segunda-feira, agosto 22, 2005

A Ilha

Título Original:
"The Island" (2005)

Realização:
Michael Bay

Argumento:
Caspian Tredwell-Owen, Alex Kurtzman & Roberto Oci

Actores:
Ewan McGregor - Lincoln Six Echo
Scarlett Johansson - Jordan Two Delta
Djimon Hounsou - Albert Laurent
Sean Bean - Merrick


Cenários bem construídos (com nítidas influências de Matrix e Relatório Minoritário), muita acção, uma boa fotografia, realização dinâmica e um argumento apelativo, assente na muito promissora premissa "E se eu descobrisse que sou um clone, e não um humano?". Estas são, à partida, as mais-valias que o realizador Michael Bay (Armageddon, O Rochedo), um dos representantes do cinema de acção em grande estilo, apresenta com o seu novo filme em cartaz - A Ilha.

A história localiza-se temporalmente em 2019, algures numa espécie de retiro para onde são levados e preservados os últimos representantes da espécie humana com hipótese de salvação perante a "contaminação". Lincoln Six Echo (McGregor) e Jordan Two Delta (Johansson) são dois desses "privilegiados" que, além dos ténis de marca e do fatinho fitness, partilham um especial afecto um pelo outro - apesar da constante vigilância a que são submetidos por um género de ecossistema muito particular que lhes promete o passaporte para "a ilha". Esta não é mais do que o lugar de todas as utopias, alegadamente o último espaço à face da Terra não contaminado.

Mas, o que acontece quando de repente toda uma existência no ecossistema é colocada em causa? Lincoln Six-Echo - um Ewan McGregord deliciosamente à vontade no papel de meio-adolescente/meio-adulto, com scottish accent ou sem ele - será o protagonista de acontecimentos marcantes, ao perceber que afinal "a ilha" não existe e que ele, bem como todos os outros, são simplesmente clones à espera da eliminação quando já tiverem preenchido as necessidades dos seus "sponsors" humanos.

Bay - que aproveita para fazer a migração de alguns elementos de Armaggedon, humanos (como Steve Buscemi, mais uma vez maluquinho, no papel de McCord) e emocionais (o final deste A Ilha tem a mesma inocência a puxar pela lágrima do seu antecessor) - tem neste filme um bom trunfo, que é sem dúvida o argumento muitíssimo bem idealizado (ou, pelo menos, a base dele). O grande problema é o encaminhamento que lhe dá: de ambientes ultra chill-out para cenas de acção viscerais, muito bem filmadas a um ritmo alucinante e com uma proximidade muito real, mas que ainda assim introduzem uma acentuada quebra no interesse da película a nível global, apesar de lhe darem uma dinâmica inquestionável. Pondo a questão noutros termos, é como se de repente Bay nos sacudisse da cadeira, brindando-nos com um outro tipo de filme em que rasgos de humor e uma acção trepidante nos distraem do objectivo que movia os personagens... e esta parte prolonga-se provavelmente mais do que o aconselhável.
A par desta "obsessão" pelo movimento - que, de resto, os actores principais incorporam sem mácula, sobretudo McGregor -, não deixam de haver algumas falhas, como a demasiado fácil fuga de Lincoln e Jordan, e a súbita passagem de Argent (Djimon Hounsou, lembram-se de Gladiador e aquele senhor que dizia "not yet"?) para o lado dos bons.
Já do final nem se fala: depois de ter começado seriamente a introduzir a polémica questão da clonagem humana (méritos merecidos para Sean Bean, mais uma vez muito bem como o vilão Dr. Merrick), Bay subverte de repente toda a lógica ao encenar uma utópica vitória dos clones, completamente irreal e surreal apesar de feliz.

Em suma: A Ilha não deixa de ser uma boa proposta, cativante a espaços e assente num interessantíssimo tema que já gerou grandes filmes como Matrix. Como filme de acção/thriller ligeiro/ficção científica preenche expectativas, já que nem o final feliz, nem o conflito bons vs maus, nem os cenários faltam... mas poderia ter chegado muito mais longe.

® Andreia Monteiro

4 Comments:

At 5:32 da tarde, Blogger Francisco Mendes said...

Definitivamente este filme passa-me ao lado. Não é nada pessoal contra Bay, simplesmente a vida está cara para perder 5€ nisto... :P

 
At 6:16 da tarde, Blogger MPB said...

Pois para mim o filme é um monte de ideias mal aproveitadas, pelo exibicionismo de Bay.

Deu para perceber uma nova faceta de Bay, mas não chega.

Cumps

 
At 11:40 da manhã, Anonymous Anónimo said...

De facto, o argumento foi mal aproveitado.

Cumps. cinéfilos

 
At 12:03 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Não há palavras, um grande filme de ficção que prende qualquer pessoa ao ecrã do princípio ao fim.

 

Enviar um comentário

<< Home