sexta-feira, setembro 30, 2005

O Homem Elefante

Título Original:
"The Elephant Man" (1980)

Realização:
David Lynch

Argumento:
Eric Bergren, Christopher DeVore & David Lynch

Actores:
Anthony Hopkins - Dr. Frederick Treves
John Hurt - John Merrick
Anne Bancroft - Mrs. Kendal



The Elephant Man apresenta-se como um biopic bastante distinto do que é normal! Não sei inclusive até que ponto pode ser categorizado desta forma mas, para todos os efeitos, aquilo que é importante destacar é que esta obra de David Lynch é um dos grandes filmes da 7ª arte e uma jóia digna de figurar em qualquer videoteca.

O Dr. Frederick Treves desloca-se a uma feira popular em busca de um “freak show”. Acaba por encontrar um em que a sua maior atracção é uma “criatura” chamada o Homem Elefante. Após pagar ao “dono” da “criatura” uma quantia monetária de modo a fazer alguns testes médicos nesta aumentando assim a sua reputação. Após usar a “criatura” para os seus propósitos, Treves entrega-a de novo ao “dono” que, num acesso de fúria, espanca o Homem Elefante. Muito ferido e com uma grave bronquite a agravar ainda mais a sua situação leva a que o Dr. Frederick o admita no hospital para tratamento. Com o tempo, Treves acaba por descobrir que, a suposta “criatura”, esconde um homem que, não só consegue falar, como apresenta-se como um indivíduo extremamente culto...

Baseado numa história verídica,
The Elephant Man constitui um dos retratos humanos mais emocionantes alguma vez vistos no cinema. Com um nome como o de David Lynch na cadeira de realizador muitos, os mais desatentos talvez, poderão achar estranho um filme desta natureza dirigido por ele, no entanto, se é verdade que esta obra é a mais “convencional” de toda a sua filmografia, não é menos verdade que grande parte de tudo o que o caracteriza se encontra presente em The Elephant Man. A cena inicial, final e a ida ao teatro de John Merrick (o Homem Elefante) são, provavelmente, as mais distintas e onde encontrámos ligações com filmes posteriores de Lynch (principalmente na estranha mistura de arte e emoção como só ele sabe fazer). A obsessão pela indústria, o mecânico, o sujo, de Lynch é perfeitamente capturada neste filme, por um lado pelo facto da sua acção desenrolar-se em plena Inglaterra Victoriana e por outro através da fascinante fotografia a preto e branco de Freddie Francis. Convém igualmente enaltecer as brilhantes interpretações da parte de Anthony Hopkins e John Hurt sem as quais o filme nunca resultaria de forma tão eficaz como resulta.

O mais importante no entanto a focar em
The Elephant Man prende-se com a temática principal deste filme: o julgamento daquilo que é diferente do habitual. E é exactamente sobre este tema que Lynch, mais que qualquer outro realizador (apenas Tim Burton em Edward Scissorhands consegue atingir algo semelhante e, embora de forma distinta, Todd Browning em Freaks) consegue marcar a diferença. Em vez de cair na tentação do julgamento fácil, o homem desfigurado e indefeso vítima de uma sociedade que não aceita o que foge da “norma”, Lynch vai muito mais longe ao conseguir que, qualquer pessoa que visione The Elephant Man se questione sobre a sua própria natureza e, até que ponto, noutras ocasiões, não manifestaremos todos nós atitudes de incompreensão e, até certa medida, preconceituosas relativamente a distintas situações! Será possível nós, seres humanos, acharmo-nos no direito de julgar alguém, julgar um acto, partindo do princípio que somos detentores de uma qualquer verdade inegável e incontornável? Não será o conceito em si quase tão mau como o acto? Estas questões e outras cabem a nós, espectadores de cinema e membros de suposta sociedade moderna responder... se puder ser com a ajuda de uma obra-prima como esta, tanto melhor!

Bons filmes e até para a semana...

® Bruno Sá


4 Comments:

At 1:12 da manhã, Anonymous Anónimo said...

figura entre os meus melhores filmes de sempre!!! Absolutamente imperdível!!!!

 
At 12:45 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Excelente crítica.
Apesar de me entristecer, também achei o filme brutal.

 
At 3:04 da tarde, Anonymous Anónimo said...

um filme e tanto faz a pessoa repensar sobre a vida vale a pena assistir

 
At 8:24 da tarde, Blogger Unknown said...

O filme faz realçar que o Monstro pode estar dentro de nós, e não fora, no caso nem dentro nem fora!

 

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