terça-feira, agosto 16, 2005

Batman Para Sempre

Título Original:
"Batman Forever" (1995)

Realização:
Joel Schumacher

Argumento:
Akiva Goldsman, Lee Batchler & Janet Scott Batchler

Actores:
Val Kilmer - Batman / Bruce Wayne
Tommy Lee Jones - Duas Faces / Harvey Dent
Jim Carrey - Enigma / Edward Nygma


O homónimo Batman de 1989, e o seu sucessor Batman – O Retorno de 1992, foram os dois primeiros grandes filmes do homem-morcego e conseguiram ambos alcançar um sucesso bastante significativo junto do público. Embora algum desse sucesso estivesse no factor novidade que as adaptações cinematográficas de b.d. representavam naquela altura (alguns anos-luz da actual onda de adaptações que o cinema vive), a verdade é que a solidificação destes dois filmes enquanto adaptações aclamadas, deveu-se maioritariamente ao realizador Tim Burton e à fiel representação que ele fez do universo sombrio e melancólico do cavaleiro das trevas. Burton foi tão exacto na fórmula que acabou por revelar ao mundo duas das melhores investidas que um super-herói já teve no exigente mundo do cinema.
Porém, a boa sorte de Batman mudou com a estreia de Batman Para Sempre, a terceira grande adaptação do homem-morcego para cinema, e o primeiro dos dois paços fatais que colocaram a carreira cinematográfica do super-heroi à beira do precipício. Burton saiu da realização, Keaton saiu da persona, e Batman saiu das trevas. Ou será que apenas lá entrou literalmente?

Tal como em Batman – O Retorno, o cavaleiro das trevas volta a enfrentar dois vilões neste terceiro episódio da saga. De um lado está Harvey Dent, mais conhecido como Duas-Caras (Tom Lee Jones tentando ser um Joker parte II), um gangster lunático que culpa Batman pela deformação de um lado do seu corpo e que toma decisões consoante a face de uma moeda que é o seu talismã da sorte. Enquanto isso, do outro lado do ringue está Edward Nigma (Jim Carrey na melhor performance do filme), um excêntrico funcionário da empresa de Bruce Wayne que tem queda por charadas, e que a meio da história se transforma em Enigma, um vilão também obcecado por destruir o homem-morcego (um Val Kilmer convicente enquanto Batman mas não como Bruce Wayne).
A contrabalançar a existência destes dois inimigos, o cavaleiro das trevas conta com o apoio de Dick Grayson (Chris O’Donnell como atracção teen do filme, e numa prestação minimamente aceitável), um jovem trapezista que vê a família morrer pelas mãos do Duas-Caras e que se junta ao super-herói na luta contra o vilão, sob o nickname de Robin; e por fim, a fazer par romântico com o milionário, existe a bela Chase Meridian (Nicole Kidman numa versão reciclada das ex-Vickie Vale e Selena Kyle), uma psicóloga apaixonada por Batman mas que ignora Bruce Wayne.

Apesar do filme estar repleto de nomes sonantes do cinema, Batman Para Sempre é a prova de que é preciso mais do que meia dúzia de actores conhecidos, um bom argumento e uma boa equipa para se fazer um filme minimamente razoável. É especialmente necessário um realizador que embora goste de dar o seu toque pessoal aos filmes que realiza, respeite minimamente a história na qual a película é baseada, de modo a evitar que bons projectos terminem em maus filmes, como infelizmente foi o caso deste Batman Para Sempre.
Ao contrário de Tim Burton que tinha uma visão precisa do universo negro a que Batman sempre pertenceu, Joel Schumacher revelou-se uma escolha infeliz para a realização do terceiro grande filme de Batman, demonstrando não possuir qualquer grama de conhecimento sobre a vida de Bruce Wayne e do seu alter-ego, e alterando para pior tudo o que Burton tinha feito e conseguido com os dois primeiros filmes da saga. Schumacher fez questão de transformar o sombrio e melancólico mundo do homem-morcego num colorido e festivo baile de máscaras com as personagens a desfilarem uniformes semi-carnavalescos, e com a clássica Gothan City transformada em cidade turística, cheia de caras alegres e bonitas e iluminada pela luz hipnotizante dos mil e um neons que o realizador fez questão de colocar no cenário para dar côr a uma cidade que se queria escura por natureza.

Batman Para Sempre foi a primeira de duas estranhas e medonhas incursões do homem-morcego pelo lado pop do cinema, criadas através da deficiente realização que Joel Schumacher prestou ao universo cinematográfico do cavaleiro das trevas. E apesar de finalmente introduzir a personagem de Robin na saga, de possuir o triplo da acção de Batman e Batman – O Retorno e de ter toda uma aura muito mais direccionada às massas do que os seus dois antecessores, Batman Para Sempre simplesmente não convence enquanto material do homem-morcego. É um filme de Joel Schumacher, uma película de 1995, e uma obra perdida algures no curriculum dos actores do elenco. Mas mais do que isso este filme não é.

Juvenil e comercial, Batman Para Sempre é um filme a evitar para quem procura ver um bom filme do homem-morcego, ou outra qualquer categoria onde o adjectivo “bom” possa aparecer. Estranhamente teve um melhor resultado de bilheteira do que o seu antecessor Batman – O Retorno, e foi nomeado para o Óscar de Melhor Som, Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Especiais. Mas felizmente, e para bem da boa reputação da Academia, e do próprio cinema em si, Batman Para Sempre não ganhou em nenhuma destas nomeações.

® Fábio Guerreiro

4 Comments:

At 10:34 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Concordo plenamente quando dizes que é preciso mais do que meia dúzia de actores conhecidos para fazer um filme. Mas hoje em dia é assim. Um elenco para chamar a atenção e um argumento pobre. "Batman - O Retorno" não é dos meus filmes preferidos de Burton, mas talvez dseja melhor do que este, já que estamos numa de comparações o pior deve ser "Batman e Robin. Neste filme Schumacher repete a fórmulda de pegar num punhado de bons actores e misturá-los com uma história pouco convincente. Á parte as críticas menos positivas até gostei do novo Batman de Christopher Nolan. Mas nem tudo é perfeito e esperam-se melhores dias para o homem-morcego.

 
At 11:17 da manhã, Blogger MPB said...

Quando se alia a perguiça e uns fetiches de realizadro, o filme sai assim :D

Joel Shumacher até fez um interessante Tigerland ou até Phone Booth, mas de resto é um realizador do mais banal que hollywood tem.

Destruiu BATMAN durante mtos anos, mas Nolan, conseguiu tirar o Homem Morcego, parcialmente das cinzas.

Cumps

 
At 10:43 da tarde, Blogger Juom said...

Pois, eu tenho de admitir que apesar de me custar ver o que Schumacher fez à saga do Batman, até nem desgosto por completo deste filme. Sim, está uns furos abaixo do que já se tinha feito antes, mas penso que até se vê bem, muito por culpa de Jim Carrey.

 
At 3:16 da tarde, Blogger Gustavo H.R. said...

Antes de ver BATMAN BEGINS, considerava esse filme apenas uma diversão passável e exagerada. Depois de BB, continuo achando exagerada, mas também infantilóide e acéfala. Concordo.

 

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