quinta-feira, setembro 29, 2005

Larry Flint

Título Original:
“The People vs. Larry Flynt” (1996)

Realização:
Milos Forman

Argumento:
Scott Alexander & Larry Karaszewski

Actores:
Woody Harrelson – Larry Flynt
Courtney Love – Althea
Edward Norton – Alan Isaacman


Este é o biopic de Larry Flynt, figura com enorme popularidade nos Estados Unidos. Conforme é mostrado no filme, muitos crêem que é pelas piores razões, visto o americano se ter celebrizado pelos seus feitos no mundo da pornografia, mais concretamente na publicação de revistas da especialidade, prática nada apreciada pelos mais conservadores.

De início somos introduzidos nas suas origens humildes onde o vemos com o irmão Jimmy, ainda crianças, a tentar vender aguardente, mas uma vez acabados os créditos iniciais da obra, já vemos Larry Flynt – Woody Harrelson – como dono de um clube de striptease, que, por sinal, não é lá muito próspero. No dito clube, que gere com o irmão, acaba por começar um relacionamento com a stripper Althea – Courtney Love –, que virá a revelar-se a mulher da sua vida, embora Flynt, tal como Althea, se revelem anti-monógamos, não levantando qualquer problema por isso, antes pelo contrário.

Para combater a falta de êxito financeiro de que o seu estabelecimento padece, Flynt decide dedicar-se à publicação de material pornográfico, via que, não obstante os contratempos que lhe traz, o transforma num autêntico magnata da indústria pornográfica. Para que tal tenha acontecido, muito povo contribuiu, ao aderir ao que o negócio das publicações para maiores de idade da sua autoria lhes oferecia, mas do outro lado, do lado antagónico, também está muito povo e sedentos da queda e desgraça de Flynt eles estão. É com base nesta ideia que o filme se desenrola ao vermos a luta de um homem por aquilo em que acredita mas que muitos consideram de obsceno. Desde as constantes, mas curtas, lutas de tribunais, passando por experiências religiosas, conflitos pessoais, ambientes de droga, envolvimentos em casos que dizem respeito a altos organismos do Estado, Larry Flynt enfrenta como pode as vicissitudes do estilo de vida que escolheu.

A certa altura da película, Flynt profere uma frase ao seu advogado – Edward Norton – que espelha exemplarmente como é a obra em questão: “Sou o cliente dos teus sonhos, sou divertido, sou rico e estou sempre em sarilhos”. É isto: o filme gira à volta de Flynt, dos seus problemas e da sua luta, e além de rico é divertido, é um facto. Milos Forman mais recentemente, em Homem na Lua (outro biopic), colocou drama e comédia aliados e aqui a cantiga ainda se apresenta mais despreocupada. Quem espera ver um quadro negro aterrador da perturbada vida de Larry Flynt vai talvez sair mais desiludido que no já citado título anterior, embora haja espaço para cenas realmente tristes, duas ou três e provavelmente ficamos por aqui. A verdade é que Woody Harrelson – nomeado ao Óscar de melhor actor – dá à sua personagem uma incrível e conseguidíssima comicidade deveras inesperada para um filme que devia ser esperado como um retrato perturbador de alguém, cujo trajecto captado no filme é terrivelmente atribulado. Podemos chegar até ao ponto de afirmar que estamos perante uma biografia light, contrastando com os métodos habituais do género onde é costume as ambiências dramáticas serem mais vigentes. Para anular tal característica, contribui o adequado ritmo despachado e, sobretudo, mas sobretudo mesmo, a natureza cómica pacóvia de Flynt onde impera correntemente o absurdo, que se revela hilariante não poucas vezes.

Portanto, e estando perante uma obra assumidamente light, sabe bem ver um registo diferente nos meandros do género e quem não se importou mesmo nada foi o Festival de Berlim que lhe atribuiu o Urso de Ouro.

® Artur Almeida

5 Comments:

At 10:39 da manhã, Blogger David Santos said...

Milos Formam e mais uma analise controversa da sociedade americana.

Grandes insterpretações e um excelente filme

 
At 2:17 da tarde, Blogger gonn1000 said...

Daria a mesma classificação, mas não acho que seja um filme light, pelo contrário, aborda muitos temas e tem momentos intensos (especialmente uma cena com a Althea). Ah, e a Courtney Love esteve muito bem!

 
At 4:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá,

David Santos: só é salutar que elas existam, e sim, os actores estiveram lindamente.

gonn1000: Claro que os temas não são nada leves e como referi, há 2 ou 3 cenas realmente tristes/intensas, mas achei o filme como 1 biopic light devido à falta de carga ou intensidade dramática que é auto-imposta praticamente durante todo o filme e que resulta, estando a obra muitíssimo mais pautada por ambientes cómicos que por dramatismos sérios. O filme acaba por girar à volta da comicidade flyntiana, com espaço para os tais momentos intensos que referi e que são belíssimos. E sim, a Courtney esteve muito bem!

Cumprimentos

 
At 11:28 da tarde, Anonymous Anónimo said...

vi-o no hollywood há uns tempos e gostei bastante. e agora uma coisa : será que a personagem de woody em 'ela odeia-me' (para mim, um dos melhores filmes do ano) é baseada nesta??!! a mim parece-me um bocado.. see ya!!

 
At 11:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Também o vi no Hollywood. Quanto à personagem de Woody, o "Ela Odeia-me" ainda não chegou à minha Madeira, por isso... Mas quando o ver estarei atento a essa comparação.

Cumps

 

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