quinta-feira, agosto 18, 2005

O Apartamento

Título Original:
"Wicker Park" (2004)

Realização:
Paul McGuigan

Argumento:
Gilles Mimouni & Brandon Boyce

Actores:
Josh Hartnett - Matthew
Diane Kruger - Lisa
Rose Byrne - Alex
Matthew Lillard - Luke


Desencontros, proximidades e distâncias: por estes caminhos segue O Apartamento, ou Wicker Park, um excelente filme lançado em 2004 e que está já disponível em DVD.

O praticamente estreante em cinema Paul McGuigan dirigiu, a partir do thriller francês L` Appartement, de Gilles Mimouni, com Vincent Cassel e Monica Bellucci (1996), uma nova versão da história, desta vez protagonizada por Josh Hartnett (Black Hawk Down) e Diane Kruger (Troy).
O Apartamento é daquelas obras que à partida despertam um grau equivalente de curiosidade e receio, por se enquadrarem num género de cinema complexo que, quando não é bem feito, decepciona, e que, por outro lado, pode resvalar para o drama ou comédia romântica, quando o que se promete no início é uma espécie de thriller relacional/romântico.
Pode-se dizer, contudo, que O Apartamento não se encaixa neste rol de decepções: há uma realização fantástica e incomum, na qual os actores - que fazem bem o seu trabalho, emprestando tanto Hartnett como Kruger ou Rose Byrne a sensibilidade de que a narrativa necessita -, são como meios para atingir um fim. Ou seja, eles acabam por ser colocados à mercê de uma história maior - de amor, de desencontros e de traições- e ainda de uma realização e montagem que fazem questão de marcar uma forte presença.

Para quem viu Perto Demais (Closer), imagine-se O Apartamento como a faceta mais dramática mas, ao mesmo tempo, glamorosa e romântica, da obra de Mike Nichols. De resto, e não querendo correr o risco de comparações exageradas e infundadas, temos nos dois filmes pontos comuns: os dois falam de relações; os dois têm quatro protagonistas envolvidos involuntariamente uns com os outros; os dois expõem, sobretudo Closer, a sordidez dos sentimentos, tendo como ponto central a invasão de intimidade ou a excessiva proximidade.

Assim é em Wicker Park: por entre flashbacks genialmente inseridos e uma dinâmica perfeita encaixada pelos planos simultâneos ou duplos, que permitem seguir a história dos personagens e suas interligações, impedindo ao mesmo tempo que o filme se torne lento demais, há a narração de um drama amoroso que, não fosse estar tão bem construído, pareceria ridículo. A história de Matthew (Hartnett), um jovem que não desiste de procurar a sua "alucinação" viva - Lisa (Kruger), que desaparecera misteriosamente quando tudo parecia correr às mil maravilhas na relação de ambos. Pelo meio, surge entratanto a vampira emocional da história, personificada por Rose Byrne (Alex), que se envolve com Luke (Matthew Lillard) para chegar a Matthew (o melhor amigo deste) e conseguir separá-lo de Lisa definitivamente...

Este é um dos filmes de 2004 que, podendo ter passado despercebido, representa sem dúvida uma boa escolha, até porque o próprio desenrolar e desfecho surpreendem pela positiva, descrevendo uma linha de acontecimentos ascendentemente interessante e por vezes até claustrofóbica, obsessiva e angustiante para o espectador. E é também aí que esta película de quase duas horas triunfa, por saber manter colado ao ecrã quem está do outro lado - já cansado de tanto desencontro, perdido também no labirinto, ansiando por ver como acabará tudo aquilo.

O Apartamento: uma boa surpresa e um género inominável, algures na localização ideal entre o drama e o thriller de relações. Ah, e muita atenção à banda sonora: de Coldplay a Mazzy Star, há tudo de bom.

® Andreia Monteiro

2 Comments:

At 10:50 da manhã, Blogger David Santos said...

não me cativou

 
At 11:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

alternativo, soberbo e "cativante"!
uma mistura de encontros e desencontros perfeita para fazer nos pensar. fantastica a importancia dos pequenos detalhes! adorei a banda sonora!

 

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