Hotel Ruanda
Título Original: "Hotel Rwanda" (2004) Realização: Terry George Argumento: Terry George & Keir Pearson Actores: Don Cheadle - Paul Rusesabagina Sophie Okonedo - Tatiana Rusesabagina Nick Nolte - Colonel Oliver Joaquin Phoenix - Jack |
Porque a vida humana é o mais importante. Um homem torna o que era um hotel luxuoso num abrigo para os ruandeses que fogem à guerra civil
1994. Com um hotel luxuoso na capital do Ruanda e uma vida pacata Paul Rusesabagina (Don Cheadle) é um homem realizado e feliz. «Há soldados nas ruas. Estão a matar toda a gente», acaba por dizer a filha a Paul.
É nesta altura que o panorama pacífico da capital ruandesa se altera repentinamente e conhece a intranquilidade quando o país entra numa guerra civil selvagem. Há dez anos atrás cometeram-se algumas das maiores atrocidades na história da humanidade no país africano do Ruanda e Paul em vez de fugir para se proteger, preferiu ajudar os milhares de refugiados a protegerem-se no que antes era o seu hotel luxuoso para turistas e pessoas ricas. O mote é poderoso e poderia ter dois destinos: ou um filme fraco e pouco realista, ou um retrato cinematográfico intenso e realista que dá a conhecer uma história africana dramática e com muitas culpas políticas. Terry George (o realizador) e o redescoberto Don Cheadle conseguiram passar a mensagem num dos bons filmes de 2004.
Este drama baseado em factos verídicos tem o dom de colocar a pensar o espectador sobre o valor da vida humana em momentos críticos. É uma história sobre a esperança, a força interior e a coragem de quem luta por ajudar os outros. Na época a que este filme se refere (1994), já vivíamos numa aldeia global. As Nações Unidas chegam a marcar presença no terreno, mas depressa acabam por sair do país, devido ao aumento dos problemas pela guerra.
O Coronel Oliver (Nick Nolte) é um dos operacionais da ONU, que acaba por aconselhar Paul a resistir e continuar a ajudar o seu povo. Aliás, essa é uma das personagens que traz alguma ironia ao filme. Como um coronel, como ser humano, percebe o crime horrendo que se irá passar ali, como o sente com tristeza, mas também como está impotente, como mero operacional, para fazer a diferença. Tem de seguir ordens e sair de um local em conflito, por não haver vantagens políticas ou económicas para o seu país.
A comunicação social também aparece para retratar a guerra do país em mais uma situação paradigmática. O operador de câmara Jack (Joaquim Phoenix) é um dos mais interventivos mas quando a guerra piora o país é deixado ao esquecimento até pelos media - que se consideram tantas vezes simbolo da liberdade de comunicação e do expor de injustiças.
«Fomos abandonados. Não haverá salvamento, por isso só podemos salvarmo-nos a nós próprios», diz Paul aos seus conterrâneos. Inspirado pelo amor na sua família, este homem comum mostra uma coragem extraordinária ao salvar vidas de dezenas de milhares de refugiados desprotegidos, ao garantir-lhe abrigo no seu hotel. Uma mensagem prevalece: «Temos de nos ajudar uns aos outros. É a única coisa, que nos mantém vivos». 121 minutos de muitas mensagens e bastante sofrimento.
® João Tomé
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