segunda-feira, outubro 17, 2005

O Sétimo Selo

Título Original:
"Det Sjunde Inseglet" (1956)

Realização:
Ingmar Bergman

Argumento:
Ingmar Bergman

Actores:
Max Von Sydow - Antonius Block
Gunnar Björnstrand - Jöns
Bengt Ekerot - Morte
Nils Poppe - Jof


Ingmar Bergman é aclamado pelo seu estilo único de realização e temática abordada que fizeram dele um dos maiores realizadores de todos os tempos. É definitivamente um dos grandes mestres da sétima arte. A sua preocupação incidia essencialmente nos conflitos existenciais, sofrimento, solidão humana, destino, dicotomias vida e morte, e o bem e o mal.

O Sétimo Selo é provavelmente a maior obra-prima do realizador. De facto, apesar de ter realizado mais de 60 filmes, é difícil escolher qual deles é o melhor, pois todos são soberbos. O reconhecimento, por parte da academia de Hollywood, surgiu somente em 1982, conquistando finalmente o Óscar para melhor filme de língua estrangeira com Fanny & Alexander.

O Sétimo Selo pode ser entendido como um manifesto para o existencialismo. Um cavaleiro (Max Von Sidow), regressa das cruzadas, por altura da peste negra, à sua terra natal, encontrando… a Morte. A morte (personificada metaforicamente pelo actor Bengt Ekerot) vem seguindo o cavaleiro e anuncia que chegou a sua hora. É então que o cavaleiro sugere que joguem uma partida de xadrez. Enquanto essa partida durar, o cavaleiro vive. Se perder a partida, o cavaleiro… morre! A morte aceita, a partida de xadrez, sabendo que o cavaleiro dificilmente escapará ao seu destino.

A partida de xadrez dura durante todo o filme ao mesmo tempo que somos confrontados com a procura das respostas a inúmeras questões existenciais à medida que o cavaleiro e seu companheiro vão viajando pelo país. São abordadas questões como o sentido da vida, morte, o destino ou a existência ou não de Deus. Na sua viagem encontram várias pessoas e enfrentam várias situações, tendo sempre a morte à espreita, aguardando o momento de cumprir o seu destino.

O resultado é cinema belo na sua plenitude. Apesar de filmado a preto e branco a fotografia é divinal. As imagens são captadas com uma beleza que ainda hoje é impossível de igualar. Algumas dessas imagens ficarão na nossa mente para sempre. É pura arte! Aliás, possivelmente, este filme a cores, não teria o mesmo efeito nos dias de hoje.

Max Von Sydow e Bengt Ekerot brilham no écrân. Os diálogos entre os dois protagonistas são extraordinários. Mas claramente ficamos fascinados pelo actor que personifica a morte. É bastante convincente e mordaz, embora o personagem também ajude… O personagem “morte” simboliza em O Sétimo Selo, quase como que um ente confessionário na busca das respostas às questões existenciais que surgem ao cavaleiro. Pelo meio existem personagens que vão sendo apanhados pela morte, enquanto que aqueles que têm bom coração são poupados (alusão clara aos cristãos). No fundo, o filme é negro mas ao mesmo tempo apresenta uma sensação de esperança.

Bergman capta o medo do desconhecido e da morte utilizando metáforas e simbolismo. Obviamente que a filmografia de Ingmar Bergman estará sempre associada ao simbolismo e à utilização de metáforas. Ele utiliza-as e bem. No entanto este filme, não é inacessível, como possa parecer. Tem de facto algo mais nas entrelinhas, devendo, por isso, ser visionado mais do que uma vez para tomarmos noção de tudo o que é abordado. É necessário, acima de tudo, estar com disposição para visionar um tipo de filme como este que de alguma forma é intelectualmente acutilante e também visualmente arrebatador, merecendo por isso toda a nossa atenção cinéfila. Imprescindível!

® Sérgio Lopes

3 Comments:

At 2:32 da tarde, Blogger MPB said...

Toda filmografia de BERGMAN liberta algo fascinante, em particular este Setimo Selo e PERSONNA a grande obra.

Cumps

 
At 12:20 da manhã, Blogger Sérgio Lopes said...

Concordo plenamente!
E de facto mencionaste aqueles k para mim foram os mais fascinantes filmes de Bergman. Não há dúvida que persona é também brilhamte. E algo "Lynchiano" não acham?

Cumprimentos.

 
At 10:34 da tarde, Blogger Juom said...

O Lynch é que é algo Bergmanesco :-P

"O Sétimo Selo" é genial, e um dos grandes filmes da obra de um dos maiores realizadores de todos os tempos. De Bergman só se pode e deve esperar algo de grandioso. E é isso que o Sétimo Selo é.

 

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