Next - Sem Alternativa
Título Original: "Next" (2007) Realização: Lee Tamahori Argumento: Gary Goldman & Jonathan Hensleigh Actores: Nicholas Cage - Cris Julianne Moore - Callie Ferris Jessica Biel - Liz Thomas Kretschmann - Mr. Smith |
Lee Tamanhori excedeu todas as expectativas com o seu filme de estreia, Once Were Warriors, e marcou a saída de Pierce Brosnan como 007 (entretanto, andou a marinar na mediocridade de No Limite e na mera eficiência de A Conspiração da Aranha, passando pela realização de um episódio dos Sopranos, em 2000). Em 2005, provou que era capaz de transformar qualquer um num herói de acção (no caso, o desajeitado rapper Ice Cube) e Nicolas Cage, de flop em flop (Ghost Rider), quis ir beber à mesma fonte. Mas nem Lee Tamahori foi capaz de parar a bola de neve da carreira de Cage.
Next repete o conceito de Déjá Vu, de Tony Scott. Nesse filme, havia uma máquina que permitia ver quatro dias e meio no passado, para que se pudesse evitar um ataque terrorista (já ocorrido), aqui Nicolas Cage é capaz de ver dois minutos dentro do seu próprio futuro, e evitar um ataque terrorista que está em preparação. Claro que dois minutos não chegam para nada, por isso o guião, de repente, arrepia caminho pela inverosimilhança dentro e Nicolas vê mais e melhor, além de até se transformar em Multiple Man. E como ele sabe exactamente o que vai acontecer-lhe e evita-o, onde está o suspense?
Next é uma mistura de aventura e ficção científica, mais um veículo para Nicolas Cage aparecer com implantes capilares risíveis e mostrar uma musculatura que já parece estranha no seu rosto envelhecido e carregado de base (ou um peeling mal sarado). World Trade Center, Wicker Man – O Escolhido e Ghost Rider já nos prepararam para o facto de ele já não constituir selo de qualidade, e agora podemos dizer com propriedade que Julianne Moore (Misteriosa Obsessão e Freedomland – A Cor do Crime) e Jessica Biel (Blade 3 e Declaro-vos Marido e Marido) são outro sinal para que se fuja quando os seus nomes estão no cartaz.
O papel de Julianne Moore mostra-a como uma agente do FBI capaz de tudo para conseguir o que quer, incluindo torturar o herói, o que aparentemente é permitido, porque ela nem sequer recebe uma reprimenda. Jessica Biel é a miúda à nora que se envolve com Cage, num daqueles romances incoerentes que só em filme, e vê-se que ela não foi talhada para fazer de conta que gosta dele. Quanto aos terroristas, coitadinhos, são tão planos que se vê que ninguém pensou realmente neles. Querem explodir qualquer coisa, mas ninguém sabe com que intenção ou para que fim. Terroristas instantâneos, voilá, é só juntar água e mexer.
Os efeitos especiais são medianos e pouco abundantes, e só a música de Mark Isham poderia redimir tanto bocejo. Mas é melhor optar pelo disco. Next é uma fita que se vê com curiosidade, mas no fim percebe-se claramente que não valeu a pena. Quanto ao próprio final... nunca se viu coisa mais abrupta e insatisfatória (em vez de engenhosa, como os argumentistas devem ter analisado).
® Ricardo Lopes Moura
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