sexta-feira, maio 25, 2007

O Atirador

Título Original:
"Shooter" (2007)

Realização:
Antoine Fuqua

Argumento:
Jonathan Lemkin, baseado no livro de Stephen Hunter

Actores:
Mark Wahlberg - Bob Lee Swagger
Michael Peña - Nick Memphis
Danny Glover - Coronel Isaac Johnson
Kate Mara - Sara Fenn


Um exímio atirador de elite é transformado em bode expiatório num assassinato ao mais alto nível e tem a difícil missão de manter-se vivo, escapar às autoridades e aos perseguidores, provar a sua inocência e vingar-se de quem o traiu.

Atentados ao Presidente dos EUA são, em Hollywood, à palete (só em 2006 houve “End Game”, “O Sentinela” e “Death of a President”), e “Shooter” não é excepção.Infelizmente, maus filmes de acção também o são, e “Shooter”, uma vez mais...

A teoria da conspiração, com um homem injustiçado e a abater que, sozinho, vira o jogo, já vem de trás, foi glorificado por Stallone com “Rambo” e por David Jannsen e Harrison Ford em “O Fugitivo” (série e filme, respectivamente), mas até a recente saga de Jason Bourne revela muito mais desenvoltura.

A um filme de acção não se pede originalidade mas efectividade, não se pede boa representação mas que seja simplesmente musculada, não se pede intelectualização mas apenas uma injecção de adrenalina. Alheio a pedidos, Antoine Fuqua não distingue a diferença entre explodir coisas e dar a saboreá-las. Até para quem aprecia a vulgaridade, a ausência de emoção e intensidade é entorpecedora. Quando as pipocas sabem melhor do que o filme, sabemos que algo está mal.

A mistura de patriotismo com militarismo e homicídio justificado (a mensagem final é: se a justiça não os apanha, mata-os tu próprio) continua a revelar os EUA como um país onde a “pena” é incomparavelmente mais fraca do que a “espada”. É feita menção a Abu Ghraib e a não existirem armas de destruição maciça no Iraque, e a Etiópia surge como pano de fundo geo-político da ganância americana, com oleodutos e aldeias chacinadas pelo meio, tudo dito com uma leveza tal que podíamos ouvi-lo juntamente com o café da manhã sem entornar uma gota.

Antoine Fuqua destacou-se com “Dia de Treino”, um policial coeso e claustrofóbico que valeu a Denzel Washington o Óscar de Melhor Actor, mas “Assassinos Substitutos”, “Operação Especial” e “Rei Artur” erraram completamente o alvo. “Shooter” mantém a cadeia descendente.

Quanto a Mark Wahlberg, o filme que pretendia estabelecê-lo como herói de acção (“Equipa Mortal”, de 1998) foi um fiasco, e na maior parte das vezes este actor de baixa estatura e grande musculatura só se tem distinguido como humano quando comparado a outros primatas (remake de “Planeta dos Macacos”, de Tim Burton).

Mereceu, contudo, respeito pelo trabalho em “Boogie Nights - Jogos de Prazer”, e foi inteligente em cimentar a carreira com papeis de grupo (“Três Reis”, “A Tempestade”, “Um Golpe em Itália”, “Os Psico-Detectives”, “Quatro Irmãos” e “Entre Inimigos”). Aqui, consegue ser o herói mais aborrecido e sem vigor de que há memória, que nem sequer muda de expressão ao saber que o seu fiel cão de caça (e de estimação) foi morto por aqueles que querem enterrá-lo. O físico ajuda ao papel, mas a credibilidade do personagem exigia também um cérebro; mesmo que fosse só a fingir.

® Ricardo Lopes Moura

3 Comments:

At 1:10 da manhã, Blogger Ricardo Lopes Moura said...

alguma razão para teres omitido os três últimos parágrafos da minha crítica?

 
At 1:13 da manhã, Blogger Ricardo Lopes Moura said...

http://axasteoque.blogspot.com/2007/04/shooter-de-antoine-fuqua.html

 
At 12:44 da tarde, Blogger Isabel said...

Peço imensa desculpa. Foi uma mera distracção, sem qualquer má intenção. O erro fica então corrigido.

cumprimentos, Isabel

 

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