sábado, agosto 19, 2006

Tristão e Isolda

Título Original:
"Tristan & Isolde" (2006)

Realização:
Kevin Reynolds

Argumento:
Dean Georgaris

Actores:
James Franco - Tristan
Sophia Myles - Isolde
Rufus Sewell - Marke
Mark Strong - Wictred
Henry Cavill - Melot


Antes de Romeu e Julieta, diz-que que houve Tristão e Isolda. Mais uma lenda de amores impossíveis, que Kevin Reynolds (Waterworld, Robin Hood – Príncipe dos Ladrões) trouxe para o cinema.

Após a decadência do Império Romano, a Grã-Bretanha fica desunida e dominada pelo desejo de poder da Irlanda. Num cenário de morte e destruição, o pequeno Tristan (Thomas Sangster), uma temerária criança bretã, perde os pais e é acolhida por Lord Marke (Rufus Sewell), que daí em diante o trata como seu filho e o nomeia inclusive seu sucessor.
Mais tarde, numa forte batalha com os irlandeses, Tristan, já jovem (James Franco), é ferido e acaba por, supostamente, morrer. Colocado numa pira funerária, ele vai aportar à costa irlandesa, onde Isolde (Sophia Myles), filha do Rei Donnchadh, apercebendo-se de que ele ainda está vivo, o recolhe e trata. A partir daí surge inevitavelmente um sentimento entre ambos, condenado à distância…até que o rei irlandês organiza um torneio em que o prémio é a mão da sua filha, e Tristan, ignorando que a sua amada é a princesa, já que ela lhe havia escondido a sua verdadeira identidade, inscreve-se no mesmo como representante do seu rei, Lord Marke.
Invencível, Tristan ganha o torneio… e é aí que compreende que ganhou a mulher que ama não para si, mas para aquele a quem deve a vida.

À semelhança de Robin Hood – Príncipe dos Ladrões (1991), Kevin Reynolds criou aqui um filme que não se pode adjectivar de portentoso, mas sendo um épico simples e modesto os seus objectivos são claramente atingidos. Tristão e Isolda é um trabalho bastante competente de realização, bem estruturado e encadeado, onde os intérpretes dão a consistência desejada a uma história só por si bela, mas que poderia resvalar facilmente para o melodrama, uma vez que não é única em cinema. Ao invés, acaba até por surpreender pelo crescendo de intensidade e profundidade, que adquire à medida que a história se adensa e a tragédia parece inevitável.

James Franco (que vimos em papéis secundários em Homem-Aranha, designadamente) é, enquanto Tristan, uma mistura de sensibilidade e vontade de ferro extremamente bem conseguida; de igual modo estão Sophia Myles (Isolde) e o já mais veterano Rufus Sewell (Marke), que vimos por exemplo em Helena de Tróia, como terrível Agamémnon. Todos eles conseguem, na verdade, transmitir com transparência os dramas dos seus personagens, sem exageros, conferindo-lhes beleza, humanidade e naturalismo quanto baste.
Juntemos a isto uma fotografia belíssima (por Artur Reinhart), diálogos algo poéticos e um final magnífico, e obtemos uma obra com pouco arrojo, que joga pelo seguro mas triunfa solidamente. Apesar de passar despercebida, vale a pena tê-la em conta como estreia recente…digamos que é um daqueles filmes pouco promissor, mas que encerra um longo leque de virtudes dignas de apreciação.

® Andreia Monteiro