sexta-feira, novembro 30, 2007

Yamakasi

Título Original:
"Yamakasi: Les samouraïs des temps modernes" (2001)

Realização:
Ariel Zeitoun & Julien Seri

Argumento:
Luc Besson & Philippe Lyon

Actores:
Châu Belle Dinh - Baseball (Oliver Chen)
Williams Belle - L'Araignée (Bruno Duris)
Malik Diouf - La Belette (Malik N'Diaye)
Yann Hnautra - Zicmu (Ousmane Dadjacan)


Um grupo de acrobatas de domingo diverte-se a escalar prédios antes de irem para o trabalho, numa altura em que o desporto radical Parkour era uma novidade. Na verdade, esse é o único fito do filme, dar a conhecer o desporto dos macacos urbanos.

Infelizmente, e como ocorre sempre nestes casos, o argumento foi feito em cima do joelho, e por crianças com problemas de aprendizagem. Os Yamakazi são sete marmanjos, e só por serem sete é que são apelidados de samurais (nome idiota para quem não anda de espada nem tem um mestre para proteger). A razão de não haver uma única mulher no grupo poderá ser meramente sexista ou, lá está, o guião ter sido escrito por meninos, e os meninos não incluem meninas nos seus jogos. É uma regra de ouro.

Os Yamakasi gostam de escalar prédios nos tempos livres, e como isso é arriscado e presume-se emocionante, as crianças têm-nos como heróis e querem imitá-los. Um menino com problemas cardíacos é incitado por dois amigos a subir a uma árvore e cai, sendo-lhe dadas 24 horas de vida ou substitui o coração. Não havendo dadores disponíveis em França, tem de recorrer-se ao tráfico de órgãos, coisa ilegal mas encarada como normalíssima, o que importa é salvar uma vida. Mas já se sabe que comprar um coração custa um balúrdio, que a mãe do miúdo não tem.

É aí que entram os Yamakasi. São acusados de terem inspirado a criança que caiu (o que nem foi verdade) e, cheios de remorsos mas de bolsos vazios, decidem ajudar a todo o custo. O médico (o mesmo que propôs o negócio ilegal e espera o dinheiro) diz que o Hospital não custeia o coração, só a operação, e que os sete (coincidência não aproveitada) directores do Hospital não estão para isso. Os Yamakasi roubam do consultório uma folha com as moradas dos tais directores, mas a sua intenção não é interceder junto deles. É roubá-los o suficiente para poder pagar o coração.

Por outras palavras, o lema é roubar antes de perguntar. Claro, não há tempo a perder. Tem toda a lógica, especialmente depois de termos ouvido os Yamakasi jurarem a pés juntos que lá porque escalam prédios, nunca quebraram a lei. Bom, um coração no mercado negro é razão para mudarem de ideias, caso contrário não iriam poder andar a saltar de um lado para o outro e a mostrarem para o que serve o Parkour. Sete roubos em sete residências, tudo isso numa manhã e com a polícia à perna. Nem por isso é lá muito impressionante, estragando a única ambição do filme.

Há também um polícia bom, como é da praxe, que quer ajuda a criança e sabe das intenções dos Yamakasi, mas os restantes membros da força policial são dados como inaptos e imbecis. No final da história, ele despede-se. Por outras palavras, o único polícia de jeito vai para o desemprego, como se isso fosse de louvar. Ficam os que não prestam e saem os bons. Desmotiva.

No geral, entre tanta situação que não faz sentido nenhum (com muitas confusões no final, em que o dinheiro já não chegava para pagar o coração, Yamakasi presos e soltos, etc), fica-se apenas com uma amostrita do Parkour e com uma banda sonora FM.

Como praticamente todas as produções de Luc Besson, esta também é para esquecer.

® Ricardo Lopes Moura