sexta-feira, abril 21, 2006

Homem Bicentenário

Título Original:
"Bicentennial Man" (1999)

Realização:
Chris Columbus

Argumento:
Nicholas Kazan, Isaac Asimov & Robert Silverberg

Actores:
Robin Williams - Andrew Martin
Sam Neill - Sir Richard Martin
Embeth Davidtz - Little Miss/Portia Charney
Oliver Platt - Rupert Burns


Bicentennial Man de Chris Columbus é um filme que passou bastante despercebido ao público na altura em que foi lançado e, das poucas vezes em que sobre ele se falou foi, por norma, para falar mal. Julgo que esta obra é uma “vítima” de uma péssima opção de marketing por parte da produtora que insistiu em anunciar com pompa e circunstância este filme com o rótulo de “filme familiar”. Bom, para quem tenha um pouco de paciência e consiga ultrapassar umas quantas falhas a nível de argumento, Bicentennial Man pode tornar-se numa agradável surpresa.

Num futuro não muito distante, a possibilidade de adquirir um andróide para fazer tarefas domésticas é algo acessível a qualquer família. Um destes andróides é comprado pela família Martin que, com o passar do tempo, começa a verificar que Andrew (é esse o nome do andróide) está a desenvolver capacidades como por exemplo, a capacidade de sentir emoções. A partir deste ponto Andrew, ao longo de 200 anos, vai lutar pelo direito a ser tratado como um ser com sentimentos, inteligência, no fundo, como um ser humano.

Embora o filme comece de uma forma lenta e algo desajustada a verdade é que acaba por evoluir para algo muito diferente de um “filme familiar”. A realização, embora com uma ou outra falha, é de uma forma geral eficaz, como aliás é apanágio em Chris Columbus. O argumento é outro dos pontos que tem as suas falhas o que, se tivermos em conta que é baseado em dois contos de Isaac Asimov, consegue facilmente entender-se. Quem já leu os romances e contos deste autor tem consciência da complexidade que os rodeia e, numa adaptação cinematográfica, é normal que algo fique sempre em falta. Um dos problemas prende-se com as diferentes personagens que vão atravessando a vida de Andrew. A verdade é que nenhuma delas chega a ser devidamente desenvolvida e, devido às constantes elipses de tempo, ficamos sempre com curiosidade de melhor compreender as suas motivações, o que não ocorre. Apesar destas falhas a verdadeira “estrela” do filme, o seu protagonista, Andrew, é uma personagem extremamente bem desenvolvida e tal acaba por minimizar os estragos que as falhas do guião anteriormente comentadas podiam ter causado. Uma chamada de atenção para a brilhante actuação de Robin Williams (para variar) e todo o trabalho de caracterização que é, pura e simplesmente, fa-bu-lo-so!!!

Concluindo, Bicentennial Man é um filme que, se analisado com atenção, consegue oferecer mais do que se poderia esperar. O questionamento daquilo que nos define como humanos, o direito à vida e, consequentemente, à morte e outras questões levantadas por esta obra não deixam de nos pôr a reflectir sobre as mesmas e tal é sempre de louvar. Embora possa não resultar na perfeição, este é um filme que merece uma segunda oportunidade... o que não significa obrigatoriamente que vá resultar com toda a gente...

Bons filmes e até para a semana...

® Bruno Sá