quarta-feira, julho 19, 2006

Go - A Vida Começa às Três da Manhã

Título Original:
"Go" (1999)

Realização:
Doug Liman

Argumento:
John August

Actores:
Katie Holmes - Claire Montgomery
Sarah Polley - Ronna Martin
Suzanne Krull - Stringy Haired Woman
Desmond Askew - Simon Baines


Embora tenha gerado blockbusters competentes – Identidade Desconhecida e Mr. e Mrs. Smith -, Doug Liman é um dos novos realizadores norte-americanos cujo percurso inicial parecia destacá-lo como mais do que um mero tarefeiro, devido a filmes como o curioso “Swingers”, de 1996, e, sobretudo, Go – A Vida Começa às Três da Manhã, de 1999.

Este último, que teve o infortúnio de passar algo despercebido na data da estreia, distingue-se no entanto de muitos dos filmes da mesma origem geográfica sobre adolescentes que surgiram em finais de anos 90, enquadrando-se num registo cómico de gosto duvidoso.

A película de Liman, no entanto, aproxima-se mais de Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, do que de American Pie – A Primeira Vez, de Paul Weitz, não só pela estrutura narrativa, que apresenta três histórias diferentes com algumas personagens em comum, mas também pelo conjunto de situações inesperadas, offbeat e surpreendentes que contém.

Seguindo o quotidiano de vários jovens ao longo de 24 horas, Go – A Vida Começa às Três da Manhã desdobra-se entre Los Angeles e Las Vegas e visita uma série de espaços diurnos e nocturnos, focando tanto a banalidade bocejante de um supermercado como – e principalmente – a adrenalina palpitante dos meandros das raves, locais decisivos para o rumo da acção.

Cruzando drama, humor e thriller, o filme possui uma vibrante energia, fruto da sólida combinação de imagem e som, originando um ritmo muito próprio e repleto de pequenas reviravoltas que, embora pareçam insignificantes para uma personagem, acabam por afectar as peripécias de outras, uma vez que Liman coordena com eficácia as interligações entre as três histórias.

Avesso a moralismos que facilmente poderiam fazer desperdiçar a sua criativa vertente formal, Go – A Vida Começa às Três da Manhã respeita as ambivalências humanas das suas personagens e não se torna num panfleto sobre o consumo e tráfico de droga ou a homossexualidade, elementos presentes na narrativa mas que felizmente Liman não pretende tornar num “tema”.

Recorrendo a rewinds, focando assim o mesmo acontecimento sob pontos de vista diferentes, o filme utiliza-os de forma pertinente, não tendo como fim um mero exercício de estilo mas complementando-os com o jogo de acasos e acidentes que marcam as peripécias dos jovens em causa. As Regras da Atracção, de Roger Avary, recorreria também a este modelo três anos depois, alargando ainda mais o experimentalismo visual com raízes nos videoclips e apostando em atmosferas mais niilistas.

Mesmo com um argumento coeso e realização à altura, Go – A Vida Começa às Três da Manhã não seria muito convincente caso os actores não correspondessem, mas o elenco é bastante sólido e inclui alguns nomes em ascensão como Sarah Polley, Katie Holmes ou Scott Wolf (da série Adultos à Força), que são capazes de conceder densidade às suas personagens. A banda sonora é igualmente bem escolhida, composta por canções dos Massive Attack, Leftfield, Air, No Doubt, Esthero ou Fatboy Slim.

Nem todas as histórias têm o mesmo nível de interesse – a segunda, decorrida em Las Vegas, é demasiado esgrouviada e menos imprevisível do que as restantes –, há algumas personagens que poderiam ter mais espessura e o desenlace não congrega a carga dramática presente noutros momentos (como os do “final” da primeira história), mas Go – A Vida Começa às Três da Manhã sobrevive bem a esses entraves, proporcionando uma recomendável experiência cinematográfica com um irresistível carácter lúdico.

® Gonçalo Sá

3 Comments:

At 4:29 da tarde, Blogger Carlos M. Reis said...

Eu não gostei Gonçalo. Vi-o recentemente e ao chegar ao fim, só pensei: "E então?"

Completamente indiferente.

Um abraço!

 
At 7:30 da manhã, Blogger gonn1000 said...

Falta lá a Jolie, não é? :P
Não tem muita substância, mas tem uma energia pouco comum e é mais criativo do que a maioria dos teen movies que aí andam.

 
At 12:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

n acredito k hajam pessoas k fikem indiferentes ao ver o filme!
tem uma criatividade enorme ao influenciar-nos com as varias personagens tornando-as todas "principais"... gostei mto

 

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