domingo, junho 18, 2006

Realizador da Semana: Carol Reed

Multi-aclamado por um filme, oscarizado por outros dois e reconhecido por outros seus num círculo mais restrito, Carol Reed, dotado de um estilo visual interminavelmente inventivo e profundamente inteligente, foi, ao lado de Michael Powell, Emeric Pressburger, David Lean e outros, um dos mais notáveis integrantes da geração britânica de realizadores que transformou, durante algum tempo, a indústria cinematográfica britânica numa meritória rival de Hollywood.

Nascido a 30 de Dezembro de 1906 em Londres, Sir Carol Reed (foi o primeiro realizador britânico a ostentar o referido grau), nasceu no seio de uma família com as melhores credenciais artísticas. Filho ilegítimo de Sir Herbert Beerbohm Tree, o grande actor teatral da sua época, e da amante deste, May Pinney Reed, Carol Reed, desde muito jovem, e com o pai já falecido, demonstrou um elevado interesse pelo teatro, almejando tornar-se actor. Mas a sua mãe não o achava capaz de ganhar a vida nessa área, pelo que encorajou-o a dedicar-se à agricultura até à altura em que reconheceu que Reed também não tinha nascido para a prática agrícola. Estava então de portas abertas para o teatro.

A sua estreia como actor deu-se aos 17 anos, tendo chegado mesmo a produtor passado algum tempo. Em 1931 travou conhecimento com o escritor policial Edgar Wallace, tornando-se seu assistente pessoal e encarregando-se assim da supervisão da adaptação cinematográfica de algumas obras do escritor. Posteriormente tornou-se assistente de realização do cineasta Basil Dean, tendo-se estreado na cadeira principal em 1935 com o filme de aventuras Midshipman Easy. A partir daí dirigiu uma série de comédias ligeiras e melodramas de sucesso, mas ainda iria elevar o nível, ao realizar filmes mais meritórios pelos quais é melhor conhecido, sendo estes alguns: Noite Sem Estrelas, um drama cativante e dotado de uma atmosfera muito realista sobre uma comunidade mineira galesa e suas vicissitudes; Expresso de Munique, intenso thriller cuja acção gira em torno de um espião inglês que se infiltra na Gestapo para salvar a filha de um cientista; A Casa Cercada, um muito tenso filme criminal onde um líder rebelde irlandês se envolve numa fuga às autoridades; O Ídolo Caído, fabuloso thriller dramático onde é descrito um universo adulto a partir dos olhos de uma criança que tem uma adoração por um criado acusado de homicídio; O Terceiro Homem, a obra-prima de Reed, um dos film-noir mais prestigiados de sempre; um marco do cinema pós-guerra, uma das melhores películas britânicas de sempre, um dos filmes mais aclamados dos anos 40 vencedor do prémio máximo em Cannes; Oliver!, magnífica adaptação musical do Oliver Twist de Charles Dickens, que comoveu plateias em 1968 e venceu o Óscar de Melhor Filme, proporcionando a Reed o de melhor realizador e o segundo na conta pessoal, atendendo ao facto de que já tinha conquistado um pelo documentário bélico A Verdadeira Glória de 1945.

Palavras suas: “Os filmes são feitos com medo, preocupação e pânico. Não há felicidade neste trabalho”. Ainda bem que Reed foi um dos sacrificados porque… ele foi um dos bons.

® Artur Almeida