sábado, abril 15, 2006

Lost in Translation - O Amor é um Lugar Estranho

Título Original:
"Lost in Translation" (2003)

Realização:
Sofia Coppola

Argumento:
Sofia Coppola

Actores:
Scarlett Johansson - Charlotte
Bill Murray - Bob Harris
Giovanni Ribisi - John
Anna Faris - Kelly


Depois do relativo sucesso do seu independente As Virgens Suicidas, Sofia Coppola realizou esta pérola cinematográfica. De facto, ter um pai que sabe fazer cinema (Francis Ford Coppola) deve ter contribuído para isso.

Lost In Translation fala-nos de Bob Harris (Bill Murray) e Charlotte (Scarlett Johansson): dois americanos em Tóquio. Bob é uma estrela de cinema que se deslocou a esta cidade para gravar um anúncio a um Whisky, enquanto Charlotte é uma jovem que anda a reboque do marido John (Giovanni Ribisi), um fotógrafo viciado em trabalho. Incapazes de dormir, os caminhos de Bob e Charlotte cruzam-se, uma noite, no luxuoso bar do hotel...E é partir daqui que os dois iniciam uma amizade surpreendente.

Num filme normal, Bob e Charlotte tinham simplesmente tido um caso romântico. No entanto, aqui isso não decorre, pois Lost In Translation não é um filme qualquer. O que realmente acontece é uma amizade linda, devido ás circunstâncias: sentem-se os dois sozinhos, num país desconhecido e cujas tradições e língua não compreendem. No fundo, precisam de um amigo e precisam de alguém que os perceba. O desenvolvimento da história demora o seu tempo, pois é necessário mostrar-nos antes porque é que apesar de parecerem tão diferentes, Bob e Charlotte têm tanto em comum para partilhar.

Na realização, Sofia Coppola fez um óptimo trabalho. É notável a forma como nos são transmitidas as sensações de solidão e isolamento quando estamos num país que nos é estranho. Todo o filme tem cenas memoráveis, como aquela conversa em que Charlotte e Bob trocam ideias sobre o futuro, a família, os filhos. Ou aquela em que Bob tenta tomar banho, mas repara que o chuveiro é demasiado baixo para um americano alto como ele. E de muitas outras cenas se poderia falar; cenas essas cheias de humor e longos silêncios, devido ás diferenças culturais entre a América e o Japão.

Quanto ás interpretações, Bill Murray esteve suberbo no seu papel de americano perdido e isso valeu-lhe a nomeação para o Óscar de Melhor Actor Principal em 2004. Nunca a sua típica ironia pareceu tão perfeita. A belíssima Scarlett Johansson, teve aqui a interpretação que a elevou ao estrelato e que foi bem merecida. A menina doce e simpática foi o papel perfeito para ela. Os diálogos naturais entre os dois, a maneira como são abordadas as relações inter-pessoais e o facto de pensarmos que isto poderia acontecer a qualquer pessoa faz-nos reflectir muito na nossa vida.

Juntando a isto a excelente banda sonora que lhe assenta que nem uma luva (com nomes como os Air ou Kevin Shields), a fotografia realista de Lance Acord (com diversas "explosões" de cor) e o final perfeito (de ir ás lágrimas!), obtém-se um dos melhores filmes de sempre e talvez o melhor filme a abordar o tema da solidão. Os 66 prémios que ganhou por esse mundo fora, dizem tudo. Porque no fundo, todos nós queremos ser encontrados e encontrar igualmente o nosso destino!

® Mário Lopes

1 Comments:

At 4:18 da tarde, Blogger Marcus Vinícius said...

Tal pai, tal filha. Está no sangue da família Coppola. O filme é nota 11. O Bill Murray está fantástico mesmo, totalmente diferente do fraquíssimo "Broken Flowers". Esperar pra ver como ela se sai em "Marie Antonniete".

 

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