quarta-feira, setembro 19, 2007

Destricted

Título Original:
"Destricted" (2006)

Realização:
Marina Abramovic, Matthew Barney, Marco Brambilla, Larry Clark, Gaspar Noé, Richard Prince & Sam Taylor Wood

Argumento:
Matthew Barney ("Hoist"), Richard Prince ("House Call") & Sam Taylor Wood ("Death Valley")

Actores:
August
Shirin Barthel
Richard Blondel
Jasmine Byrne (como eles próprios)


A proposta é interessante: reunir sete realizadores e artistas plásticos para uma abordagem ao sexo e à pornografia desenvolvida num conjunto de curtas-metragens. O resultado deste "Destricted", no entanto, é pouco convincente, pois para além de desequilibrado nunca chega a ser desafiante e na maior parte dos casos denuncia apenas pretensão em demasia e/ou mera preguiça mental.

Alguns trabalhos conseguem, mesmo assim, despertar alguma curiosidade ao irem além do óbvio É o caso de "Hoist", de Matthew Barney, a mais bizarra e desconcertante, uma autêntica fusão homem-máquina, que inquieta pela lubrificação simultânea do pénis do actor e da turbina de um tractor içado onde este se encontra. O ritmo pausado que Barney imprime ao filme, juntamente com os estranhos ruídos de fundo, tornam esta curta num objecto original que cumpre os pressupostos de "Destricted".

Outro exemplo relativamente convincente é o de Larry Clark, que em "Impaled" faz um incomum casting onde um grupo de rapazes concorre a fim de ter sexo com actrizes de filmes pornográficos. Convidando os intervenientes a falarem das suas experiências e do impacto da indústria porno no seu crescimento, o realizador de "Ken Park" ou "Bully - Estranhas Amizades" não evita a sua habitual tendência voyeur e deixa os concorrentes literalmente despidos de preconceitos em frente à câmara. O balanço gera um filme oportunista, mas também pertinente.

"Balkan Erotic Epic", de Marina Abramovic, tem alguma relevância enquanto documento sobre o papel que o sexo assume nos mitos e superstições das culturas dos balcãs, embora se candidate mais a ser motivo de humor involuntário do que propriamente fonte de uma reflexão séria.

"Sync", de Marco Brambilla, aposta numa montagem de inúmeras cenas de sexo que se sucedem de segundo a segundo ao som de um solo de bateria, mas a sua escassa duração faz com que passe quase despercebida. O mesmo não pode dizer-se dos intermináveis quinze minutos de "We Fuck Alone", exercício esgotante onde Gaspar Noé foca, alternadamente, uma rapariga e um rapaz que se masturbam ao assistirem ao mesmo filme em espaços diferentes. A imagem sempre intermitente e a música sinistra, aliadas à redundância das cenas, tornam esta proposta numa das mais cansativas, ficando aquém do que o realizador demonstrou em "Irreversível".

Quase tão entediantes são "Death Valley", de Sam Taylor-Wood, a mais desinspirada das curtas, que se limita a focar um rapaz a masturbar-se no vale que lhe dá título, e "House Call", de Richard Prince, que vale apenas para quem queira recordar sequências de filmes pornográficos old-school.

Com aspirações de funcionar enquanto compilação arrojada, experimental e complexa, "Destricted" só a espaços cumpre esse programa, já que a maioria das suas curtas parece pressupor que ousadia e criatividade se resumem a um recurso ao sexo explícito. De entre as propostas que testam as fronteiras entre a pornografia e a arte, o também recente "Shortbus", de John Cameron Mitchell, insinua-se como um título bem mais consistente e prova que uma pode ser mais satisfatória do que sete.

® Gonçalo Sá

1 Comments:

At 6:50 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Caros cinéfilos!!!
Apresento-vos o meu recente blog de cinema, o Cinema PT - http://cinemapt.blogspot.com/ -

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Pedro Afonso
(Responsável do Blog)

 

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