quarta-feira, setembro 14, 2005

Os Incríveis

Título Original:
"The Incridibles" (2004)

Realização:
Brad Bird

Argumento:
Brad Bird

Actores:
Craig T. Nelson - Bob Parr/Mr. Incredible
Holly Hunter - Helen Parr/Elastigirl
Samuel L. Jackson - Lucius Best/Frozone
Jason Lee - Buddy Pine/Syndrome


Com o sucesso das adaptações cinematográficas de Homem-Aranha, X-Men ou Hellboy, entre outros, os heróis das bandas-desenhadas norte-americanas destacam-se como uma clara fonte de inspiração recente para experiências no grande ecrã.
Como acontece com todos os fenómenos sobre-explorados, há o perigo do formato apresentar títulos desinspirados e redundantes - como o anémico Catwoman, mal acolhido pela crítica e pelo público - ou de gerar obras que o parodiam ou reciclam, como a nova obra de animação da Pixar, Os Incríveis.
Os estúdios que criaram filmes carismáticos como Toy Story ou À Procura de Nemo proporcionam agora uma película que aposta não no universo dos brinquedos ou em mundos aquáticos mas antes nas aventuras de uma família de super-heróis.

Ser um super-herói pressupõe que, para além de surpreendentes poderes e habilidades, tenha de se lidar também com alguma angústia existencial devido ao desvio da normalidade. Por isso, Mr. e Mrs. Incredible, paladinos reformados, optam por viver uma vida que segue os hábitos e rotinas de uma vulgar família americana dos subúrbios. Essa tentativa de normalidade obriga a que os seus peculiares dons sejam pouco utilizados, atitude que o casal tenta incutir aos seus filhos, também eles superpoderosos. O problema é que a experiência quotidiana é pouco entusiasmante e demasiado previsível, cinzenta e formatada. Mr. Incredible, sobretudo, tenta ultrapassar o frustrante dia-a-dia encurralado numa agência de seguros, cujas normas de conduta são contraditórias com os ideais que o ex-super-herói defende. No entanto, inesperados acontecimentos irão despoletar o regresso à glória de tempos passados, quando um novo super-vilão coloca em perigo a aparente atmosfera de paz e tranquilidade.

Amálgama da acção de James Bond com personagens inspiradas em super-heróis como os X-Men ou o Quarteto Fantástico, a nova película de Brad Bird introduz mais uma curiosa família disfuncional para colocar ao lado de outros exemplos da animação recente, como The Simpsons ou Family Guy (com as quais partilha um humor que possibilita múltiplas leituras e agrada a várias faixas etárias).
O fascínio do realizador por heróis da banda-desenhada era já visível no seu filme anterior, O Gigante de Ferro, repleto de homenagens explícitas a personagens como o Super-Homem ou The Spirit. A sua obra possui múltiplas piscadelas de olho a referências da Era Dourada, o que torna Os Incríveis numa película que, apesar de recorrer a modernas e sofisticadas técnicas de animação digital, contém uma estrutura narrativa enraizada nos modelos clássicos do filme de aventuras.

Embora o resultado seja quase sempre minimamente imaginativo a nível visual, este novo trabalho da Pixar possui um argumento não muito inovador quando comparado aos emblemáticos exemplos de sucesso destes estúdios. De facto, a acção desta aventura segue (muito) de perto a linha de incontáveis histórias de super-heróis já vistas tanto no cinema como, sobretudo, na BD, não apresentando nada de novo. Claro que há bons momentos de criatividade, mas esta revela-se maioritariamente nas impressionantes imagens, com texturas e movimentos muito bem elaborados.
As personagens, ainda que divertidas, não são especialmente cativantes e carecem de maior desenvolvimento (exceptuando Mr. Incredible), tornando-se demasiado caricaturais (o caso mais óbvio é o estereotipado super-vilão). O ritmo também nem sempre é envolvente, algo pouco recomendável num filme de acção, e o filme é um daqueles casos com mais estilo do que substância (O Gigante de Ferro, desprovido de tanta pompa e circunstância, era bem mais emotivo e caloroso).

Apesar do epíteto de obra-prima ser exagerado, Os Incríveis está longe se ser um mau filme e funciona como um inteligente entretenimento para toda a família, exibindo algumas sequências realmente "incríveis". É pena que contenha mais episódios fulgurantes a nível visual do que personagens e situações que permitam uma empatia mais forte e memorável, tornando-se numa experiência cinematográfica que vale a pena conhecer mas não necessariamente revisitar.

® Gonçalo Sá

6 Comments:

At 7:29 da tarde, Blogger Gustavo H.R. said...

Apesar de reconhecer a quase unanimedade de público e crítica em relação a esse grande sucesso da Pixar, dou a mim mesmo o benefício da dúvida. Pois concordo com algo que você escreveu no último parágrafo, mas acho que isso se volta para toda a produção da Pixar. O visual é esplêndido, mas as tramas são superficiais. Não me toquei com PROCURANDO NEMO, que me foi uma desilusão após tantos elogios.
Qualidades, os filmes da Pixar têm. Mas não creio que eles vão durar tanto quanto os clássicos animados da Disney. Esses sim tinham substância e carisma verdadeiros.

 
At 10:21 da tarde, Blogger gonn1000 said...

Concordo, aliás basta comparar"À Procura de Nemo" com "A Pequena Sereia", por exemplo. Mas convenhamos que os mais recentes da Disney já não têm o fulgor de outrora...

 
At 8:17 da manhã, Blogger Francisco Mendes said...

"Toy Story" é um filme da Pixar que me arrebatou. É sublime!
Admiro imenso o trabalho da Pixar e considero que não lhe falta qualquer tipo de carisma... aliás o impacto nos petizes é claramente visível. Simplesmente muitos de nós crescemos com a Disney e outros perderam o paladar da animação. "Finding Nemo" tem uma profundidade tremenda. Discordo completamente de qualquer opinião contrária... basta dissecá-lo sem preconceitos cena a cena, frame a frame, linha a linha. "The Incredibles" inova na mensagem à pequenada, atingindo um patamar bem mais adulto. E acredito que haverá (como houve) muitos a identificarem-se e simpatizarem com certas personagens e atitudes humanas.

Contudo apenas troco os Clássicos da Disney, pela incursão de Burton pela animação em Stop Motion.

 
At 9:08 da manhã, Anonymous Anónimo said...

eu gostei de Incredibles, leva uma mensagem familiar importante e é bastante divertido !

 
At 12:26 da tarde, Blogger Daniel Pereira said...

Também acho que filmes como "The Incredibles" e Finding Nemo" têm grande profundidade. Este último é mesmo uma pérola...

 
At 11:54 da manhã, Blogger David Santos said...

o melhor da Pixar a par com FInding Nemo

 

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