segunda-feira, outubro 09, 2006

A Senhora da Água

Título Original:
"Lady in the Water" (2006)

Realização:
M. Night Shyamalan

Argumento:
M. Night Shyamalan

Actores:
Paul Giamatti - Cleveland Heep
Bryce Dallas Howard - Story
Jeffrey Wright - Mr. Dury
Cindy Cheung - Young Soon


Um homem solitário encontra uma jovem que vive escondida sob a piscina de seu prédio, descobrindo que ela é um ser com poderes e que está sendo perseguida...

“A Bedtime Story, by M. Night Shyamalan”. È esta a frase promocional do filme e que resume muito bem do que se trata. Uma fábula que Shyamalan criou para as suas filhas e que a partir desse esboço construiu A Senhora da Água, (infeliz título português, como já vai sendo hábito).

M. Night Shyamalan, realizador do superlativo O Sexto Sentido, de Sinais, O Protegido e A Vila, regressa com um filme muito pouco convencional, com menos traços característicos do suspense presente nas suas anteriores películas, mas com a presença do tema recorrente em toda a sua obra: a fé na humanidade e a crença de que um ser humano tem o poder para mudar a sua vida e consequentemente influenciar a dos outros positivamente.

E em A Senhora da Água, toda a temática da fé na humanidade está presente sob a forma metafórica, centrada num condomínio fechado e num grupo de pessoas que irão ter um papel preponderante em manter o equilíbrio da paz no planeta. Todos terão de unir esforços para que o ser que aparece na piscina do condomínio não só consiga atingir os seus objectivos, como tenha a possibilidade de regressar ao seu mundo sâ e salva.

E tal como num fairy tale, cada pessoa (personagem) tem um poder especial, um poder que desconhece, mas que é fulcral para o desfecho da fábula. A criatura, uma narf, é interpretada por uma Bryce Dallas-Howard, fabulosa, quase sempre com um olhar preso no vazio, e o homem que a encontra é Paul Giamatti, também ele com uma performance segura (o que já seria de esperar). M. Night Shyamalan, com breves aparições nos seus anteriores filmes, tem desta feita uma participação como actor num papel mais longo e com maior visibilidade e importância na trama central.

Mas para o espectador apreciar Lady In The Water, tem de “entrar” no espírito da fábula e esquecer alguns pontos menos conseguidos, ou algumas coincidências de conveniência e deixar-se envolver nos sentimentos que é o que Shyamalan pretende. Pode-se dizer que muitos dos acontecimentos e/ou personagens em Lady In The Water não são verosímeis. Sim, mas é uma história ficcional de carácter metafórico e até isso é explicado ao espectador no fabuloso genérico inicial.

Não sendo um filme perfeito, nem por ventura o melhor filme de Shyamalan, pelo menos tem a ousadia de ser diferente. Confesso que após visioná-lo no cinema, tive vontade de o rever imediatamente tal é a quantidade camadas por descobrir e interligar. Com um final emocionalmente arrebatador, Shyamalan prova novamente ser um grande director de actores e conta com uma fotografia belíssima (uma vez mais) de Christopher Doyle e uma partitura sonora adequada de James Newton Howard.

Na minha opinião e sendo um dos admiradores de Shyamalan, não concordo que seja a queda do realizador. Parece-me sim que seja a ascensão a autor de um cineasta a que ninguém fica indiferente. Acredito que dentro de alguns anos Lady In The Water seja elevado a filme de culto.

® Sérgio Lopes

2 Comments:

At 10:40 da tarde, Blogger Francisco Mendes said...

A confirmação de um autor, contra raios e coriscos, sempre fiel ao seu projecto. Mais do que uma história repleta de simbologia a ser escavada em teses vindouras, esta é uma inefável carta de amor às suas duas filhas... as suas verdadeiras Ninfas.

Abraço Sérgio!

 
At 1:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu passei a colocar "Lady in the water" entre os meus favoritos de Shyamalan.

 

Enviar um comentário

<< Home