domingo, outubro 09, 2005

Realizador da Semana: Elia Kazan

Se há realizador que rivalize veementemente com Francis Ford Coppola pelo “título de mais relevante” para a carreira do actor dos actores Marlon Brando, esse é sem dúvida o pioneiro Elia Kazan, que combate Apocalypse Now e O Padrinho com Há Lodo No Cais, Um Eléctrico Chamado Desejo e até Viva Zapata!.

Nascido Elias Kazanjoglou a 7 de Setembro de 1909 em Constantinopla (agora Istambul, na Turquia) no seio de uma família grega, Kazan emigrou para Nova Iorque aos quatro anos. Em 1930 estreou-se como actor no Group Theater e na década de 40 converteu-se no director prodígio da Broadway ao pôr em palco clássicos lendários como Um Eléctrico Chamado Desejo, com Marlon Brando, tal como na posterior versão cinematográfica, e A Morte de Um Caixeiro Viajante.

Estreou-se na realização em 1945 com o drama Laços Humanos e dois anos depois levou para casa o Óscar de Melhor Realizador por A Luz é para Todos, uma denúncia ao anti-semitismo galardoada ainda com o Óscar de Melhor Filme, mas não sem antes ter dirigido Spencer Tracy e Katharine Hepburn no western dramático Terra de Ambições e o filme noir Crime Sem Castigo. Uniu-se a John Ford na realização de Herança Cruel e logo a seguir havia de dirigir aquele que, em retrospecto, consideraria como o seu primeiro filme “a sério”, o sólido thriller Pânico nas Ruas. Chegava então a vez do emblemático Um Eléctrico Chamado Desejo, o filme que fez de Marlon Brando uma verdadeira estrela e que se diz ter inaugurado a tão famosa técnica representativa “O Método”. Brando colaboraria com Kazan mais duas vezes: encarnaria o líder revolucionário mexicano Emiliano Zapata em Viva Zapata! e brilharia como um ex-boxeur que tenta manter a dignidade em tempos de crise num dos filmes americanos mais importantes de sempre, Há Lodo no Cais. Neste seu período áureo, além de outras obras de significante relevância, Kazan ainda teve tempo para novas obras-primas marcantes, sendo uma delas A Leste do Paraíso, um portentoso melodrama familiar onde o mítico James Dean se fez estrela e símbolo de uma geração. Outro título seria Esplendor na Relva, comovente drama romântico onde Warren Beatty e Natalie Wood formavam um par inesquecível.

Depois do poderoso América, América, Kazan tornou-se um escritor de enorme sucesso, mas ainda conseguiu encantar com obras posteriores. Só nos resta não as ignorarmos… a nenhuma, aliás.

® Artur Almeida

5 Comments:

At 2:47 da tarde, Blogger RCh said...

Elia Kazan é realmente uma interessante figura do panorama cinematográfico norte-americano. No entanto, a sua importância na história do cinema não se fica pela sua filmografia: as denúncias de Kazan foram desempenharam um importante papel na "caça às bruxas" efectuada pelo Governo Norte-Americano nos anos 50. Este episódio foi um dos pontos chaves da história da sétima arte.

 
At 7:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pois foi, RCh. Estive a matutar imenso sobre se incluiria esse episódio no texto, mas a verdade é que achei por bem não prolongá-lo demasiado- mesmo assim acabou por ser o texto mais longo até à data. Mas agradeço-te a referência a tão marcante episódio da história do cinema protagonizado por Kazan, que viria a dizer que não ficou arrependido.

Cumprimentos

 
At 11:42 da tarde, Blogger Juom said...

Kazan é dos realizadores cuja obra pouco conheço. Mas ele é o realizador de On the Waterfront, e isso seria suficiente para o colocar no degrau máximo de qualquer hierarquia cinéfila :-P O filme é fabuloso e a isso também ajuda a interpretação de Brando, que eu tenho cá para mim que é a melhor de todos os tempos.

E parece que os grandes realizadores estão também eles talhados para grandes polémicas. Kazan, tal como Griffith anos antes, por exemplo, dificilmente se irá livrar da fama de algumas opções extra-carreira. Mas a sua obra certamente prevalecerá acima de tud isso...

 
At 12:15 da manhã, Anonymous Anónimo said...

On the Waterfront foi fabuloso(nota máxima)! Vi também East of Eden que gostei imenso(****). Já A Streetcar Named Desire, apesar de cenas marcantes, não achei tão bom, mas também já foi há muito tempo e 1 revisão poderia modificar. Quanto às polémicas de Kazan e já agora Griffith, o poder e mediatismo elogioso da sua obra prevalece, até porque a sua dimensão é tão elevada que polémicas importantes como essas tornam-se algo secundárias a nível mundial. Cada um pensa como quer mas os feitos de Kazan tornaram-no, aos olhos do mundo em geral, muito mais realizador que pessoa condenável.

 
At 9:52 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Elia Kazan, é talvez o expoente máximo da realização.Para além da sua capacidade tecnica,reconhecida na atribuição dos mais variados galardões, tem um predicado unico, que é na condução cinematográfica dos actores. Ele tirava o máximo partido que um actor podia dar, essa obtenção teve um momentos mágicos com James Dean no filme A Leste do Paraíso, na história em que a relação com seu próprio pai de James Dean, se faz sentir na na obra obtida. E Marlon Brando astro maior do cinema, que com ele se projectou para o mundo do cinema de uma forma umbilical. Sem eles o cinema seria certamente uma expressão de arte menor.

cumprimentos

jorge santos

 

Enviar um comentário

<< Home