segunda-feira, outubro 10, 2005

Laranja Mecânica

Título Original:
"A Clockwork Orange" (1971)

Realização:
Stanley Kubrick

Argumento:
Stanley Kubrick, baseado no livro de Anthony Burgess

Actores:
Malcolm McDowell - Alex DeLarge
Patrick Magee - Frank Alexander
Michael Bates - Chefe Barnes


É extremamente difícil escrever algo sobre Stanley Kubrick ou algum dos seus filmes em particular, pois em 46 anos de carreira, realizou apenas um número pequeno de filmes (cerca de 14) sendo todos eles obras-primas dentro do seu género.
Laranja Mecânica, é uma reflexão sobre a sociedade moderna e a corrupção e violência nela existentes. Baseado no livro de Anthony Burguess, na altura da estreia em cinema, foi considerado ultra-violento, perturbador e chocante. E de facto, é um filme violento para 1970 mas que na actualidade não tem esse impacto de ultra-violência. Continua no entanto, completamente actualizado no que diz respeito à temática abordada.

A história gira em torno de Alex, um jovem perturbado e genuinamente mau, cujos únicos interesses na vida são sexo, ultra-violência e …a música de Beethoven. Juntamente com o seu gang (ou segundo Alex, os seus compinchas), todas as noites, percorrem as ruas de uma Londres futurista para espalhar a violência e o caos por onde passam. Numa dessas incursões nocturnas, após ter violado uma rapariga, Alex é preso e submetido a uma terapia revolucionária que defende que Alex poderá ser curado, criando nele um sentimento de aversão à violência. Mas esta terapia tem os seus limites e falhas e terá obviamente as suas consequências…

Tudo em Laranja Mecânica é perfeito. Visualmente é arrebatador. A realização de Kubrick (como sempre) é sublime e cada cena é magistralmente filmada. O argumento é bastante inteligente, criando uma narrativa cativante e as interpretações são soberbas, nomeadamente a de Malcolm Mcdowell, que é simplesmente genial na concepção de Alex. É uma interpretação sem dúvida merecedora de Óscar. A título de exemplo, na cena inicial, em que a câmara se vai aproximando de Alex, o actor consegue transmitir a personificação do mal, apenas através da expressão facial...Brilhante!

Mas para além de tudo o que foi dito, o que de facto contribui para a grandiosidade do filme é a música. Kubrick recorreu a uma das primeiras formas de arte, a música clássica (predominantemente Beethoven), conseguindo criar uma ambiência única no filme, aliás revolucionando o cinema da época, fazendo despertar a extrema importância da música na criação de uma película.

Trata-se, portanto, de um filme algo pesado, é certo, mas de uma beleza extrema. É mais que cinema, é pura arte. Kubrick cria um estudo profundo sobre a manipulação da mente e a natureza do mal e critica os programas de reabilitação e a perda da liberdade de escolha. Tudo é executado de forma perfeita, ou não estivéssemos na presença de Stanley Kubrick, o realizador perfeccionista. Citando Martin Scorcese: “Um filme de Stanley Kubrick, vale por dez filmes de qualquer outro realizador…”.

® Sérgio Lopes

11 Comments:

At 1:20 da manhã, Blogger Daniel Pereira said...

Um dos melhores filmes de Kubrick, ou seja, um dos melhores filmes de todos os tempos.

 
At 8:28 da manhã, Blogger Francisco Mendes said...

Um dos meus filmes da Sétima Arte!
Stanley Kubrick foca grande parte da sua obra na desumanização. O filme satiriza a inaptidão dos governos para controlarem de uma forma natural sociedades. O genial realizador mostra-nos como a violência é algo que habita o âmago de todo o ser humano, manejando a câmara habilmente, tornando a violência alarmantemente atractiva. Ao despoletar a nossa atracção pela violência ele mostra-nos sorrateiramente como ela habita em nós e como eliminá-la nos tornará menos humanos. O filme é um baluarte do cinema moderno. É extraordinário constatar como “Clockwork Orange” com 34 anos (!!!) de existência, continua extremamente moderno.

 
At 11:54 da manhã, Blogger David Santos said...

Um filme de uma violencia atroz.
Um dos marcos do cinema moderno.
Malcolm McDowell num papel que o marcará para toda a vida.

A banda sonora é espectacular.

Kubrick no seu melhor

*****

 
At 2:55 da tarde, Anonymous Anónimo said...

é realmente uma obra-prima!!!! E tem cenas perturbantes, que impressionam qualquer pessoa!!!

 
At 9:14 da tarde, Blogger Sérgio Lopes said...

Para mim o realizador favorito... e talvez o filme que eu recomendaria como um dos melhores de todos os tempos...!

Kubrick rules!

Sérgio Lopes

 
At 11:44 da tarde, Blogger Juom said...

Realmente, não há muito mais a dizer sobre o filme. É fabuloso, um dos melhores de sempre, panteonesco, chocante, mordaz, inovador, com uma realização perfeita da parte de um génio. Excelente comentário a um filme maior do que a vida.

 
At 12:26 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Revi-o hoje(dia 11) no Centro das Artes da minha terra e devo dizer BRUTAL! Aconteceu-me que no primeiro visionamento não retirei, de longe, o mesmo gozo. Já com The Shining foi exactamente igual, o que me intriga.

Foi excelente a referência ao Mal personificado pela expressão facial de Malcolm McDowell. Também achei esse aspecto deveras marcante. E depois há a poderosíssima música... e tudo o resto na máxima força. Enfim, BRUTAL! e ponto.

 
At 12:38 da tarde, Blogger Flávio said...

É o meu filme preferido do Kubrick. Achei-o infinitamente melhor que o livro do Burgess, que é uma merda: o escritor criou um idioma completamente novo que torna a leitura quase impossível. Ainda por cima, a edição que li não tinha qualquer espécie de tradução que auxiliasse o leitor. O Kubrick, pelo contrário, incluiu apenas algumas das novas expressões: o suficiente para ser original, mas também para não ser enfadonho ou demasiado complicado.

Flávio

www.a-bomba.blogspot.com

 
At 6:55 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Kubrick é de facto um realizador deveras talentoso. Ainda não vi este filme, mas espero vê-lo em breve.

Cumps.

 
At 3:45 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Não posso afirmar que este filme é a obra prima do Stanley Kubrick, pois a complexidade do legado que este nos deixou torna impossivel comparar, por exemplo, o 2001-Odisseia no Espaço com o Laranja Mecânica. Tudo no Clockwork Orange é belo, relembro a poesia de Alex ao som do seu Ludwig van enquanto se deliciava com imagens de extrema violência. Ao contrário do que escreveram aqui, a violência não habita o âmago de todo o ser humano mas a mestria de Kubrick consegue, por momentos, torna-la fascinante. Quero dar os meus Parabéns ao crítico Sérgio Lopes, não só pelo excelente comentário mas também por mencionar um filme que incompreensivelmente foi esquecido neste blog.

 
At 12:22 da tarde, Blogger Sérgio Lopes said...

Pablito, obrigado pelos elogios e havemos de nos encontar para ver o resto do legado do Kubrick e algumas pérolas ASIAN. 1 abraço.

Sérgio lopes.

 

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