domingo, julho 30, 2006

Realizador da Semana: John Carpenter

John Carpenter é seguramente um dos maiores realizadores de culto de sempre e um dos mais importantes e reconhecidos das últimas décadas, principalmente na Europa. Dá-se magnificamente com o terror e é também, por excelência, um fantástico entusiasta cinematográfico do western, género que homenageia constante e eximiamente nas suas obras. De certa maneira, até podemos catalogar vários filmes seus como “westerns metafóricos”, obras essas dotadas de um entretenimento apaixonante e de uma inteligência invulgar e fascinante.

Nascido John Howard Carpenter a 16 de Janeiro de 1948 em Nova Iorque, o americano mudou-se muito cedo com a família para o Kentucky, onde passou a sua infância. Desde muito novo que demonstrou um forte interesse por cinema, principalmente pelos westerns de Howard Hawks e John Ford, e também por vários filmes de baixo orçamento de ficção científica e terror dos anos 50. Como jovem adolescente, chegou a filmar algumas curtas-metragens de terror e, o seu pai, professor universitário de música, influenciou-o bastante no desenvolvimento das suas capacidades musicais, sendo que Carpenter é também um grande virtuoso na composição de bandas sonoras, tendo até chegado a formar a banda The Coupe de Villes nos anos 70. Depois de ter feito o liceu, frequentou a Western Kentucky University, mas, a certa altura, decidiu transferir-se para a University of Southern California para estudar cinema. Lá, colaborou fortemente na curta-metragem The Resurrection of Broncho Billy, vencedora do Óscar em 1971.

Apesar de nunca ter estado ligado directamente às estatuetas douradas (o seu cinema não faz o estilo da Academia), Carpenter é senhor de uma filmografia imensamente respeitável, sendo estes alguns dos seus filmes mais relevantes: Assalto à 13ª Esquadra, um fabuloso e empolgante thriller de acção considerado uma espécie de versão moderna de Rio Bravo de Howard Hawks; Halloween – O Regresso do Mal, um dos mais emblemáticos e melhores filmes de terror de sempre, com o qual Carpenter ajudou pessoalmente o género a ganhar importância nas bilheteiras, granjeando-lhe também uma expressão artística de vanguarda; O Nevoeiro, outro dos melhores filmes de terror de sempre, com uma trama sobrenatural fascinantemente misteriosa e uma banda sonora intensamente arrepiante; Nova Iorque 1997 e Fuga de Los Angeles, dois magníficos action-movies sobre as incríveis aventuras do emblemático Snake Plissken, dotadas de um entretenimento fortemente aprazível e de uma inteligência bem acentuada; Veio do Outro Mundo, um soberbo thriller de ficção científica de onde a forte tensão psicológica não arreda pé e onde os elementos de paranóia e suspense são tratados com uma mestria exemplar; As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarim, uma incrível bizarria delirante que é uma comédia de acção e fantasia ao melhor estilo série B; Eles Vivem, um thriller de ficção científica e acção intensamente subversivo e de um poder metafórico de elevado fascínio.

Disse ele outrora: “Prefiro que me chamem “autor” do que “imbecil”, mas eu sou só um realizador de “westerns” e faço os filmes que me divertem.” Chamem-lhe génio… e ficamos conversados.

® Artur Almeida