domingo, maio 07, 2006

Realizador da Semana: Peter Jackson

Quem diria que um realizador que começou a notabilizar-se com filmes marginais de série B de orçamentos absolutamente irrisórios viria a se consagrar nos dias de hoje como um dos cineastas mais poderosos de Hollywood, manejando orçamentos altamente megalómanos? Mas é assim Peter Jackson, um dos mais importantes realizadores da actualidade a nível mundial. Nascido a 31 de Outubro de 1961 em Pukerua Bay, Nova Zelândia, Jackson, filho único, ainda muito novo recebeu uma câmara de 8mm com a qual filmava pequenos filmes caseiros com a ajuda dos amigos, sendo o próprio o fabricante dos efeitos visuais. Mas foi aos nove anos que o neo-zelandês, ao visualizar o clássico absoluto de 1933 King Kong, de tão fascinado e impressionado que ficou, soube que o seu sonho era o de tornar-se um realizador a sério, levando-o (o sonho) também muito a sério, tal foi a marca que o filme lhe deixou. Por isso, Jackson continuou imparavelmente a fazer os seus filmes amadores, tendo abandonado a escola aos dezassete anos e arranjado trabalho num jornal local, com o salário do qual comprou uma câmara de 16 mm. Mas houve um filme que, apesar da intenção inicial ter sido igual à de tantos outros seus filmes não profissionais, tornou-se diferente de tudo o que já havia feito.

Com um orçamento quase inexistente, a ajuda de alguns amigos, um empenho superlativo, Jackson criava quase quase sozinho, em quatro anos, uma longa-metragem que mudaria a sua vida. Era uma comédia de horror alienígena denominada Carne Humana Precisa-se, e tornou-se um clássico de culto instantâneo depois de o neozelandês ter arranjado maneira de o exibir no Festival de Cannes, onde fez furor permitindo a Jackson tornar-se num realizador profissional.

O passo seguinte deu-se com Feebles, Os Terríveis, delirante e hilariante filme de fantoches nada aconselhado a crianças mas muito recomendado a quem aprecia irreverência extrema. Seguiu-se Morte Cerebral, aclamada comédia gore novamente de extremos, vencedora da edição de 1993 do Fantasporto. Mudou de registo com Amizade Sem Limites, um drama criminal muito humano vencedor do Leão de Ouro em Veneza. 1996 foi o ano de Agarrem-me Esses Fantasmas, comédia de fantasia e terror que não se destacou tanto quanto filmes anteriores e portou-se humildemente na bilheteira. Era então a hora da trilogia fantástica O Senhor dos Anéis. Composta pelos filmes A Irmandade do Anel, As Duas Torres e O Regresso do Rei, é indubitavelmente uma das sagas mais amadas, virtuosas, populistas, lucrativas e premiadas (17 Óscares) a que meio Mundo se rendeu, constituindo um marco absoluto na história do cinema. O seu recente King Kong, remake do filme da sua vida, não atingiu o sucesso artístico e comercial da anterior trilogia, mas não deixa de ser um sólido e meritório pilar na sua filmografia.

Com The Lovely Bones na pré-produção, avizinha-se então um regresso a um cinema mais intimista e contido que não deverá interessar a meio Mundo, mas… não será razão para nos chatearmos.

® Artur Almeida