domingo, julho 24, 2005

Psico

Título Original:
"Psycho" (1960)

Realização:
Alfred Hitchcock

Argumento:
Joseph Stefano

Actores:
Anthony Perkins - Norman Bates
Janet Leigh - Marion Crane
Vera Miles - Lila Crane
John Gavin - Sam Loomis
Martin Balsam - Detective Milton Arbogast


Quando digo que gosto de filmes antigos, refiro-me à época em que foram produzidos visto que há filmes tão especiais que ganham o sentido e o significado de intemporalidade. Psico é um dos filmes mais conhecidos de Alfred Hitchcock – o «mestre do suspense» que gostava de jogar com os medos das pessoas. Quem não sabe que é deste filme a famosa cena do chuveiro em que uma jovem é brutalmente apunhalada até à morte ao som da famosa e “cortante” música de Bernard Herrmann? Psico é um dos filmes de terror mais famosos de sempre, tendo exercido influência sobre os demais filmes do género.

O argumento de Psico foi adaptado por Joseph Stefano partindo do arrepiante (porém esquecido) livro homónimo de Robert Bloch, que por sua vez se baseou em acontecimentos reais ocorridos no final da década de 50 nos E.U.A. Ed Gein, o lendário psicopata do Wisconsin que chocou a nação ao cometer uma série de assassinatos e feito uma série de coisas macabras com os cadáveres das vítimas. A crueldade deste assassino inspirou filmes como The Texas Chainsaw Massacre (1974) e O Silêncio dos Inocentes (1991), entre outros.

A história do filme é localizada no tempo com relativa precisão numa Sexta-feira, 11 de Dezembro, exactamente às 2 horas e 43 minutos. Uma câmara dá uma visão geral (filmada de helicóptero) da cidade de Phoenix e pouco a pouco aproxima-se para espreitar pela janela de um quarto de motel onde estão Marion e Sam, que namoravam em segredo. Não nos esqueçamos que no tempo em que este filme foi realizado existia uma rígida censura aos conteúdos dos filmes em terras do Tio Sam, todo o filme foi pensado ao pormenor e há uma notória preocupação a nível da moral, visto que até o soutien de Marion nesta cena foi desenhado de forma a não mostrar generosamente os seus “atributos”. Marion Crane era uma rapariga de boa moral e queria casar-se, por isso não queria mais encontrar-se com Sam (que acumulava dívidas que o pai deixara) em segredo. Em mais um suposto dia normal de trabalho no escritório de uma agência imobiliária (Hitchcock gostava de figurar nos seus filmes e aqui vê-mo-lo na rua através da montra quando Marion entra) um cliente rico exibe volumosos maços de notas que ela deveria ir depositar no Banco. Sem resistir à tentação Marion rouba os 40.000 dólares e parte no carro ao encontro do namorado em direcção à Califórnia.

No caminho perde-se devido à fraca visibilidade resultante da tempestade que se fazia sentir naquela noite e vai parar ao Motel Bates. É um sítio isolado e ela é a única pessoa hospedada no motel do jovem Norman Bates, tímido e solitário que tem por passatempo a taxidermia (empalhar animais mortos) e vive com a sua demente mãe, da qual apenas se vê a silhueta à janela da sinistra casa um pouco afastada do motel. Embora este Norman – interpretação esplêndida que marcou para sempre a carreira de Anthony Perkins – seja diferente da personagem do livro que serviu de ponto de partida ao argumentista, simpatizamos com a sua complexidade. Depois duma conversa no pequeno escritório de Norman, Marion volta ao quarto e parece arrependida por ter roubado o dinheiro, estando disposta a devolvê-lo e decide tomar um relaxante duche. É então que se dá uma reviravolta na história e a jovem é brutalmente assassinada por alguém com uma faca de trinchar.

Surge então a personagem do detective Arbogast contratado por Lila, a irmã de Marion, para encontrá-la e fazer com que devolvesse o dinheiro. Entretanto o detective desaparece sem deixar rasto após ter ido ao motel, onde sabia que Marion estivera e Lila e Sam decidem investigar pelos seus próprios meios. O final do filme talvez deixe algo por explicar melhor, mesmo sabendo quem matou Marion, mas não vou contar para vos incentivar a descobrir por vocês mesmos, porque embora o filme não assuste tanto como em 1960, mantém o seu brilho original. Neste filme os seres naturais que tanto povoam os filmes de hoje são postos de lado e afinal o monstro assassino é humano, embora as suas motivações talvez estejam para além da chamada capacidade de compreensão racional.

Hitchcock resolveu filmar Psico a preto e branco (com um orçamento inferior a um milhão de dólares e utilizando a equipa do programa Alfred Hitchcock Presents) pois considerava o filme demasiado sangrento para ser filmado a cores. Queria provar que um realizador com talento podia fazer um filme barato e bom e conseguiu-o. Fez um dos filmes que definitivamente temos de ver antes de morrer. O sucesso de Psico deu origem a duas sequelas (que não tiveram muito sucesso): uma em 1983, realizada por Richard Franklin e outra em 1986, pela mão de Anthony Perkins. O remake a cores de Psico, que provavelmente muitos conhecerão, foi realizado em 1998 por Gus Van Sant.

® Isabel Fernandes

3 Comments:

At 2:07 da tarde, Blogger Daniel Pereira said...

Fantástico filme de Hitchcock, realizado, como sempre no realizador, ao pormenor. A cena do chuveiro é das mais conhecidas em toda a história do cinema e Anthony Perkins é igualmente inesquecível. E a música de Herrmann...

E, apesar do filme ter 45 anos, cuidado com os Spoilers. Análise interessante, mas muito descritiva.

 
At 4:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mais um belo clássico :D!

Cumps. cinéfilos

 
At 9:42 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Não costumo "comentar" os meus próprios comentários de filmes, mas o primeiro comentário deixou-me um tanto incomodada. Na minha humilde ignorância julguei que aqui podia expressar livremente a minha opinião, parece que não. Gostaria de esclarecer que não sou nenhuma crítica de cinema, apenas comento filmes que gosto e às vezes mesmo os que não gosto, por isso lamento se o comentário a Psico não ficou ao agrado de toda a gente. Mais uma vez na minha humilde ignorância, quando leio uma coisa sobre um filme acho interessante algumas informações sobre o seu contexto, a forma como foi realizado, curiosidades da rodagem do filme, e às vezes é um pouco disso que pretendo escrever, sempre com boa intenção. Ás vezes alongo-me em demasiado por velhos hábitos de escrita. Sugerir onde se pode melhorar, isso sim é um comentário ou crítica construtiva para mim.

 

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