sexta-feira, outubro 26, 2007

Um Coração Poderoso

Título Original:
"A Mighty Heart" (2007)

Realização:
Michael Winterbottom

Argumento:
John Orloff, baseado no livro homónimo de Mariane Pearl

Actores:
Dan Futterman - Daniel Pearl
Angelina Jolie - Mariane Pearl
Archie Panjabi - Asra Q. Nomani
Mohammed Afzal - Shabir


Depois de Sarajevo e Guantánamo, Michael Winterbottom volta a tratar a questão do terrorismo, desta vez do outro lado da barricada. Baseado na história verídica de Marianne Pearl (publicada em romance pela própria), sobre o rapto do seu marido (o jornalista do Wall Street Journal Daniel Pearl) no Paquistão, no inverno de 2002, por seguidores de Khalid Sheikh Mohammed, que viriam a decapitá-lo em vídeo.

O filme cobre os dias de incerteza e esperança por que Marianne Pearl passou, grávida de vários meses, enquanto as investigações prosseguiam, a sua angústia e força de vontade até à notícia final, noticiada por todo o mundo. É fantástica a cena em que, em entrevista para a televisão, lhe perguntam se gostaria de deixar alguma mensagem para o seu marido ausente e ela olha directamente para a câmara e diz apenas “Amo-te”.

Winterbottom tinha aqui uma missão semelhante à de Paul Greengrass em Voo 93, o de instilar interesse, emoção e suspense numa história cujo desfecho é do conhecimento público. Rigoroso na sua abordagem e em deixar a história respirar apenas quando lhe convinha, conseguiu bloquear o exterior e dar-nos o factor pessoal através dos olhos de Marianne/Angelina, conjugando factores políticos com investigação policial num ambiente inóspito de medo e do qual os ocidentais conhecem tão pouco. Por uma questão de segurança, todas as cenas em que Angelina Jolie entrou foram filmadas na Índia e não no Paquistão.

A aposta de Winterbottom foi ganha. O drama humana foi exposto com sensibilidade e o resto é uma trama de alta tensão e nervosismo calculado. Mesmo sabendo que Daniel Pearl não vai ser encontrado com vida, esperamos ainda assim que o celulóide reveja esse mesmo lapso. o fanatismo racial e religioso é que sai a perder.

® Ricardo Lopes Moura