domingo, dezembro 31, 2006

Borat: Aprender Cultura da América para fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão

Título Original:
"Borat: Cultural Learnings of America for make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan" (2006)

Realização:
Larry Charles

Argumento:
Sacha Baron Cohen & Anthony Hines

Actores:
Sacha Baron Cohen – Borat Sagdiyev
Ken Davitian – Azamat Bagatov
Pamela Anderson – Ela própria


Na recta final de 2006 Borat é um dos filmes-sensação, ou não tivesse um título tão extenso como a sua sátira social, sobretudo aos Estados Unidos da América, mas também ao Cazaquistão. O culpado do sucesso desta comédia é Sacha Baron Cohen, figura conhecida do público graças ao seu programa “Da Ali G Show” exibido pela HBO.

Borat é um repórter do Cazaquistão enviado pela televisão do seu país aos EUA. O seu objectivo é aprender os costumes de um dos maiores países do mundo para depois transmiti-los “à sua gloriosa nação”. No entanto quando chega a Nova Iorque, fica deslumbrado com Pamela Anderson ao vê-la num episódio de Baywatch (Marés Vivas) e acaba por se esforçar mais em encontrá-la do que em conhecer os costumes dos norte-americanos. Borat (com o seu carregadíssimo sotaque) entrevista todo o tipo de pessoas: cidadãos comuns, minorias étnicas, políticos, feministas, rapper's, pessoas menosprezadas pela sociedade e faz-lhes as mais hilariantes perguntas.

É neste contexto que podemos ver a sátira social propriamente dita. Vemos, por exemplo, as atitudes de repúdio sobretudo dos homens americanos quando Borat tenta entrevistá-los e cumprimentá-los como se faz na sua terra: beijos. Conhece homossexuais, prostitutas, travestis, e é no seio destes “excluídos” da sociedade que encontra os melhores amigos. Sempre acompanhado pela sua equipa de reportagem, da qual se destaca o fiel e paciente Azamat, Borat vive uma série de aventuras e desventuras à volta dos EUA que fazem “vir à superfície” os mais variados estereótipos que nem sempre correspondem à realidade e preconceitos: racismo; xenofobia; ignorância em relação aos costumes dos países estrangeiros como o Cazaquistão; preconceitos para com pessoas das várias religiões, entre outros. Afinal os “U.S. and A.”, como ele diz, não são o paraíso multicultural que aparentam ser. No entanto, ao mesmo tempo, Borat não deixa de brincar com os costumes da sua terra natal: a sua irmã é a quarta prostituta mais “requisitada” do país e as mulheres não o largam, pois vêem-no como um herói.

Sacha Baron Cohen está tão bem colado à sua personagem, que muitas vezes não sabemos se o que vemos e ouvimos está mesmo escrito no guião ou é o actor a fazer uso da sua grande capacidade de improvisação. Em menos de duas horas fica feita uma hilariante comédia que toca em muitas feridas da sociedade actual. Por isso, é arriscado fazer uma comédia sobre este tipo de assuntos. Contudo o objectivo que o filme dá a entender é o “desconstruir” ideias incorrectas e transpor barreiras num cruzamento de culturas tão diversas e diferentes. Outras questões importantes são a definição do filme: consegue soltar-se das características do formato televisivo?, é um filme ou um documentário?, ou será um filme disfarçado de falso documentário? Para quem queira comentar aqui ficam estas questões.

® Isabel Fernandes