sexta-feira, setembro 09, 2005

Inferno

Título Original:
"Inferno" (1999)

Realização:
Joaquim Leitão

Argumento:
Joaquim Leitão & Tino Navarro

Actores:
Nicolau Breyner - Nunes
Ana Bustorff - Luísa
Júlio César - Ruço
Joaquim de Almeida - Xana


Como é do conhecimento geral o cinema em Portugal não é mais senão um hobby ao alcance de poucos! Ou temos dinheiro, ou temos contactos, ou então, temos utopias, como é o meu caso... já há vários anos que defendo, em conjunto com alguns amigos meus, a criação independente de filmes que, em Portugal, é algo practicamente inexistente. Uma criação independente baseada em boas histórias, amizade entre as pessoas envolvidas e amor pelo cinema. Claro que tal é muito bonito de dizer mas, como facilmente imaginável por qualquer um dos leitores, difícil de pôr em práctica.
Independentemente de tudo isso, acima de tudo o que está em causa é a criação de um número de filmes muito reduzido em Portugal e, mais do que isso, uma série de temáticas por norma muito aborrecida e que apenas agrada a um reduzido número de pessoas. Sem com isto ser minha intenção criticar o filme que por cá produzimos, que tantas pérolas já nos deu e continua a dar, o que aqui é importante ressalvar é que enquanto não for provado que os filmes portugueses podem de facto dar lucro nunca nada poderá alterar!
Então o que pode ser feito? Muito sinceramente, nada... enquanto continuarmos a produzir os mesmos filmes lentos, complexos, filosóficos, como queiram chamar-lhes, o lobby de produtores que encontrámos em Portugal se mantiver e uma grande maioria dos portugueses continuar a olhar para os filmes como uma parvoíce, amigos cinéfilos, restam pessoas como nós a tentar fazer algo mais. Esperemos que de facto tal venha um dia a acontecer... mas as perspectivas não são de facto as melhores!

É um pouco na linha do que tenho vindo a dizer que entra o filme de que hoje irei falar, Inferno. Apresentado na altura como o primeiro filme de acção português, Inferno conseguiu criar uma espectativa descomunal muito ajudado por uma grande campanha de marketing, os dois sucessos anteriores de Joaquim Leitão, Adão e Eva e Tentação, e, claro, um elenco bem apetrechado de tudo o que era actor conhecido do público. Bom, até aqui tudo muito bem, pois na altura, foi o suficiente para me convencer, pela primeira vez, a ir ao cinema ver um filme português.

O filme começa muito bem. Um pequeno flashback até aos tempos da guerra colonial para dar mote à história e, a partir daí, a história principal. Um grupo de ex-combatentes do exercito combina uma reunião de amigos para se juntarem mas, com uns copos a mais e o desejo de concretizarem uma noite memorável, tudo acaba por vir a dar uma grande confusão.
Conforme indiquei, Inferno começa de facto muito bem mas depois desse início a qualidade descai a olhos vistos. O elenco não está mau de todo, a fotografia está agradável e os meios técnicos estão à altura... o problema encontra-se, isso sim, no guião. Na tentativa de criar um meio termo entre filme drama-acção (será possível alguma vez haver novamente filmes em Portugal sem drama) a obra acaba por funcionar pessimamente tanto a um nível como ao outro. A acção torna-se patética, o drama também e acabámos por ficar com um filme que nunca decide por onde quer de facto ir.

Servindo acima de tudo como prova de que é possível criar filmes de acção em Portugal, Inferno acaba por ser uma desilusão, não só pelo filme em si mas, acima de tudo, por aquilo que poderia ter mudado no cinema nacional se o filme tivesse funcionado. Talvez numa próxima, quem sabe...

® Bruno Sá

3 Comments:

At 12:20 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Não gostei nada do filme! Não o vi no cinema, apenas na televisão. O som estava de tal maneira mal trabalhado que nos diálogos só conseguia perceber os palavrões... algo que me pareceu ser usado com bastante exagero. Esperava muito mais deste "primeiro filme de acção português", mas foi muito fraquinho, foi pena mas melhores dias virão estou certo disso!
Os meus cumprimentos a todos!

 
At 2:55 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Concordo com o André (aki o de cima LOL), quando fala sobre o som. Para além disso, é simplesmente mais um filme português que nada tráz de especial áquilo que já tinhamos visto em outros trabalhos.

 
At 11:56 da tarde, Blogger David Santos said...

era uma boa ideia.
foi bem pensado.
mas a sua concretização fica a desejar.
o tiroteio final mostra o qto os portugueses ainda tem de aprender para fazer filmes de acção.

Tenho pena que esta filme não tenha sido melhor, tinha uma boa premissa

 

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