimentos bizarros e, pouco a pouco, o riso espontâneo e alegre dá lugar a forçados sorrisos amarelos e muito nervosismo. A bizarria aumenta quando os jovens são "hospedados" em casa de uma incomum e intrigante família, iniciando uma perturbante viagem por um autêntico freak-show.

Influenciado por obras marcantes como Massacre no Texas, de Tobe Hooper, e exibindo um espírito herdeiro da série-Z, A Casa dos 1000 Cadáveres combina atmosferas de pânico, inquietação e horror com diversos momentos de humor (seja ele negro ou de um mau gosto assumido). Não é um filme para levar a sério, antes um divertimento grotesco e algo atípico nos dias de hoje, diferenciando-se de múltiplos "filmes-de-terror-de-adolescentes" indistintos e saídos de uma linha de montagem formatada.

O estilo visual gerado por Zombie, por vezes próximo da montagem dos videoclips (o que não é de estranhar), destila energia cinética e adrenalina, apresentando apelativas texturas de cores e um curioso trabalho de iluminação. Essa componente visual (premiada no Fantasporto deste ano) ilustra eficazmente os ambientes marcados por personagens perversas e demoníacas, onde se desenrolam jogos de tortura, perseguições ameaçadoras, mortes arrepiantes, algum canibalismo, coloridas cenas gore e outros momentos repletos de demência e visceralidade q.b..

A Casa dos 1000 Cadáveres consegue, então, inserir algum "sangue novo" dentro de um género já muito trabalhado e à beira do desgaste, funcionando como um competente pastiche de referências e obras paradigmáticas do cinema fantástico. Provavelmente será mais apreciado por fãs do género, já que este concentrado de bem-humorada crueldade com requintes de malvadez dificilmente ganhará a unanimidade do público. Um título a considerar na ressaca do Halloween.

® Gonçalo Sá

4 Comments:

At 1:47 da tarde, Anonymous Anónimo said...

foi um filme que não me cativou, algumas boas ideias e personagens mas sobre uma história muito fraca.

 
At 11:21 da tarde, Blogger MPB said...

Gonçalo, parece que agora estamos mais de acordo ;)

Acho que é uma obra interessante tendo em conta o momento em que o género se encontra.
Lembro-me de ter visto o filme no FANTAS e realmente foi dos poucos filmes que tentou mostrar algo novo, nem que fosse o simples gozo que parece ter reinado na produção.

Lembro-me de um momento la para o meio do filme, um plano de grua (deves estar lembrado), uma das sequencias mais peculiares dos ultimos anos, que levou várias pessoas a aplaudir, eu um deles, foi delirante ;)

Cumps

 
At 11:30 da manhã, Blogger gonn1000 said...

membio: Achei mediano, mas vê-se com algum agrado.

Ne-To: Sim, tem alguns momentos inovadores, mesmo que no geral seja apenas aceitável.

 
At 11:10 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Este filme oferece uma boa oportunidade ao espectador de escolher outro filme para ver ou ficar a ser torturado por um festival de mediocridade interrompido por breves imagens do belo rabo de Sheri Moon... A história é plana, na verdade quase toda a história é acessória (spoilers... quem viu sabe porquê) para um climax que não foi conseguido... dar uma classificação a este filme é tentar recuperar algo de valioso ao tempo de vida que se perdeu a assisti-lo recomendo vivamente a olharem noutra direcção caso sejam confrontados com um poster ou DVD que não contenha alguma das melhores cenas...

 

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