quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Um Ano Sem Amor

Título Original:
"Un Año sin amor" (2005)

Realização:
Anahi Berneri

Argumento:
Anahi Berneri & Pablo Pérez

Actores:
Juan Minujín - Pablo Pérez
Mimí Ardu - Tía
Carlos Echevarría - Nicolás
Bárbara Lombardo - Julia


Pablo é um jovem que regista no seu diário as experiências rotineiras do seu dia-a-dia, desde as idas recorrentes ao centro de saúde para lidar com a sua condição de seropositivo até às deambulações nocturnas por bares ou salas de cinema, onde vai encontrando companhias tão imprevisíveis quanto fugazes.

Com uma vida social restrita, que inclui pouco mais do que as ocasiões em que se encontra com a família (ou o que resta dela) e com o seu melhor (e único?) amigo, o protagonista de Um Ano Sem Amor, primeira longa-metragem da argentina Anahí Berneri, adere então a reuniões vincadas por práticas S&M, o seu mais recente escape para lidar com as frustradas tentavivas de conhecer alguém que o ajude a sair de uma certa apatia existencial.

Nebulosa crónica urbana do quotidiano de um jovem adulto à deriva, o filme proporciona um olhar realista sobre a solidão e a inadaptação, tornando-se num interessante estudo de personagem. Contaminado por uma aura lacónica pontualmente interrompida por alguns momentos de humor (negro), Um Ano Sem Amor convence pela realização segura, onde a câmara à mão é adequada aos ambientes soturnos e emana a espaços alguma energia visual.

Embora foque questões controversas como a SIDA ou a homossexualidade, a película nunca resvala para o moralismo ou para o choque fácil, evitando julgar as suas personagens e gerando assim um drama sóbrio, sem grandes rasgos de criatividade mas uns furos acima da mera competência.

Berneri apresenta um argumento coeso, capaz de explorar eficazmemente vários aspectos da vida do protagonista de forma verosímil, e mostra também solidez na direcção de actores, com destaque para Juan Minujín no papel principal.

Desencantado mas não miserabilista, ousado sem ser estridente, Um Ano Sem Amor é uma boa primeira-obra, mais uma a reter entre as que o novo cinema argentino tem oferecido nos últimos anos, onde constam realizadores promissores como Albertina Carri (Géminis) ou Santiago Amigorena (Alguns Dias em Setembro). À semelhança destes, convém seguir Anahí Berneri com alguma atenção, que apesar de não assinar aqui um grande filme também não deixa de evidenciar potencial.


® Gonçalo Sá

4 Comments:

At 5:35 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Um ano inteirinho sem amor? Acho que não aguentava.

Flávio

 
At 8:32 da manhã, Anonymous Anónimo said...

It's just a movie :)
Mas muito real, às vezes :(

 
At 1:29 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu em matéria de amores reais não posso dar lições a ninguém, acabo de sair de uma experiência desastrosa. Mas pronto, felizmente sempre há os filmes para fazer esquecer.

Flávio

 
At 12:05 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Infelizmente essas experiências calham a todos, não só nos filmes. Mas pode ser que depois haja um final à comédia romântica :)

 

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