terça-feira, maio 08, 2007

Sunshine - Missão Solar

Título Original:
"Sunshine" (2007)

Realização:
Danny Boyle

Argumento:
Alex Garland

Actores:
Rose Byrne - Cassie
Cliff Curtis - Searle
Chris Evans - Mace
Troy Garity - Harvey


Colaborando novamente com o argumentista/romancista Alex Garland e com o actor Cillian Murphy, Danny Boyle volta à carga depois de Trainspotting e 28 Dias Depois. E, como já seria de esperar, desta vez o género em foco é diferente: uma aventura sci-fi com contornos de ficção científica e thriller psicológico, à mistura com uns pozinhos de série B.

Num universo futuro, o Sol está moribundo e a humanidade ameaçada. Resta para os salvar uma única missão espacial composta por oito cientistas/astronautas, cujo objectivo é lançar rumo à estrela maior uma espécie de bomba injectora de luz - que vai, por assim dizer, reanimá-la e trazer de novo a esperança.
A Icarus II (assim se chama a nave) representa uma missão quase suicida, até porque a anterior tentativa havia falhado e os tripulantes da Icarus I estavam há muito dados como mortos – assim como toda a fé na salvação dos humanos. E esse é um dos factores contra os quais esta tripulação terá de lutar – a juntar ao abismo psicológico, ao risco de loucura, ao tempo e…à surpresa constante.

Sunshine consegue empreender caminhos por diferentes géneros, mesmo pertencendo à partida ao domínio da ficção científica. Talvez só o facto de ser Danny Boyle a realizar prometesse a expectativa de algo diferente, e efectivamente assim o é: o filme consegue fascinar-nos, tirar-nos a respiração, deixar-nos na expectativa e assustar-nos (o tema não é assim tão irreal), apresentando seguramente influências de 2001 - Odisseia no Espaço, de Kubrick (a câmara lenta constante, o ritmo vagaroso e estridente do respirar, as sonoridades estranhas produzidas por um Universo isolado, o domínio das máquinas que controlam toda a missão) e de Alien (a atmosfera claustrofóbica, muitas vezes aterradora, e a existência da própria criatura estranha e ameaçadora nesta história, personificada no enlouquecido capitão Pinbacker – Mark Strong).

O maior trunfo do filme é, sem dúvida, a coerência extraordinária e o delírio visual e narrativo com conta, peso e medida: tocam-nos a sensibilidade e o fascínio dos tripulantes (a cena final com Cillian Murphy, Capa, ou algumas cenas com Cliff Curtis - Searle, são disso ilustrativas, bem como muitas outras situações de limite com que os personagens são confrontados), mas sentimos que Boyle não caiu na fronteira do exagero, do fácil e do inverosímil. De facto, o que há a destacar é que se fica com a sensação de que aquilo poderia mesmo acontecer-nos a nós, humanos: é claro que a personagem de Pinbacker, o louco-todo-poderoso-evangelizado-ao-extremo deixa um ou outro ponto de interrogação, mas essa fica como única marca delirante (ou nem tanto) e acaba por constituir, acima de tudo, um dos principais focos de emoção do filme e o twist mais surpreendente.

De resto, nota-se uma construção de personagens atenta, em que cada um está bem demarcado do outro e apenas com um ligeiro deslize aqui ou ali: Mace (Chris Evans), por exemplo, passa de maluquinho cabeludo a pragmático absoluto a um ritmo acelerado. Já Cillian Murphy (o físico Capa) assume discretamente a carga de herói, na prestação convincente a que já nos habituou noutros filmes (estará ele a tornar-se o actor-fétiche de Boyle?).

Um cenário virtualmente realista de terror psicológico, de relações em declínio pela ameaça da morte, de choque mental, longe do habitual síndroma de espectáculo e da projecção do herói americano e da típica história de amor para embalar (Armageddon lembra-nos alguma coisa?), é, em suma, aquilo com que podemos contar. A ver, e reter.

® Andreia Monteiro

4 Comments:

At 12:08 da manhã, Blogger Ricardo Lopes Moura said...

achas realmente que as unicas influencias são o 2001 e o Alien? eu cá encontrei magotes de referências, tantas que me parece que não há uma ideia ou um frame original.
alex garland é sinónimo de plágio...
o danny boyle lá se esforça, é verdade, e há suspense, mas nunca há novidade. então quando aparece o freddy krugger... plz, não havia mais nada de que pudessem lembrar-se do q de um fanático religioso que sobreviveu 7 anos sozinho numa nave sem controlos ou temperatura ambiente, com o corpo coberto de queimaduras?

http://axasteoque.blogspot.com/2007/04/sunshine-de-danny-boyle.html

 
At 1:26 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Gostei assim assim. O conceito (salvar o sol) é magnífico, mas o realizador não espremeu o sumo tudo.

Flávio
www.a-bomba.blogspot.com

 
At 10:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não gostei assim tanto mas também não saí desiludido. Boyle já fez bem melhor (e um pouco pior), por enquanto serve para ter confiança que um dia ainda volte a fazer um grande filme.

 
At 9:50 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Achei interessante até o momento em que tentam pular no espaço sem trajes espaciais, cobrindo-se contra o frio com trapos. E a ausência de pressão atmosférica fora da nave? E o frio de -273 C? Só faltou trancar a respiração como Cristopher Lambert em A Fortaleza 2. Onde estão os consultores científicos? Será que ninguém no estúdio fez o segundo grau pelo menos?

 

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