terça-feira, setembro 25, 2007

Lady Chatterley

Título Original:
"Lady Chatterley" (2006)

Realização:
Pascale Ferran

Argumento:
Pascale Ferran & Roger Bohbot

Actores:
Marina Hands - Lady Chatterley
Jean-Louis Coullo'ch - Parkin
Hippolyte Girardot - Clifford
Hélène Alexandridis - Mrs. Bolton
Hélène Fillières - Hilda


A jovem Lady Constance Chatterley perdeu-se de apetites pelo guarda-caça da sua propriedade, e rondou-o como um abutre indeciso até que o pobre homem, inicialmente um misantropo incorrigível, se decidisse a apalpá-la e, com a sua licença, ir mais além. Ela é casada, mas o seu marido está confinado a uma cadeira de rodas desde que regressou da Primeira Guerra Mundial. Ao contrário deste, o guarda-caça é encorpado e ainda mexe as três pernas.

D.H. (David Herbert) Lawrence publicou O Amante de Lady Chatterley em 1928, e fê-lo em Itália para evitar a censura do seu próprio país. Considerado o livro mais eroticamente explícito à época, tinha também um cunho político implícito, ou não fosse o seu autor um liberal que promovia a emancipação feminina, e historicamente as mulheres em Inglaterra e EUA tinham acabado de adquirir o direito ao voto.

Depois de Just Jaekin (Emmanuelle) e Ken Russell (Whore), é a vez de Pascale Ferran realizar esta história de amor. Para preparar os actores para as cenas de sexo, agendou seis semanas de ensaios intensivos, mas o resultado desenxabido é mais uma amostra de como os franceses conseguem reduzir um filme sobre o desejo a um bocejo de tédio. Se entregassem esta missão às mãos sábias e experientes de um Tinto Brass...

Numa nota mais séria, todos sabemos o enfado com que os franceses filmam o sexo, pelo que a falta de faísca nas cenas ditas eróticas não causa admiração. Só que o filme gravita em redor do par, e a inconsistência do jogo sexual (volta, Adrian Lyne, estás perdoado) e a ausência de concupiscência assumida inquinam, em grande parte, o projecto. O espaço bucólico e pastoral das paisagens é simples, como se tivessem filmado no primeiro local onde calhou, sem preocupação estética pelas cores da folhagem ou beleza dos cenários de um verde desmaiado. A actriz Marina Hands é a vida do filme, e realmente nota-se-lhe um grande amor pela arte de representar (escusado seria mostrá-la a correr nua pelo bosque, com mais celulite no rabo do que árvores em redor), amor esse que é totalmente alheio a Jean-Louis Coullo’ch, que interpreta o guarda-caça com uma inépcia digna de um homicídio caridoso (em prol da Sétima Arte).

Em suma, Lady Chatterley é um filme simpático quando não se centra no caso amoroso central (onde é claramente incapaz), mas escusava de arrastar-se morosamente durante três horas. O facto de ter ganho cinco Césares não diz muito sobre este filme, mas sobre os outros filmes em competição.

® Ricardo Lopes Moura

2 Comments:

At 11:01 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Só para discordar do último parágrafo... outro dos títulos fortes dos Césares e que perdeu o prémio de melhor filme para este foi o "Não Digas a Ninguém" que é um excelente filme, para mim o melhor thriller que estreiou nas nossas salas de cinema este ano.

 
At 10:08 da tarde, Blogger Flávio said...

«escusado seria mostrá-la a correr nua pelo bosque, com mais celulite no rabo»

lol Eu acho que foi a celulite (entre outras coisas, claro) que tornou o filme tão especial e interessante. Por uma vez, e em vez das bimbas louras de Hollywood, temos uma história de amor entre duas pessoas de carne e osso, com defeitos e imperfeições como todos nós.

 

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