sábado, julho 16, 2005

Possessão

Título Original:
Possesion (E.U.A., 2002)

Realização:
Neil LaBute

Argumento:
Neil LaBute, David Henry Hwang & Laura Jones

Actores:
Gwyneth Paltrow - Maud Bailey
Aaron Eckhart - Roland Mitchell
Jeremy Northam - Randolph Henry Ash
Jennifer Ehle - Christabel LaMotte


"I cannot let you burn me, nor can I resist you. No more human can stand in a fire and not be consumed."


Literatura vitoriana, Inglaterra, paixão e palavras, amor e palavras. É em torno destes temas que Possessão se desenvolve.

Roland Michell (Aaron Eckhart) é um americano estudante de literatura inglesa do século XIX e encontra-se em Londres para pesquisar sobre o poeta Randolph Henry Ash (Jeremy Northan). Numa das suas idas à biblioteca consegue consultar um dos livros do poeta e é então que encontra lá umas cartas que nunca chegaram a ser entregues. Levado pelo impulso e a curiosidade Michell rouba as ditas cartas. Ao pesquisa-las apercebe-se que aquele que no século XIX era visto como o exemplo do marido ideal, era na realidade adúlturo. Porém as cartas não mostravam a quem eram destinadas e o jovem Michell pesquisa no arquivo dados que lhe possam de alguma maneira mostrar quem seria a amada de Ash.
Deste modo encontra fortes indícios de que seria Christabel LaMotte (Jennifer Ehle), também poeta, porém bissexual pois mantinha uma relação muito discreta com Blanche Glover (Lena Headey). Estes dois poetas, segundo a história oficial, nunca se tinham conhecido.
Pretendendo saber mais sobre o assunto e vendo a sua possibilidade de ter feito uma descoberta que pode mudar os livros históricos, vai ao encontro de Maud Bailey (Gwyneth Paltrow). Bailey é uma jovem pesquisadora e pertence à família de LaMotte, de ínicio despreza as descobertas de Michell, até porque é uma grande admiradora de LaMotte, do seu estilo de vida e do facto de ter assumido o seu amor por uma mulher numa sociedade ainda fechada. Mas aos poucos Bailey cede pois à medida que novas pistas vão aparecendo mais credíveis são as teorias de Michell.
Michell e Bailey ficam cada vez mais entrenhados nas cartas que Ash e LaMotte trocavam, as suas palavras e poesia acabam por os aproximar, fazendo com que a história do passado se transpusesse para as suas mãos e corações (embora com alguma dificuldade, o bloco de gelo e a dificuldade em se entregar também estão cá presentes.

Através deste filme apercebemo-nos um pouco como era a sociedade vitoriana, onde à falta de televisão e rádio a literatura era a palavra de ordem e os sentimentos eram transformados em poesia.
Também podemos nos aperceber da luta de interesses entre aqueles que trabalham no museus, na biblioteca e aqueles que vão aos leilões para obter peças raras, simplesmente pelo facto de as terem e não de as perceber. Mas ao fim ao cabo, acabam por ser sempre formas de possessão. E é sobre isso que Possessão trata, possuir coisas, possuir pessoas, possuir sentimentos, possuir paixão.
As histórias dos dois casais nos planos fundem-se como se duma única linha cronológica se tratasse. Podemos ver os locais onde os amantes vitorianos se encontravam (e os contemporâneos passeiam e investigam) e o que lhes acontecia, em seguida, de uma forma natural e sem cortes a história era transposta para o casal da actualidade.


Possessão é um filme romântico por excelência, não como uma comédia happy end, mas um final que mostra a realidade que umas vezes podemos ficar juntos e outras temos de separar, sem nunca esquecer a tal pessoa.
A história que se pensava de cada um dos poetas vê-se agora modificada, o destino de várias pessoas mudou, umas mais trágicas que outras, e apesar das palavras serem escritas em folhas que se lêem ... há sempre aquelas que podem ser levadas pelo vento...

® Inês Montenegro