quinta-feira, agosto 04, 2005

K-PAX - Um Homem de Outro Mundo

Título Original:
“K-PAX” (2001)

Realização:
Iain Softley

Argumento:
Charles Leavitt, baseado no livro de Gene Brewer

Actores:
Kevin Spacey – Prot
Jeff Bridges – Dr. Mark Powell
Mary McCormack – Rachel Powell


Será que estamos sós no universo? Pergunta crónica e… eterna? O mistério permanece e muitos são os que magicam e arriscam teorias. Milhentas de almas têm a sua. Até Kevin Spacey, que a proferiu numa entrevista a respeito da obra em questão: “Eu acredito que devem haver outras galáxias e outros planetas e seres. Seria demasiada arrogância acreditar que somos os únicos.” Obviamente que não há espaço aqui para absolutismos, mas também é impossível refutar o que Spacey disse a seguir: “Não é um filme grandioso. É acima de tudo um filme interior.”

Passando à história, Prot (tremendo Kevin Spacey, que actor! E pensar que Will Smith estava inicialmente previsto para o seu papel!) é um homem inofensivo, que devido a comportamentos estranhos e alheios a uma regular ideia de sanidade mental é detido e internado num hospital, mais concretamente na divisão psiquiátrica onde trabalha Mark Powell (muito competente Jeff Bridges, num registo mais contido mas sempre sóbrio), o médico a quem Prot é entregue. Powell, dada a sua experiência, acha que é apenas uma questão de tempo até vergar a teimosia de Prot ao este afirmar que é originário de um outro planeta, K-Pax. O auto-denominado extraterrestre confessa-lhe que veio numa missão de investigação e que regressará ao seu mundo antes do Verão acabar. Com o decorrer dos acontecimentos e relacionamentos idiossincráticos com os doentes da sua ala, todos estes querem acompanhá-lo no regresso a casa. No entanto, Powell é perseguido por estranhos e indefinidos pressentimentos em relação a Prot e empenha-se profissionalmente como nunca a descobrir toda a verdade, todo o mistério inerente ao homem (?) que está a perturbar enigmaticamente o mundo não sonhador do pensamento racional dos sãos que o rodeiam.

Iain Softley é claramente um nome que não diz nada a muita gente, ainda nem realizou meia dúzia de filmes. A minha pessoa, dele viu apenas mais um, o, com relativa fama, Hackers – Piratas Cibernéticos, uma película consideravelmente díspare de K-Pax, claramente a apostar no convencionalismo juvenil aproveitando para glorificar a pirataria cibernética. Felizmente aqui não é o caso.

Antes de mais, é incrível como a Academia reduziu a excelência e brilhantismo de Spacey ao nem nomeá-lo, para consagrar um Denzel Washington que de jeito, só o deu à Academia para tornar a cerimónia de 2002 numa autêntica fantochada politicamente correcta. Não é sensivelmente por causa disto, mas a minha atitude perante as estatuetas douradas já chegou a um ponto pior que a indiferença: à conveniência que os “meus” não sejam alvo de reconhecimentos tão descredibilizados. E não esquecer que o “deficiente” Sean Penn estava na corrida. Isto, a respeito de Spacey, bem, ficam os elogios. Mas quero alargá-los um bocado mais, pois K-Pax é um filme que os merece em boa escala. Pois o que podia ser transformado em sensacionalismo barato é aqui tratado como uma história com um elevado grau de humanidade. Uma fábula de ficção científica misteriosa focalizada inteiramente em personagens que irradiam o drama afectivo dos tempos que correm. Um argumento apurado na construção minuciosa de como o que nos é alheio pode ter um impacto bem marcante e decisivo naquilo que nos diz respeito da forma mais visceral. De como podemos conviver e aprender com o inexplicável. Várias são as vezes em que a verdade sobre Prot deixa de ser tão obrigatória, mesmo que nunca descurada. E este, sendo ou não extra-terrestre consegue ser tão humano no que diz respeito ao relacionamento afectivo, devido a não ter provado dos efeitos de uma existência humana regular, devido a não sentir na pele toda uma esfera de influências que desperta o nosso lado mais conflituoso e atormentado. Ou é extraterrestre ou é passado da cabeça. Às vezes devíamos ser todos assim… ou não…

4/5

® Artur Almeida

6 Comments:

At 9:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pois, andam por aí muitos ET's :P!
Agora a sério, não vi o filme mas a capa sempre me agradou...talvez arrisque!

Cumps. cinéfilos

 
At 11:56 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Vale muito a pena arriscar, SOLO, se te agradar o filme - o que acho provavel, confesso - podes ser agradavelmente surpreendido.

Cumprimentos cinéfilos

 
At 6:16 da tarde, Blogger Daniel Pereira said...

Não gostei muito do filme, mas um dia revejo. Dois actores enormes!

 
At 6:56 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não é um filme que divida muito as opiniões, dada a sua boa aceitação, mas é claro que há sempre lugar para quem não se encante lá muito. Quanto aos actores, é claro que concordo veementemente!

Cumprimentos

 
At 12:23 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Adorei!

 
At 6:12 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Vi hoje o filme na tv holywood e....um desempenho 5 estrelas para o extraterrestre!.....um filme muito bom que permite salientar que as realidades e os factos podem ter expressão em diferentes pontos de vista.....um filme para pensar...para onde foi a Bess? As pessoas não desaparecem assim de um momento para outro!

 

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