sábado, janeiro 13, 2007

Faster, Pussycat! Kill! Kill!

Título Original:
"Faster, Pussycat! Kill! Kill!" (1965)

Realização:
Russ Meyer

Argumento:
Russ Meyer e Jack Moran

Actores:
Tura Satana - Varla
Haji - Rosie
Lori Williams - Billie
Sue Bernard - Linda


Varla (Tura Satana), Rosie (Haji) e Billie (Lori Williams) não são propriamente umas meninas bem comportadas. Dançarinas exóticas de profissão, elas gostam de aproveitar os seus tempos livres após as árduas noites de trabalho para corridas de velocidade no deserto, lutas corpo-a-corpo e jogos sexuais pouco convencionais… numa dessas tardes bem passadas encontram um inocente casal de namorados; após vencerem, de uma forma desleal, o desgraçado numa corrida, acabam por sová-lo até à morte e raptar a menina. No caminho de regresso encontram uma família singular composta por um pai rico preso a uma cadeira de rodas, um filho alto, forte e espadaúdo mas burro que nem uma porta e o outro filho mais normal que ainda vive com aqueles dois porque tem pena deles. Na tentativa de sacarem o dinheiro ao velho decidem ficar por lá, mas a coisa vai dar para o torto…

Quando pensamos em Russ Meyer (conhecido como o Fellini da indústria do sexo), vem-nos à cabeça a série de soft-porno-flicks levados a cabo no final dos anos 60 e em toda a década de 70 onde um grupo de mulheres com nomes muito apelativos e soutiens tamanho 42 copa D passam a vida a saltitar e satisfazer o seu insaciável desejo sexual. Filmes como Wild Girls of the Naked West, Beyond the Valley of the Dolls ou Beneath the Valley of the Ultra-Vixens marcaram uma época e fizeram as delícias de todos aqueles que têm o fetiche da mulher viril, maléfica, dominadora e obviamente portadora de um generoso par de mamas. Faster, Pussycat! Kill! Kill! é (apesar do nome) talvez o seu filme mais sério (sem uma única cena pura de comédia ou nudez) e aquele que mais gostei, embora não seja o mais acessível nem de todo o mais divertido; é um filme arrojado e visionário para a época, sendo provavelmente um dos primeiros a dar à mulher um papel de má da fita de uma forma tão fria e vil que normalmente só é associada a um homem.

Os dotes corporais das senhoras superam claramente o seu talento para a interpretação que aqui e além roça o caricato (embora o papel desempenhado por Tura Satana seja digno de realce) e o argumento baseia-se em diálogos que mais parecem uma colagem de frases de engate, mas a realização eficaz de Meyer aliada a uma boa banda sonora e à crueza duma cinematografia a preto e branco de qualidade superior transformam este filme num objecto de culto com direito a inúmeros clubes de fãs (uma banda punk alemã adoptou inclusivamente o nome do filme) e a reposições constantes em festivais. Não tenho a mínima dúvida de que estas três moçoilas constituíram uma nítida inspiração para Tarantino ao caracterizar as DiVAS (Deadly Viper Assassination Squad) em Kill Bill.

® João Nogueira