terça-feira, novembro 22, 2005

Alice

Título Original:
"Alice" (2005)

Realização:
Marco Martins

Argumento:
Marco Martins

Actores:
Nuno Lopes - Mário
Beatriz Batarda - Luísa


Uma Lisboa sombria sob os olhos de um pai ferido na alma pela ausência da filha é a história que alimenta a primeira longa-metragem de Marco Martins e que parece ser um início auspicioso para o jovem realizador. Nuno Lopes e Beatriz Batarda são os actores que protagonizam intensamente um dos melhores filmes portugueses.

O silêncio e a ausência de diálogo marcam a primeira meia-hora do filme. Mas engane-se quem pense que, por isto, se irá assistir a um típico filme português - Alice é uma longa-metragem diferente daquilo a que nos habituámos a ver no cinema português. Não é o típico filme português de autor, com imagens monótonas ou demasiado paradas, nem o filme a tentar aproximar-se dos blockbusters norte-americanos. Então, como se define Alice? Um filme bem realizado e com uma história tocante que prende o espectador, sem nunca se tornar melodramático ou monótono.

«Tenho fé absoluta no poder das imagens para contar uma história», disse recentemente o realizador. E é uma Lisboa sombria e ameaçadora que somos convidados a ver, tudo com o objectivo de sentir a mágoa de Mário (Nuno Lopes), um pai que não vê a filha, Alice, de 4 anos, há 193 dias. A brutalidade do amanhecer, para este pai já habituado à dor diária, leva-o a repetir o mesmo percurso que fez no dia em que Alice desapareceu.

O actor Nuno Lopes – mais conhecido por papéis cómicos na televisão (Herman SIC), novelas e teatro – está quase bem diferente. Emagreceu, deixou crescer a barba e tem também a sua estreia como protagonista no cinema, intensa e muito promissora. Acompanhamos assim, a personagem de Mário, numa Lisboa azul-cinzenta, muito diferente da cidade luminosa de outros filmes, na sua busca incessante pela filha.
A obsessão leva-o a colocar câmaras de vigilância, na esperança de reconhecer uma cara na multidão anónima, ver uma pista, um sinal… Entre pequenos momentos de esperança em que Mário conhece outras personagens, também elas sozinhas e isoladas da cidade onde vivem – como é o caso de Luisa (Beatriz Batarda) – e o desespero, uma coisa parece comum a esta história de ausências, a cidade é aqui um local de abstracção, onde se pode viver profundamente isolado. «Interessava-me na história de Alice explorar sobretudo a obsessão. Alguém que perde uma filha e que, sentindo-se impotente para agir, cria um sistema paralelo de funcionamento, exterior à sociedade em que vive», explicou Marco Martins, 32 anos, na nota de intenções do filme.

Nota-se neste filme distinguido em Cannes com o prémio Jeunes Regards, e muito elogiado pela crítica internacional (estreou a semana passada em França), semelhanças com o célebre Paris, Texas, de Wim Wenders e essa foi mesmo uma das inspirações de protagonista e realizador. Já a história foi inspirada no caso real e mediatizado de Filomena, uma mãe que busca o filho (Rui Pedro), desaparecido há sete anos, a quem o realizador dedica o filme. Destaque ainda para a ausência de figurantes nas filmagens, muito graças às pessoas do meio urbano terem ignorado a câmara - uma situação que aconteceu, de facto, e que acaba por ser retratada no filme.

® João Tomé

2 Comments:

At 1:14 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Um filme demasiado sobrevalorizado.

Abraços

 
At 12:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Um dos grandes filmes Portugueses dos ultimos temos.Vencedor de prémios em todo o mundo, o ultimo na Argentina!.Bela estreia de Marco Martins.

 

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