domingo, setembro 10, 2006

Realizador da Semana: Orson Welles

É verdade que Orson Welles é senhor de um filme (O Mundo a Seus Pés) cujo estatuto é único no Mundo e, também por isso, incomparável ao de qualquer outro seu objecto cinematográfico. Mas, ao contrário de cineastas como Michael Curtiz (Casablanca) ou Victor Fleming (E Tudo o Vento Levou; O Feiticeiro de Oz), que dirigiram, respectivamente, um e dois marcos monumentais da história do cinema não atingindo um reconhecimento superior pela restante obra, Welles é visto como um cineasta maior, claramente na acepção mais nobre do termo e tendo em conta uma filmografia de altíssimo nível.

Nascido George Orson Welles a 6 de Maio de 1915 em Kenosha, estado do Wisconsin, o americano, filho de um abastado inventor e de uma pianista, foi declarado uma criança prodígio. Desde muito cedo que manifestou uma forte apetência artística, desenvolvendo o seu interesse por áreas como a música, o teatro, a pintura, a literatura (principalmente obras de Shakespeare) e até a magia. Quando jovem adolescente, Welles, com os pais já falecidos, ficou sob a guarda do médico Maurice Bernstein, tendo sido educado em escolas privadas e viajado pelo Mundo, algo que já tinha experimentado com o pai após a morte da mãe. Com o liceu concluído e a recusa ao ensino superior, perseguiu a carreira de actor, juntando-se, na Irlanda, ao grupo teatral Dublin’s Gate Players.

Mais tarde fundou com John Houseman o grupo Mercury Theatre, que actuaria em muitas radionovelas, tendo-se tornado famosíssima a recriação radiofónica que Welles fez do livro A Guerra dos Mundos de H. G. Wells, causando pânico a milhares de americanos convictos de que estavam a ser invadidos por extra-terrestres. Pouco tempo depois viria a chamada de Hollywood, abrindo-se assim as portas para que, mesmo constantemente sem liberdade artística, Welles se tornasse um enorme realizador, do qual se podem destacar filmes como: O Mundo a Seus Pés, um retrato assombroso da vida trágica de um megalomaníaco magnata realizado, produzido, co-escrito e protagonizado por um Welles de apenas 26 anos e que é considerado o maior filme da História do Cinema; O Quarto Mandamento, um portentoso drama familiar centrado na turbulência problemática que irá afectar duas famílias; O Estrangeiro, um espantoso thriller de considerável carga dramática sobre um antigo criminoso de guerra nazi que se esconde numa pequena cidade americana; A Dama de Xangai, célebre e bizarra história noir de crime e mistério protagonizada por Welles e a sua esposa de então, Rita Hayworth; Macbeth, uma das melhores versões da peça escocesa de Shakespeare, alvo de um tratamento insólito e inovador com Welles a dar à narrativa uma atmosfera surreal; Relatório Confidencial, um fabuloso e empolgante thriller carregado de mistério e de inteligência narrativa; A Sede do Mal, um dos melhores e mais prestigiados filmes noir de sempre, dotado de uma mestria ímpar na criação dos ambientes desta visceral história criminal.

Welles foi reconhecido tardiamente, foi o maior dos azarados com as bilheteiras e com a liberdade criativa, mas nada disso o impediu de ser considerado um dos mais ousados e virtuosos. Ou seja, um dos Grandes.

® Artur Almeida

6 Comments:

At 10:21 da tarde, Blogger MPB said...

Se o cinema Americano ainda existe deve-o a Orson Welles.

 
At 1:31 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Fica feito o ELOGIO:) Elogios, também é só isso que sei fazer a Welles. O último que vi dele, "História Imortal", merecia-os em grande grande escala!

 
At 1:38 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Fica feito o ELOGIO:) Elogios, também é só isso que sei fazer a Welles. O último que vi dele, "História Imortal", merecia-os em grande grande escala!

 
At 3:54 da tarde, Blogger MPB said...

Por vezes esquecido, "O Código Desconhecido" é uma das obras máxima do film noir... é cero que Welles se entrega de corpo e alma a "O terceiro Homem" de Carol Reed, mas é cero que ao lado de "Código Desconhecido" de Welles o filme de Reed é apenas mais um.

cumps

 
At 10:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Esse "Código Desconhecido", por esse título, não estou a ver qual é. Por acaso não é originalmente o "F for Fake"? Fiquei agora um pouco confuso...

Gosto muito d"O Terceiro Homem" de Reed, mas basta atentar a ainda outro de Welles para comprovar a sua mestria superior no noir: "A Sede do Mal".

Cumps

 
At 3:45 da tarde, Blogger Sam said...

Um autor visionário, anos-luz adiantado à sua época.

 

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